Pérola não sabia bem como àquilo havia acontecido, não sabia nem como foi capaz de entrar no meio dos dois tão rápido ao ponto de impedir que a briga sequer chegasse a acontecer. Realmente desconhecia toda aquela força e velocidade e estava abismada com tudo àquilo...
Ela simplesmente sentiu algo queimar dentro do seu peito e quando deu conta já estava no meio dos dois segurando a mão de Patrick com a sua. Por um momento ela se sentiu feliz, surpresa com suas habilidades, isso até o momento seguinte quando percebeu o que aquilo podia ter causado.- Patrick, eu machuquei você? - Indagou, sentindo o estômago se contrair como se alguém a houvesse golpeado. Soltou a mão do garoto rapidamente, dando pequenos passos para trás.
- Eu acho. - Respondeu, pausadamente. Ele parecia tão surpreso quanto ela, os dois se encarando igualmente assustados.
- Eu acho que você torceu a mão. - Exclamou Connor, não demonstrando irritação por ele ter tentado socá - lo.
- Como? Isso não tem lógica. Eu não sou tão forte a esse ponto. - Pérola se negava a acreditar, era quase impossível até porque ela só abriu a palma da mão e segurou o soco.
- Você é mais forte do que imagina.
Ela o encarou com um olhar assustado, Connor havia falado àquilo com tanta certeza, como se a conhecesse melhor que ela mesma... Seu corpo se arrepiou por inteiro mas logo sua atenção se voltou para Patrick novamente. Se ele havia torcido a mão, precisavam levá - lo ao hospital.
[ • • • ]
Pérola estava sentada em um dos bancos da recepção, em prantos, seus olhos estavam completamente vermelhos e o seu lápis de olho havia saído por completo, deixando finas manchas pretas em suas bochechas. Brendon estava em pânico, não importava o que ele dizia, o que Rita dizia, nada conseguia fazer Pérola parar de chorar.
Ela nunca havia chorado tanto assim, com excessão da vez que Brendon era pequeno e quebrou a perna ao cair de uma árvore. Ela havia chorado desde o momento em que o viu caído no chão cheio de sangue até o momento em que Luke finalmente terminou de atendê - lo e sentou para explicar que ele estava bem e que não havia se machucado tão gravemente. Talvez ela estivesse chorando desse jeito porque dessa vez ela tinha uma certa culpa, diferente da vez que ele quebrou a perna...
- Pérola!! Não chora desse jeito, eu já disse que você não teve culpa, ele torceu a mão porque tinha de acontecer. - Exclamou, enquanto passava a mão nas costas da irmã no intuito de acalmá - la. Mas não importava, quanto mais ele falava, mais ela chorava.
- Brendon... - Rita o chamou, com a voz repleta de impaciência.
Ele a encarou. Rita o agarrou pela mão e se afastou um pouco, deixando Pérola aos cuidados de Connor e Maycon. Rita estava completamente gelada, olhou Pérola mais uma vez e começou a falar, sussurrando para que apenas o garoto ouvisse:
- Nós precisamos fazer alguma coisa para ela parar de chorar, ela é um amor com todo mundo... É uma tortura vê - la tão mal assim. - Exclamou, com os olhos lacrimejados.
- E eu não sei?! É horrível vê - la assim mas o que eu posso fazer? Eu já tentei de tudo. - Ele suspirou, atônito. - Ela não é do tipo que chora fácil, o chorão da família sempre fui eu. Eu me sinto horrível por não ser capaz de deixá - la bem novamente ... Cara, ela sempre sabe como me deixar bem, era o mínimo que eu poderia fazer.
Brendon suspirou, seus olhos também estavam lacrimejados. Ele odiava ver a irmã chorar, era como se alguém houvesse arrancado seu coração e deixado um buraco enorme no lugar. E o pior era não conseguir fazer nada para deixá - la mais calma.
- Não é culpa sua. Pra falar a verdade não é culpa de ninguém. - Rita pôs a mão em seu ombro, o reconfortando. - Você é um ótimo irmão, ela sempre deixa isso claro então não se culpe assim.
Brendon deu um sorriso fraco e concordou. Ok, ele havia tirado conclusões precipitadas sobre Rita, ela realmente parecia ser tão gentil quanto Pérola havia falado. Talvez devesse começar a lhe dar uma segunda chance também afinal não era a pessoa mais "certinha" do mundo e tinha ciência de que era meio tóxico as vezes, devido ao seu hábito de ser super protetor.
- Bom, melhor a gente voltar, ela precisa do máximo de apoio possível.
Rita concordou. Os dois sentaram nos outros bancos vazios que ficavam perto da menor, ambos pensando no que fazer para deixar o ambiente mais leve. Connor se encontrava sentado de frente para Pérola, segurando suas mãos e as acariciando, ela ainda se encontrava chorando mas aos poucos seu choro ia desaparecendo e as palavras doces do garoto íam lhe deixando mais tranquila. Luke surgiu no corredor trazendo Patrick consigo; ele estava com a mão enfaixada.
- Ele vai ficar bem, não é nada grave. - Exclamou Luke dando um sorriso fraco. Luke usava seu velho jaleco branco e trazia na mão uma panilha marrom, seus cabelos ainda eram do mesmo castanho caramelo. O japonês possuía a mesma expressão serena de sempre no rosto. Não importava quando tempo passava, ele continuava sendo o mesmo Luke de sempre: com seu jeito calmo, seus conselhos sábios, o único médico do hospital de Montana, loucamente apaixonado por Lis, sua esposa.
- Ouviu Pérola?! Ele vai ficar bem. - Rita encarou a amiga, implorando a Deus para que ela parasse de chorar. Foi o mesmo que nada, Pérola se sentia transbordando de culpa e por mais que tentasse, ela não conseguia não se sentir responsável pelo acontecido.
- Ah, baixinha. - Exclamou Luke, se abaixando na frente dela e secando seu rosto com uma das mãos. - Não fique assim, acidentes acontecem o tempo todo mas amigos sempre voltam a se falar mesmo depois deles. Confie em mim.
Ela secou o rosto e deu um sorriso fraco em direção a Luke, levantou o olhar e encarou Patrick, ele estava friamente sério, o que a preocupava mais ainda... Pérola se levantou e foi até ele que permaneceu com a feição rígido, fazendo questão de encará - la diretamente nos olhos. Sentia - se trocado e queria que Pérola entendesse o quão isso lhe doía.
- Patrick...
Ele revirou os olhos, se virou e foi embora, a deixando para trás se sentindo mais culpada do que antes. Luke fez uma expressão de reprovação e andou em direção a Pérola, a envolvendo em um abraço acolhedor. Luke era do tipo que raramente demonstrava afeto através de contato físico mas sabia quando devia fazê - lo.
[ • • • ]
- Como ela está? - Indagou Connor logo que Brendon surgiu no topo da escada.
- Melhor. Ela até dormiu.
- Que ótimo!! - Exclamou Rita, dando um suspiro aliviado. - Quem já estava prestes a chorar era eu.
- Eu não conheço aquele cara direito mas foi bem idiota da parte dele. - Connor deu de ombro e sentou no sofá ao lado de Rita, Brendon sentou ao lado dele, suspirando. Estava chateado com tudo aquilo.
- Eu conheço... Acho a atitude mais idiota ainda.
- Aquilo foi totalmente infantil. - Completou Rita. - Sabe, ver que ela está mal e ir embora sem falar nada. Tive vontade de chutar a cara dele.
Brendon deu uma gargalhada curta, levantando - se e seguindo em direção a cozinha. Abriu a geladeira e passeou o olhar por parte dos ítens presentes alí, pensando no que iria pegar.
- Querem comer alguma coisa e esperar ela acordar ou o quê?
- Estou faminta. - Exclamou Rita, andando em direção a cozinha logo sendo seguida por Connor.
- Se tiver algo doce, eu aceito.
- Cara, você está falando da casa da pessoa mais doçolatra do planeta. Qualquer canto que você olhar tem doce.
Os três sorriram e sentaram nos bancos do balcão comendo biscoitos e alguns docinhos enquanto conversavam sobre coisas aleatórias. Connor se sentia disperso mas não comentou nada, apenas fingiu fazer parte daquilo. Esperava que ao acordar, Pérola estivesse melhor mas ficaria a noite inteira ali se preciso, não se importava em passar a noite em claro desde que ela ficasse bem.
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GUARDIÃ DO OLIMPO [01]
FantasyUma criação. Única, fantástica e um tanto perigosa. Uma única criança, desde o berço carregando o fardo de ser a futura protetora do Olimpo. Ungida com o sangue de sete dos doze Deuses : Zeus, Ares, Poseidon, Afrodite, Atena, Apolo e Héstia, foi en...