Capítulo Vinte e Um

1K 66 1
                                    

Sofia foi compreensiva e não insistiu no assunto. Ficamos apenas conversando sobre coisas banais e apreciando o tempo fresco. Me sentei na borda da piscina, balançando minhas pernas na água, mas isso não durou nem cinco minutos. Recolhi minhas pernas da água e as cruzei. Eu me imaginava escorregando naquela piscina funda e não conseguindo mais retornar à superfície. Me debateria, desesperada por oxigênio, mas sem nenhum resultado. Eu costumo ser um pouco paranoica, admito. Mas eu não podia controlar. Tendo a transformar situações simples em algo desesperador.

Sofia riu quando eu disse que toda aquela água me deixava zonza.

- Caramba! Você já foi a praia? - ela olhou-me incrédula.

- Claro que sim. Eu molhava os meus pés, no máximo. - admiti.

Isso a fez rir ainda mais, o que me fez revirar os olhos.

- Você nunca quis aprender? - ela perguntou, quando conseguiu controlar o riso. - Se você aprendesse a nadar, não teria que se preocupar em morrer afogada.

- Uma vez meu padrasto se ofereceu pra me ensinar. Nós estávamos na casa da minha avó e ele pensou em aproveitar a piscina, mas eu recusei veemente. A última coisa que eu queria era dar uma chance para que ele tentasse me afogar. - brinquei, mas minha piada não obteve o resultado desejado. Sofia ficou me olhando, desconfiada.

- Quantos anos você tinha?

- Eu tinha uns dez, mas eu só estava brincando, Sofia. O Leonardo não seria capaz disso. - sorri, mesmo que por dentro eu acreditasse que meu padrasto fosse capaz de fazer qualquer coisa.

Tive a sensação de que estava sendo observada e virei-me rapidamente. Meu pai estava à alguns metros nos observando. Pela sua cara, imaginei que tinha ouvido a conversa.

- Bom dia, Henrique! - falei com um sorriso, ignorando sua carranca. Sofia virou-se e o cumprimentou também.

Ele usava uma camiseta, uma bermuda tactel e sandálias. Uau! Ele parecia menos amedrontador sem suas roupas sociais.

- Nada de ternos, hein? - brinquei.

- Acho que esse não é um lugar muito adequado. - ele sorriu.

- Gosto desse seu look. Faz com que se pareça com um pai normal.

- Pai normal? - ele achou graça.

- Eu venho de um mundo onde a roupa mais formal seria uma calça jeans e uma simples camisa. - respondi e levantei-me, deitei-me em uma das espreguiçadeiras e pus os óculos escuros aproveitando o leve calor do sol.

Ouvi o Henrique se aproximar e sentar-se na espreguiçadeira ao meu lado, onde estava os dois livros.

- Pelo visto, você gostou da surpresa.

Abri os olhos e o vi com um sorriso no rosto, observando os livros que estava segurando.

- É. - clareei a garganta. - Obrigada, Henrique!

Ele franziu o cenho, confuso com minhas palavras.

- Não fui eu quem fez isso. Foi a minha mãe.

Tomei um susto tão grande com sua revelação que, num piscar, eu estava sentada.

- Como é que é? - questionei, um pouco brusca.

- Aposto que ela está arrependida por tudo o que te disse naquele dia.

Olhamos os dois pra Sofia que ainda estava dentro da piscina, mas apoiada na borda. Ela, imediatamente, percebeu o que tinha dito. Arregalou os olhos e colocou a mão em sua boca enquanto eu a fuzilava com o olhar.

Um Pai em Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora