GUARDIÃ DO OLIMPO [01]

4° - O destino não segue regras

Algumas pessoas não acreditam em destino, tampouco em amor mas a vida por mais complexa que seja, sempre acaba te fazendo uma surpresa, algo que pode mudar a sua vida por completa ou algo que pode destruí - las em uma fração de segundos.

Seria só um dia normal de trabalho, se eles não tivessem ouvido o choro. Jerome teria continuado na sua vida pacata e vazia se Pérola não houvesse surgido em sua vida e preenchido seu velho coração com amor. Lauren continuaria negando, tentando matar o amor que sentia por alguém cujo não sabia que era seu, ela iria pra faculdade, casaria e passaria a vida toda mentindo pra si mesma e dizendo que estava feliz.

A cidade continuaria esquecida e alguns anos depois seria demolida para a construção de prédios e rodovias. Os moradores continuariam com suas mentes fechadas e o mundo, viraria em caos cada vez mais e mais. Porém, nada aconteceu como devia ou melhor, como não devia, pois Pérola chegou e com toda a sua luz e espontaneidade mudou tudo, dando finalmente um rumo para àquele pequeno pedaço de mundo.

Jerome e Lauren começaram a dividir a mesma cabana para que assim ambos pudessem revezar entre os cuidados com Pérola e o trabalho. Pouco tempo depois eles já estavam completamente apaixonados pela menina. Era impossível não ficar encantado : O riso, a esperteza, a doçura, o jeito espontâneo... Era como se houvesse uma luz mágica dento dela, afastando todas as más vibrações ao redor. Desde àquele dia, quando Lauren mentiu sobre ter um encontro com amigos e foi embora, nenhum dos dois voltou a mencionar qualquer assunto que envolvesse sentimentos, ambos agarrados firmemente ao orgulho, por mais que àquilo os destruísse todos os dias, a cada segundo, por mais que parecesse que facas estavam sendo enfiadas em seus corações todas as vezes que eles cruzavam olhares. Nenhum dava o braço a torcer.

A caixa que Jerome pretendia entregar a Lauren acabou indo pro sótão, junto com outros objetos velhos e lá ela ficou guardada, perdida no meio do caos, assim como o amor que alí havia sido colocado.

AS PRIMEIRAS PALAVRAS

Pérola era uma criança esperta, agitada e curiosa, seguía tudo e todos com os olhos e encarava as pessoas como se pudesse entendê - las. Ela tinha apenas 8 meses quando disse a primeira palavra. Lauren havia acabado de adentrar no local, quando a pequenina disse, com a voz mais meiga do mundo: Mamãe!!

A CAIXA

Pérola tinha quatro anos, estava brincando de esconde - esconde com Brendon, o filho de Luke, quando resolveu se esconder no sótão e por obra do destino, encontrou a caixa. Na mais pura inocência, correu para "Tia", cujo seu pai proibia que ela chamasse de "Mãe" e exclamou, com ar orgulhoso:

- Eu achei um tesouro!! Um tesouro pirata!!

Lauren pegou a caixa de madeira e teve a impressão de já tê - la visto antes. Era dourada e tinha rosas entalhadas na sua tampa, foi então que ela se lembrou de já tê - la visto nas mãos de Jerome uma vez mas não lembrava quando... Ao abri - la seus olhos se encheram de brilho, levantou  a cabeça quando viu Jerome adentrar o local.

- Você ía me dar esse anel? - Indagou enquanto observava o anel brilhante e delicado dentro da caixa. Ela pegou uma carta que também havia alí e começou a ler, seu coração saltitou rapidamente e sua garganta formou um nó.

- E-eu ... - Jerome suspirou e se aproximou dela. - Eu ia.

- Jerome, você sentia algo por mim? Por que você não me falou!! Eu pensei que...

Ele a encarou sério e exclamou, o mais ríspido possível:

- Sentia. Mas agora é passado então deixe essa caixa para lá.

- Ah, claro. Eu só não queria que você ficasse machucado, já que eu não sinto o mesmo. - Mentiu, falhando levemente ao falar.

- Não? Está na cara que você ainda sente algo por mim!!

- Pérola, vai brincar com o Brendon, ok?

Pérola concordou e correu a procura do amigo, Lauren se virou para Jerome, o encarando séria e disse, em um tom magoado:

- Eu estou cansada de abrir mão das coisas pelos outros, ainda mais por você. Eu deixei de ir a faculdade dos meus sonhos para te ajudar com a Pérola e você ainda me trata tão friamente?! Eu não vou ficar aqui ouvindo isso.

Ela se levantou e andou em direção a porta, sentindo cada pequena parte do seu corpo ser tomado pela raiva, descidida a ir embora de vez, decidida a desistir de tudo aquilo. Estava prestes a entrar no carro quando foi gentilmente puxada pelo braço, tendo os braços firmes do homem envolvendo sua cintura. Logo os lábios fartos do loiro foram em encontro ao seu, os tomando para si com fervor e paixão e todo o amor que tanto escondia. Lauren assustou -se, ficando completamente sem reação por alguns segundos, gritando a sí mesma para ir embora, para sair dalí ... Mas seu corpo não lhe deu ouvidos. Fechou os olhos e envolveu os seus braços ao redor do pescoço de Jerome, o segurando como se toda a sua existência dependesse disso. Uma sensação prazerosa passava pelos seus copos todas as vezes que suas línguas se tocavam, quando finalmente o soltou, o empurrou para longe de si e entrou no carro, batendo a porta com força. Estava apavorada, confusa... Sabia que Jerome não a amava tal como amou Laura e isso lhe magoava mais do que não poder tê - lo.

- Lauren!! - Chamou, sem entender o porque dela ainda estar indo embora. Tomada pelas lágrimas, fechou parte do vidro e disse antes de acelerar o carro e partir em direção a Berlin:

- Eu sinto muito, eu ... Eu te amo mas não suporto ser a sua segunda opção, você ama a Laura mais que sua vida e ela sequer está viva. Se despeça da Pérola por mim.

Jerome gritou e tentou correr atrás do carro mas suas tentativas falharam. Ele caiu de joelhos na terra e levou as mãos ao rosto, nenhuma lágrima caiu mas em compensação, ele se sentia mais morto que nunca, como se um demônio estivesse comendo seus órgãos por dento. Por conta de todo o seu orgulho, ele nunca mais veria Lauren.