Entrar assim de repente,
Como se fosse perfeitamente natural
Usar a porta da frente,
Recolher o jornal,
Destravar o cadeado,
Passa muito longe do que foi combinado,
Não é bem assim:
Não lhe cabe regar as bromélias do jardim,
Alimentar o canário,
Maltratar o cão,
Rondar a geladeira, escolher a refeição,
Cochilar na rede da varanda
Como se fosse sempre final de sexta-feira,
Abusar do meu frasco de lavanda.
Evite o telefone, não responda a campainha,
Deixe no lugar a escova que é só minha,
O roupão de banho, as meias de lã.
Ao se retirar apague a luz do abajur cansado,
Mantenha o marcador no livro começado,
Esconda a chave na gaveta de segredos.
Mas ao voltar amanhã, por favor, chegue mais cedo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Chão De Vento
PoetryUma obra de Flora Figueiredo Poesias Não apenas poesias mais sim reflexões da alma