22° - No coração da floresta

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Pérola estava deitada em uma pequena plataforma que boiava no meio do lago, sua cabeça estava entrando em colapso, tudo o que havia acontecido recentemente estava mexendo profundamente com o seu psicológico e ela não sabia até quando ía se manter firme, sentia que ía desabar a qualquer momento. Uma tristeza estranha havia se acumulado em seu peito e ficar perto das pessoa só estava a piorar tudo, mesmo que as pessoas fossem sua família. Ela precisava de um tempo sozinha com os próprios pensamentos, estava confusa e precisava reformular tudo.

Era estranho realmente estar se importando com o que os outros estavam a pensar, havia se acostumado a ignorar tudo, todos os olhares indiferentes em sua direção, todos os sussurros ao seu respeito, todo o ódio gratuito e sempre lidou bem com isso. Não era novidade ser considerada uma aberração na cidade mas os insultos estava aumentando em uma velocidade descomunal e querendo ou não, uma hora ela ía cansar de ser sempre julgada.

Como as pessoas odeiam alguém por ela simplesmente ser ela mesma?

Pérola apertou os olhos, bloqueando a luz do sol com as mãos, estava tentando entender o que estava acontecendo a sua volta mas era difícil entender tudo àquilo, tentou esvaziar a mente mas seus pensamentos pareciam aumentar cada vez mais, a fazendo ficar cada vez mais impaciente:

Aberração

Estranha

Sobrenatural

Pacto

Macabra ...

Todas essas palavras passavam por sua cabeça, a ferindo como navalhas. Por que parecia que seu estômago estava sendo perfurado por pregos? Por que ela queria chorar e não conseguía? Abriu os olhos novamente e se deixou voltar no tempo, vários anos atrás, quando ela ainda estava no primário. Fôra alí que tudo havia começado, fôra alí que os olhares de encanto se tornaram olhares de medo.

Como era possível as pessoas a amarem e a odiarem ao mesmo tempo?

Ela não se lembrava muito em que parte do ano estavam mas se lembra perfeitamente de ter 5 anos. Lembra de estar brincando ao lado da fonte quando Rita surgiu seguida pelas suas amigas, elas que desde cedo já pegavam em seu pé começaram a provocá - la, lhe dizendo coisas ofensivas enquanto lhe davam leves empurrões, mesmo criança Pérola nunca foi de se irritar fácil mas naquele dia ela ficou de saco cheio das provocações sem sentido. Levantou, estufou o peito e disse em um tom irritado:

- Saiam daqui, AGORA!!

Rita apenas riu e se aproximou mais dela e com os rosto quase colados indagou:

- Vai fazer o que se não sairmos?

Pérola respirou fundo e a encarou, com um olhar flamejante.

- Não queira saber.

- Mostra, estranha!!

- Eu não quero briga mas você está me irritando.

- Não quer briga mas conseguiu.

Rita a socou no estômago, não havia doido nem um pouco mas para Pérola os limites haviam sido ultrapassandos no momento exato em que foi tocada. Ela serrou o punho, prestes a lhe dar um soco bem no meio da cara porém algo totalmente inesperado aconteceu. Conforme sua raiva aumentava as águas da fonte atrás de sí se elevavam, como se estivessem seguindo o seu ritmo. Pérola inferiu o golpe mas seu soco não chegou a atingir sua oponente pois as água pareceram tomar vida, a erguendo metros acima do chão, Rita gritou, tentando se soltar mas as águas começaram a envolvê - la como cobras, fazendo uma espécie de bolha ao seu redor e lhe tirando todo o ar. Pérola olhou pras próprias mãos. Ela havia feito àquilo?

Mexeu uma das mãos para direita e a água seguiu seu gesto, ainda mantendo Rita como prisioneira. Pérola fez a bolha dar algumas voltas e depois a fez descer, soltando Rita bruscamente no chão. Rita tomou fôlego, cuspindo toda a água que havia engolido e a encarou, com um olhar de surpresa. Todos os olhares estavam voltados para Pérola mas a pequena apenas deu de ombro e voltou a brincar, como se nada tivesse acontecido.

Depois daquilo, a cada dia, coisas mais estranhas aconteciam. Ela controlava a água por um certo tempo, levantava coisas que uma criança não devia conseguir levantar, conseguiu domar qualquer tipo de animal, ficava horas embaixo dágua...

Pérola sentou, encarando a água serena do lago. Ela tinha uma ligação forte com aquele lugar e sabia disso. Talvez aquele lago lhe desse a resposta... A resposta para a sua maior dúvida: O que ela realmente era?
Arrancou os sapatos, largou o celular de lado e se jogou na água, se permitindo afundar até o fundo. Tocou a areia com os pés e abriu os olhos, observando tudo ao seu redor. Os peixes, as pequenas plantas, tudo tão familiar quanto se lembrava. Começou a nadar pelo local, completamente submersa até se cansar daquilo e voltar à superfície.

Sentou na plataforma, passando a mão pelos cabelos molhados, apesar do mergulho ter sido relaxante a sensação de melancolia ainda se mantinha firme em seu peito, se recusando a ir embora. Seu celular tocou, haviam chegado algumas mensagens. Pérola desligou o aparelho e o arremessou no meio da água, tomada pela frustração. Colocou os sapatos e nadou até a borda. Ela precisava ficar longe ou enlouqueceria. Esperou sua roupa secar e começou a correr, entrando na parte mais fechada da floresta negra.

[ • • • ]

Connor estava cansado de andar em círculos então sentou - se em uma pedra e tentou discar o número de Pérola mas novamente a operadora informou sobre o aparelho estar fora de área. Ela havia desligado o celular? Não conhecia nada daquela floresta, tinha sido uma enorme burrice entrar nela, ainda mais com uma mata tão fechada mas não saber o porque de Pérola o estar evitando o estava enlouquecendo. Na verdade ela parecia estar evitando todo mundo desde incidente com a garotinha, a tal Sophie... Não importava o que as pessoas fisessem, ela sempre dava um jeito de sumir.

- Ok, lá vamos nós de novo. - Suspirou e voltou a andar. A noite já começava a cair, deixando aquelas árvores mais sombrias do que antes e o fazendo pensar cada vez mais na ideia estúpida que teve.

##

chegando a hora da verdade!! Logo a Pérola vai saber sobre o que ela realmente é e saber sobre a sua grande responsabilidade com o Olimpo. Qual será a reação dela? E quais serão as consequências dos seus atos ?!

GUARDIÃ DO OLIMPO [01]Onde histórias criam vida. Descubra agora