11° - Connor

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- Prazer, eu sou Con...

- Ele é o menino que você salvou Pérola, é menino do lago!! - Rita gritou histericamente, ficando boquiaberta logo em seguida. Connor sorrio, completamente sem graça.

- Rita... - Pérola lhe deu uma cotovelada discreta na barriga.

- O que foi? Eu só queria avisar, oras. - Levantou os braços no ar, em defensiva.

- Mas não precisava berrar desse jeito. - Pérola fitou os próprios pés, sentindo as bochechas corarem.

- Mas ela tem razão, por isso estou aqui. - Connor sentou na grama pouco a frente delas, seus olhos eram ainda mais azuis quando vistos de perto, do tipo difícil de parar de olhar. - Eu vim te agradecer.

- Sem problemas, eu fiz o que qualquer pessoa faria. - Pérola pôs a mão atrás da cabeça como sempre fazia ao se sentir desconfortável, tinha pegado esse mania com o pai.

- Não foi o que eu vi não, minha filha!! - Rita fez sua típica expressão de euforia, exagerada. Pérola revirou os olhos, querendo enfiar sua cara na grama igual um avestruz tem a sorte de poder fazer. Rita tinha a incrível habilidade de ser sincera nas horas menos apropriadas.

- Bom, mesmo assim obrigado. - Ele sorriu e estendeu um embrulho marrom na direção da garota. - Eu ia te comprar rosas mas parecia muito íntimo. Então comprei isso...

- O-obrigado, não precisava.

Pérola pegou o embrulhado e o rasgou calmamente. Era um livro. Deu um sorriso involuntário, talvez largo de mais... Sempre ficava extremamente feliz quando ganhava um livro novo e sempre achava livros os presentes mais encantadores a se receber. Era como se a outra pessoa estivesse a te oferecer um pedaço do mundo dela, entende? Controlou o impulso de tirá - lo do plástico apenas para sentir aquele cheirinho gostoso de página nova. Ah, como ela amava aquele cheirinho!! Amava tanto, que se houvesse perfume com tal cheiro compraria um e sairia borrifando pela casa.

"Caixa de pássaros " leu o título mentalmente, louca para descobrir em que aventura embarcaria dessa vez. Um mundo medieval, cheio de dragões e cavaleiros? Um mundo tecnológico onde existem mais robôs do que humanos? Ou o mundo normal em um drama magnífico e envolvente ?

- Obrigado. Eu amo ler!! - Exclamou, nitidamente animada.

- Eu também. - Ele sorriu de lado. - Eu já li esse, é muito bom.

- Sobre o que é o livro?

- Suspense. A moça da livraria disse que é um dos que você mais compra.

- A Elena? Esteve na cidade vizinha?

- Bom, como aqui não tem livraria... - Ele deu de ombro.

- Gentileza sua. Eu sempre compro livros novos quando vou em Calgary, a nossa cidade não tem tantas opções quanto lá.

- Eu gosto de Montana, é uma bela cidade.

- Eu também gosto daqui, só acho que poderia ter ao menos uma biblioteca...

- Bom, eu vou procurar os meninos, já vi que tô sobrando. - Rita deu um beijo na bochecha de Pérola e começou a andar em direção aos trailers, seus saltos afundando na grama fizeram Pérola ter vontade de rir. Ela sempre odiou saltos, gostava mesmo era de tênis e coturnos, mais confortáveis e mais práticos, pensava.

- Rita!! Ei, volte aqui!!

Rita deu um sorriso sugestivo e sumiu entre os veículos, sem dizer mais nada. Pérola revirou os olhos, um tanto irritada por ter sido deixada alí, com um garoto ... Ela não sabia como agir perto de garotos.

- Sua irmã?

- Amiga. Eu não tenho irmãs.

- E irmão?

- Mais ou menos. Digamos que sim.

- Como assim? - Ele franziu a testa.

- É que nós não somos irmãos de sangue mesmo, sabe? A minha família é meio... Hm, como eu vou explicar... - Deu uma pausa um tanto longa e continuou. - Eu sou adotada e os amigos do meu pai cuidam de mim como se eu fosse filha deles também. Entende?

Connor sorrio em compreensão e sentou - se ao lado dela, empunhando alguns fios de grama entre os dedos. Ela o encarou, sem enteder o motivo do riso. Talvez por ela não ser boa em explicações...

- Isso meio que aconteceu comigo também. Eu também sou adotado.

- Sério?

- Sim.

- Isso é legal. Digo, conhecer alguém que também é adotado.

- Eu não vejo problema nenhum nisso.

- O sangue gera parentes mas somente a lealdade faz uma família.

- Onde você viu isso? - Connor a encarou, um tanto curioso.

- Em algum livro, eu acho. - Deu de ombro.

- Sábias palavras.

- Acho melhor eu procurar o meu irmão ... - Ela levantou, limpando a grama da roupa. - Ele é do tipo paranóico, se eu sumo um segundo ele já acha que fui sequestrada. - Pérola riu.

- Tudo bem, nós vemos por aí.

- É, nos vemos por aí. Obrigada de novo. - Gritou, antes de sumir em meio aos carros. Connor apenas sorriu e ficou observando a calmaria do lago, no mais harmonioso silêncio. Ele tinha que conquistar a amizade daquela garota e logo...

GUARDIÃ DO OLIMPO [01]Onde histórias criam vida. Descubra agora