Capítulo Doze

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Fui acordada abruptamente por um som irritante e por um segundo fiquei apavorada ao notar o quarto estranho onde eu estava, mas, logo minha mente foi inundada pelas últimas descobertas sobre a minha família, fazendo meu peito doer e minha visão ficar embaçada.

Sei que minha mãe não foi muito honesta em seu passado, mas quem não comete erros? Ela foi injustiçada e se sacrificou para ficar comigo. Imediatamente, a raiva substituiu a dor que eu sentia ao lembrar de que toda a culpa do sofrimento dela foi por causa da minha avó e o maldito do meu padrasto.

Dim-Dom! A campainha tocou novamente e percebi que foi isso que me acordou. Enxuguei o rosto e levantei-me.

- Camila! - assim que abri a porta, fui abraçada repentinamente pela Melissa. Fiquei estática e ela, ao perceber minha reação, afastou-se mordendo o lábio inferior.

- Ai, desculpa. - murmurou.

- Tudo bem. Eu fui pega de surpresa. - falei desconfortável. Olhei pra garota pálida e extremamente magra que estava atrás dela, com um sorriso estampado no rosto. Ela devia ter a minha idade.

- Oi, be! - a garota falou e já foi me abraçando, como se fossemos grandes amigas.

- Quem é você? - questionei, com o desagrado por sua atitude visível em meu rosto.

- Meu nome é Sofia. Eu moro aqui do lado. - ela respondeu, ainda com sua estranha animação.

- Hã... pode entrar. - dei passagem para que as duas entrassem.

- Caramba, você demorou um tempão pra atender a porta. - reclamou Melissa.

- Eu acabei dormindo. - expliquei.

Sofia, que já devia ser de casa, foi diretamente para o sofá e sentou-se, acompanhada da Mel.

- Papai passou lá no apartamento da Sofia e avisou que você já tinha chegado. Estava louca pra te ver. - Melissa informou, enquanto balançava as pernas no sofá.

- Ela queria vir correndo, mas imaginei que você quisesse descansar um pouco. - comentou Sofia, rindo.

Sorri, aliviada. Aquele teria sido um péssimo momento pra elas aparecerem.

- Que horas são? - perguntei, imaginando por quanto tempo eu havia dormido.

- São quase três horas. - respondeu.

- Ainda é muito cedo. - comentei. Minha avó ainda estaria no avião, eu odiaria ter essa conversa pelo telefone, mas não tinha outra forma.

- Já arrumou suas coisas? Podemos ajudá-la, não é, Mel? - ofereceu-se.

- Ah, não, obrigada. Eu posso fazer isso mais tarde. - de jeito nenhum eu deixaria uma estranha mexer nas minhas coisas.

- Podemos sair, então - ela sugeriu.

Suspirei. Tá, eu podia estar odiando essa situação, mas não precisava ser tão grossa com a garota. Ela não tinha nada a ver com isso.

- Ok, Sofia. - cedi. -Tem algum lugar interessante por aqui?

Ela pulou do sofá, animada.

- Que tipo de coisa você gosta? - ao mesmo tempo em que a Melissa pediu:

- Por favor, por favor, vamos a sorveteria?

Ela me olhava com aquelas duas bolinhas brilhando e me implorando por um simples sorvete.

- Tudo bem. - cedi. - Vamos tomar um sorvete.

***

- A minha mãe tinha razão, Camila. Você é adorável.

Um Pai em Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora