Não sei por que tanto mar em minha vida.
Ele que fala sempre em despedida,
Que canta distância e solidão.
Por vezes parece até que ele vaza,
Derruba minha porta,
Invade minha casa,
Ocupa minha cama,
Lava meu chão.Ele é quem faz do leva-e-traz de cada onda
O mensageiro dos afetos separados
E que conserva segredos bem guardados
Lá no horizonte, onde a terra se arredonda.São tantos anos de tamanha intimidade,
Que carrego a forte sensação
De que o mar alterou-me a identidade:
Metade água, metade coração.
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Chão De Vento
PoetryUma obra de Flora Figueiredo Poesias Não apenas poesias mais sim reflexões da alma