7° - Todos precisam de um herói

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Era meio óbvio o que a garota ia fazer, ela podia ser meio indiferente em relação a tudo mas lá no fundo do seu peito havia uma chama, uma chama que resplandecia a cada sinal de perigo, porque inevitavelmente ela corria em direção ao caos para tentar ajudar. Pérola era uma coisa incompreensível e espontânea e por esses e outros motivos ela era tão única.

Ela se jogou na água com um pulo e nadou velozmente em direção ao garoto, que sem forças, já estava a afundar. Mergulhou e o agarrou pelo braço e apesar do seu corpo magro conseguiu arrastá - lo normalmente até a margem. Começou a flexionar a barriga dele para fazê - lo cuspir parte da água porém ao perceber que àquilo não estava a surtir efeito, segurou suas bochechas com ambas as mãos e começou a fazer respiração boca boca para tentar reanimá - lo. Seu medo era que fosse tarde demais para isso.
A multidão ao redor dos dois não ajudava muito, a única coisa que faziam era ocupar espaço. Todos ali estavam abismados com toda a coragem (ou loucura) da jovem, a única que foi corajosa o suficiente para se jogar na água. Brendon cortou a multidão e andou desesperado em direção a irmã, se seu pai e Jerome soubessem daquilo, ela estaria encrencada.

- Pérola, você é louca?? - Indagou atônito.

- Agora não é hora pra isso, Brendon. - Pediu Patrick, agarrando o braço do amigo e o afastando da multidão.

- Você é mais louca do que eu pensava, garota. - Exclamou Rita, rindo de um jeito divertido.

O garoto que estava largado na grama finalmente abriu os olhos e começou a cuspir a água que havia bebido, a multidão começou a aplaudir, fascinados com todo o acontecimento. Pérola o encarou de forma curiosa... Seus olhos eram quase tão azuis quanto os dela.

- O que houve?? - Indagou ele, com um aspecto confuso.

- Você estava se afogando mas está tudo bem agora. - Respondeu, dando um sorriso fraco e indo em direção ao irmão. - Ok, pode brigar comigo agora.

Brendon a agarrou pelo braço e começou a arrastá - la em direção ao Jipe, Pérola revirou os olhos pela atitude rude do irmão, achando todo aquele alarde desnecessário. Os dois entraram no veículo em silêncio até ele desatar a falar:

- Por que droga você tinha que fazer àquilo?? - A encarou, numa mistura de euforia e preocupação - Você é louca, Pérola?! Você podia ter morrido!! Você sabia o que droga tinha lá?! E se você se afogasse também?!

Pérola segurou as mãos trêmulas do irmão e falou, com uma voz suave:

- Calma, não aconteceu nada.

- Mas podia!! Pérola, se eu te perdesse ... - Ele cortou a frase no meio, impedindo que lágrimas começassem a rolar pelo seu rosto pálido.

- Você não vai me perder, está tudo bem agora. - Passou a mão em seu rosto, tentando acalmá - lo. Entendia sua preocupação mas não se arrependia do que tinha feito.

- Por que você sempre faz esse tipo de coisa?? Por que você sempre tenta bancar a heroína??

- Eu não sei, eu só... Tem uma coisa dentro de mim que me faz ir até lá, uma espécie de energia ... - Ela mexia as mãos freneticamente enquanto tentava explicar o seu ponto de vista mas não era algo fácil a ser explicado. - Eu não sei o que tem em mim Brendon mas eu não me sinto uma garota normal, eu não me sinto uma pessoa normal. Entende??

- Esse assunto de novo, Pérola?? - Resmungou, batendo as mãos no volante.

- Ok, desculpe. - Concordou, cabisbaixa.

- Só não faz isso de novo, tá legal?? - Suspirou, um pouco mais calmo. - E o seu pai?? O seu pai vai te matar!! Ele pode ser um pai coruja mas com toda certeza vai te dar um castigo daqueles.

GUARDIÃ DO OLIMPO [01]Onde histórias criam vida. Descubra agora