a moça do vestido verde

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Discreta ela atravessa a rua em linha reta.
Todos os dias a vejo passar no mesmo horário.
O vestido ligeiramente comprido,
Cintura no lugar, bolsa na mão.
No pescoço o cordão, o cordão e o escapulário.
Ela não olha para os lados.
Para quê?
Mulheres são indecentes, homens safados.
O melhor é fingir que não se .
E os camelôs e suas barracas ilegais?
Ela arrisca um olho
Seduzida pelo barulho colorido,
E logo se arrepende e não olha mais:
Seu recato não permite resvalar no proibido.
Ontem, a moça do vestido verde deu um encontrão
No rapaz de bigodinho, pasta , perfume, colarinho;
O conteúdo da bolsa espalhou -se pelo chão.
Constrangido, ele ajudou a moça do vestido,
Pediu desculpas, beijou-lhe a mão.
Hoje, eu a vejo passar na hora certa.
A bolsa, a cintura no lugar, a postura ereta.
Ela para, olha para os lados, retoca-se no espelho.
A moça segue radiante. O vestido é vermelho

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