Capítulo Dezenove

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Eu estava deitada em minha cama, completamente envolvida com a leitura de Os 13 Porquês, quando ouvi um pigarro. Olhei para a porta e encontrei o Henrique encostado no batente.

- Então, esse é o assunto da prova de amanhã?

-Não exatamente. - dei de ombros. - Você tem algo pra dizer?

- Tenho sim. Você e a Mel estão quase de férias, pensei em passarmos no sítio da família.

Esperei que ele terminasse a sentença, mas continuou calado.

- Isso é uma pergunta? - expus minha dúvida. Apesar de já morar aqui há alguns meses, eu ainda não estava acostumada por completo com o jeito dessas pessoas.

- Claro.

- E se eu não quiser ir? - insisti.

- Camila, você ainda não entendeu que sempre vai ter uma escolha? - ele arqueou as sobrancelhas, exasperado.

Supus que sua pergunta era retórica, então não a respondi.

- Quando você diz família, a quem exatamente pertence esse sítio?

Ele passou a mão em seus cabelos, como sempre faz quando está nervoso, e eu soube que não gostaria de sua resposta.

- O sítio está no nome da minha mãe.

- E ela vai? - perguntei apenas.

- Se ela quiser ir, sim. Qual o problema?

Lembrei-me que o Henrique não sabia sobre a primeira e única vez em que sua mãe e eu nos falamos. Depois disso, evitei qualquer encontro com aquela mulher.

- Nenhum. - abri um grande sorriso. - Vou adorar passar as férias em um sítio.

Ele parecia desconfiado por eu ter aceitado calmamente, mas assentiu.

- Vou deixá-la sozinha. Seria bom que você... estudasse pra prova. Estudasse mesmo.

- Claro. - sorri inocente.

***

Eram quase dez da manhã quando chegamos.

- Tem certeza que é aqui?

O lugar parecia com um sítio normal, mas a casa... a casa parecia ter sido tirada de um bairro chique e jogada em meio as árvores.

- Claro.

Ouvi o meu pai responder, enquanto eu observava, admirada, o lugar.

- Realmente, é um belo lugar. - Ângela comentou.

A porta se abriu e dela saiu a bruxa má do Oeste, só estava faltando a vassoura.

- Vocês demoraram.

- Pegamos um engarrafamento, dona Rute. - ouvi a Gabi responder, enquanto eu fingia tirar um sujeira de minha roupa.

- Não me avisou que traria convidadas, Henrique.

- A Ângela e a Sofia são minhas convidadas. Espero que não se importe, vozinha - ergui os olhos e falei rapidamente.

- Claro que não, minha querida. Venham, entrem. - respondeu, fingindo não se importar.

Melissa já tinha desaparecido no primeiro minuto em que chegamos e Henrique carregava as malas para dentro. Tratei de pegar logo a minha do carro da Ângela e a levei para dentro. Não pude evitar admirar a sala, era tão... clássica. Tirada diretamente de um filme hollywoodiano, tinha até mesmo um piano de cauda. Pisquei, incrédula, ao notar este último.

Um Pai em Minha VidaOnde histórias criam vida. Descubra agora