GUARDIÃ DO OLIMPO [01]

23° - Na escuridão da noite

Brendon estava sentado no sofá da casa de Jerome com uma feição emburrada, ele não achava certo o que seu tio estava fazendo, como pai ele devia estar preocupado com Pérola pelo fato dela estar fora de casa um hora dessas além de ser perigoso andar por florestas cheias de animais selvagens ela não atendia o celular de jeito nenhum. Seu coração estava explodindo de preocupação.

- Toma, bebe isso. - Ofereceu Jerome, sentando ao lado do sobrinho e lhe entregando uma xícara de chá. Brendon resmungou mas aceitou a bebida.

- Tio, eu só acho...

- Uh-uhm. - Jerome o interrompeu, balançando a cabeça em negativa. - As vezes você é muito super protetor, Brendon. E olha que quem estar a falar isso sou eu, o pai mais ciumento existente.

- Mas olha a hora!! - Insistiu, apontando para o relógio na parede. - Ela saiu a tarde, já devia estar aqui. Ela sempre fala quando vai sair, mesmo que não especifique pra onde, mas dessa vez nem isso...

- Ela me avisou onde ía, caso você não saiba. - Jerome deu de ombro, com cara de desdém.

- O quê?! E pra onde ela foi? Por isso está tão tranquilo?!

- Brendon... - Jerome repousou sua caneca de café na mesa de centro, depois se virou pra ele e disse, o mais sútil possível. - As vezes as pessoas precisam de tempo. Chega um certo ponto da vida, que precisamos parar para esclarecer para nós mesmos quem realmente somos e o que realmente queremos, é isso que a Pérola está tentando fazer, ela está tentando se achar. Então, pare de ser um carrapato.

Brendon o encarou com uma expressão repleta de indignação, Jerome deu uma gargalhada depois pôs a mão em seu ombro em forma de consolo.

- Não me leve a mal, você é um ótimo garoto mas se eu estivesse no lugar da Pérola, em certos momentos, eu já teria te dado um soco.

- Obrigado pela sinceridade e pelo apelido carinhoso. - Sorriu, irônico. - Luke 2°.

- Acredite, quem ensinou aquelas boas respostas a ele fui eu. - Jerome deu uma piscadela amigável.

- Engraçado que ele diz o mesmo.

Ele riu, agarrou a caneca de café e a esvaziou em um único gole antes de levantar e após pegar o casaco rumar em direção a saída, planejando terminar alguns afazeres.

- O que eu realmente quero dizer é que você precisa confiar mais nela, Brendon. Ela sabe o que faz e sabe se defender sozinha. Ela é melhor em briga do que você, caso não tenha percebido.

- Obrigado novamente pelo elogio.

- Não tem de quê.

- Mas fique sabendo que se ela se perder, a culpa vai ser sua por não me deixar ir atrás dela.

- Até parece né, Brendon? - Jerome riu, parando ao lado da porta semi aberta. - A Pérola sabe andar por essas bandas melhor do que ninguém. Ela nunca se perdeu quando era criança, não acho que vá se perder agora.

- Eu só acho que...

- Se me permite, eu vou ver a minha noiva em vez de ouvir os seus resmungos de bebê chorão. Feche a porta quando sair.

E saiu, batendo a porta atrás de sí, enquanto deixava Brendon resmungando sozinho.

• • •

Pérola estava sentada em cima da sua velha casa na árvore, feita sobre um carvalho que ficava no coração da floresta; ela mesma havia feito a casa quando criança (com uma ajuda do pai, é claro). Sempre gostou de ficar sozinha alí fingindo ser uma pirata ou uma piloto de avião, era legal imaginar esse tipo de coisa, o problema é que a realidade não chegava a ser tão incrível quanto a sua imaginação e as poucas aventuras que vivia não duravam muito, o que sempre lhe parecia frustrante. A vida devia ser uma longa e gostosa aventura, não?