Uma criação. Única, fantástica e um tanto perigosa. Uma única criança, desde o berço carregando o fardo de ser a futura protetora do Olimpo.
Ungida com o sangue de sete dos doze Deuses : Zeus, Ares, Poseidon, Afrodite, Atena, Apolo e Héstia, foi en...
Agora todos estavam reunidos na sala de estar da cabana com uma xícara de chá na mão e a atenção voltada para Pérola que por odiar chá estava a beber achocolatado, totalmente despreocupada. Sentou - se no carpete ao lado Brendon, sem fazer ideia do que o assunto se tratava, Lis servia bolo de morango para tentar amenizar o clima pesado que se encontrava o ambiente, o que acabava ajudando um pouco. Jerome tomou fôlego e começou a falar:
- Pérola, o que eu vou falar agora não muda nada em relação ao amor que sentimos por você, nada mesmo!! Nós ainda te amamos na mesma intensidade. - Proferiu de forma calma, como costumava fazer quando a filha era apenas uma criança e acabava se metendo em alguma encrenca na escola. De certa forma, Jerome ainda a via como uma.
- Não muda nada mesmo querida, nós te amamos. Muito!! - Acrescentou Lis, a beijando no topo da cabeça afetuosamente. Brendon encarou Jerome, depois a mãe e então o pai, que não havia se pronunciado até o atual momento, buscando entender porque estavam falando daquela forma estranha.
- Nós íamos te contar depois do seu aniversário de 16 anos, que é daqui a algumas semanas mas achamos melhor contar logo.
- Onde vocês querem chegar com isso??
- Tenha paciência, Brendon.
- Eles querem dizer que eu sou adotada. - Pérola explicou normalmente enquanto comia uma pedaço da sua torta, rindo da expressão de surpresa do pai e de Lis. Os dois se entre olharam, como se estivessem planejando silenciosamente o que falar dalí em diante, já que o plano de "ir devagar" havia ido por água abaixo.
- Bom, isso é verdade mas isso não muda nada mesmo querida. - Lis estava visivelmente nervosa, voltando - se para Luke em busca de algumas palavras de apoio, frustrando - se ao receber apenas um riso divertido em resposta. - Então não precisa se sentir excluída ou diferente, pois você não é.
- Isso mesmo. - Jerome concordou. - Se você quiser falar sobre o que está sentindo...
Pérola repousou o pequeno prato ao seu lado e após limpar o canto da boca com o indicador deu uma gargalhada divertida, demorando alguns minutos até que ela parasse de rir. Ninguém entendeu o motivo do riso, exceto Luke. Depois de secar as lágrimas ela falou, tentando não voltar a rir:
- Gente, não precisa de todo esse alarde, eu já me toquei disso faz tempo. Está tudo bem.
- Mesmo??
- Eu disse que ela era uma garota esperta. - Exclamou Luke, rindo da confusão da esposa e do melhor amigo. - É óbvio que ela sabia.
- Já sabia sim e as pessoas comentam, então né... - Deu de ombro, pouco se importando com aquilo.
- Por isso você sempre comenta sobre se sentir diferente??
- Mas eu sou diferente, pai. - Ela sorriu. - Todos nós somos, por isso nossa família é tão incrível.
- Não está brava ou triste ou com raiva?? - Lis questionou, ainda preocupada. Assim como Jerome, era bastante protetora quanto ao filho e Pérola e temia que a mais jovem se sentisse mal ao descobrir sobre a verdade.
- Não. - Pérola negou com a cabeça. - Por que estaria?? Vocês são a melhor família que alguém poderia ter, eu não pediria por mais nada.
Lis e Jerome começaram a rir, por todo àquela preocupação desnecessária. Brendon ainda estava um pouco confuso mas procurava entender toda a situação confusa, se perguntando como não havia pensado sobre isso antes.
- Então ela não é filha da Lauren e do Jerome?? - Indagou, franzindo a testa.
- Eu e Lauren nunca fomos nada além de amigos. - Explicou Jerome, sentando no sofá.
- Ah... - Brendon concordou com a cabeça.
- Tudo bem, Brendon ?? - Indagou Pérola, o observando com uma careta.
- Nós somos a família mais louca possível.
- Pai, como foi que você me encontrou??
- É uma longa história. - Deu de ombro, sorrindo com nostalgia ao lembrar de como tudo começou. - Eu estava trabalhando e ouvi o seu choro. Quando eu fui ver o que era eu avistei você no meio de um lago congelado. Aí eu peguei você no colo e levei para o hospital.
- E como você entrou no lago, se ele estava congelado??
- Eu não entrei. - Ele coçou a cabeça. - O Raj entrou.
- O meu lobo?? - Ela franziu a testa.
Jerome começou a explicar toda a história detalhadamente, incluindo o fato do seu lobo de estimação ter entregado a cesta pra ele e incluindo a coincidência de 5 anos depois encontrar o mesmo lobo brincando com ela ao lado da floresta Grimm. Ele era seu "bichinho" de estimação desde então, e raramente não estava por perto para garantir sua segurança.
- [...] Aí depois que eu roubei você do xerife a Lis, o Luke e a Lauren me ajudaram a criar você.
- Uau. - Pérola fez uma feição surpresa, achando tudo aquilo meio maluco.
- Bom, foi assim que aconteceu.
- Quem quer ver um filme?? - Sugeriu Lis, enquanto recolhia as xícaras e servia mais torta aos presentes.
- Eu!! - Responderam todos de forma animada. E tudo voltou ao normal como se aquele assunto nunca tivesse sido tocado.
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Já era madrugada e Pérola não parava de rolar na cama, cansada de tentar dormir e não conseguir, andou até o armário para pegar um casaco, saltando a janela do seu quarto e indo em direção a pequena trilha que levava para a casa de Luke. Praticamente toda a trilha passava pela floresta mas nunca foi do tipo que sentia medo ao andar por lugares assim. Ouviu o som de passos a seguindo e ao se virar deu de cara com um enorme lobo de pele acinzentada, o olhar feroz do animal a fitou, o vento frio batendo nos galhos das árvores provocava estalos estranhos, ela sorriu e acariciou a cabeça de Raj, o vendo fechar os olhos calmamente.
- Oi Raj, eu estava indo na casa do Brendon.
O lobo abaixou a cabeça, como se pedisse outro carinho, Pérola o abraçou e voltou a andar pela trilha; O enorme animal andava ao seu lado em passos silenciosos. As árvores da floresta negra, no trecho em que se cruzavam com a floresta Green sempre eram sombrias mas a noite elas ficavam bem mais assustadoras. Pérola parou em frente a enrome casa amarela, fez um último carinho em Raj e começou a subir pelas trepadeiras, pulou na sacada e deu algumas batidinhas na janela.
- Não consegue dormir?? - Indagou Brendon, sonolento, enquanto abria a janela e dava passagem para que ela entrasse.
- Não. - Deu de ombro.
- Excesso de pensamentos?? - Indagou, dando um sorriso fraco e voltando para cama.
- Meio que isso. - Jogou o casaco de lado e deitou ao lado dele, agarrando uma parte da coberta e a jogando sobre seu corpo. Desde pequena sempre teve mais facilidade de dormir quando estava acompanhada, sempre dando um jeitinho de dormir com o pai e parte das vezes com Brendon. Se sentia mais tranquila, de tal forma. - Boa noite.
- Boa noite. - Sussurrou, começando a fazer cafuné em sua cabeça até que ela pegasse no sono, acabando por adormecer pouco depois.