Capítulo 10 - Lembranças de uma outra vida

4.1K 457 21
                                    

As luzes dançavam por todo o ambiente, havia um aglomerado de pessoas que se amontoavam no espaço lotado. Os barman's agitavam as bebidas no ar e faziam drinks a pequena multidão que se formava no balcão do local.

Aline dançava na pista animadamente com Doug, Caio me fazia companhia na mesa. Ele bebia whisky com uma rodela de limão presa a borda de seu copo. Eu bebia uma mistura de vodca com suco de laranja, as pedras de gelo dançavam no interior do meu copo.

O som estava alto e aquele lugar me incomodava um pouco, Caio se levanta e sai em direção ao bar me deixando sozinho, olho paro movimento de pessoas indo e vindo, meus olhos percorrem todo o lugar, vejo Aline beijando um cara de cabelos negros e liso, pardo, usava camisa quadriculada, calça jeans clara e um tênis. Ele a beijava com volúpia enquanto se esfregavam na parede da boate.

Volto a olhar para o bar, vejo que Caio estava conversando com um cara parrudo e barbudo. Ele sorria de algo que ele falava, então vejo a mão dele descendo pelas costas de Caio e apertando sua bunda enquanto ele falava algo em seu ouvido e logo em seguida ele tascava um beijo em sua boca.

Desviei o olhar e fui procurar por Doug, mas sem sucesso. Ele não estava em meu campo de visão, me levantei e fui em direção aos banheiros para procura-lo então um rapaz alvo fica na minha frente, seus cabelos são lisos, loiro escuro, seus olhos eram verdes, sua boca era bem desenhada e avermelhada. Ele não era forte, mas a camisa apertava a musculatura do seu braço.

Ele estava de preto e uma calça jeans, ele deu um largo sorriso quando se aproximava de mim, sua respiração tocou meu pescoço, me causando um arrepio automático, o seu hálito quente tocou minha orelha enquanto ele falava.

- Oi, tudo bem?

- Tudo. – dizia envergonhado.

- Acho que seus amigos te deixaram sozinho, assim como os meus...

- Como você sabe?

- Bem... – ele deu um breve sorriso – Eles estão com os seus amigos.

Ele apontou para todos, então avistei Doug, ele estava com uma garota ruiva, suas mãos estavam em sua cintura e os lábios dela tocavam os dele.

- É o que parece.

- Então eu me chamo Thiago e você?

- Sou Noac, mas pode me chamar só de Noa se preferir.

- Legal. Então você bebe?

- Um pouco.

- Já experimentou a Queda do Diabo com um "charo"?

- "Charo"?

- Sim, vem comigo que eu te mostro.

Eu me sentia leve, não sabia se era o álcool ou se era o "charo" que eu havia fumado, mas eu tava curtindo aquela onda toda. Em algum momento eu fui parar em cima do balcão do bar e estava dançando com uma garrafa de Vodca na mão esquerda e uma de whisky na direita, fazendo uma mistura para beber.

Em algum momento fui puxado de cima do balcão, alguém gritava com outra pessoa. Eu não estava me importando com porra nenhuma do que eles falavam, na verdade mal podia distinguir o que estava na minha frente, as imagens eram embasadas e desconexas, apenas entrei no carro e apaguei.

Quando meus olhos se abriram novamente reconheci que era meu quarto, alguém me ajudava a me deitar, mas por impulso eu a puxo e a beijo na boca, ela era macia e quente, não queria ficar apenas no beijo. No segundo seguinte eu já estava sentindo aquele lugar apertado.

Ah meu Deus que coisa gostosa eu pensava enquanto enfiava meu pau e o tirava com vontade, e como ele era guloso engolia meu pau completamente. Não demorou muito para que eu gozasse naquele paraíso, cai de lado na cama e fechei meus olhos.

As imagens se perderam enquanto Caio e Aline me olhavam preocupados. Minha respiração se acelerou e tive que me sentar para tentar me acalmar.

- Esta tudo bem?

Não conseguia pronunciar uma única palavra. Uma ideia estava nascendo em minha cabeça. Seria possível? Não. Ou seria?

- Quem é o pai do Lucas? – respirei e perguntei.

- Noac porque quer saber isso?

- Podem apenas me responder a droga da pergunta? – minha voz se alterou.

- Primeiro se acalme.

- Me acalmar o caralho. Porque demoram tanto para responder a droga de uma pergunta? O que vocês estão escondendo de mim?

- Não estamos escondendo nada de você Noac. – dizia Aline.

- Então responde de uma vez. Quem. É. O. Pai. Do. Lucas?

- É algo complicado, não podemos simplesmente soltar o que aconteceu.

- Porque não?

Os olhos de Aline foram em direção aos meus pulsos. Eu os olhei com calma. Um novo estalo.

- Como vocês puderam fazer isso comigo?- meu rosto estava encharcado, em minha mão esquerda havia uma faca de cozinha.

- Noac por favor se acalma – Caio pedia.

- Não! Vocês mentiram para mim esse tempo todo!

- Solta essa faca Noac – pedia Aline.

- Eu confiei em vocês, como puderam fazer isso comigo? Como puderam me magoar desse jeito?

- Era o único jeito – Caio começava a chorar.

- Não era o único jeito, você... – apontei para ele – Você não pensou em mim em nenhum momento. Como eu pude...

- Eu posso aceitar que você me odeie pelo resto da vida, mas não faça nada que nos tire você.

- Não! – então desferi uma facada contra si mesmo. O sangue escoria pelo meu braço e caia no chão em pingos grossos enquanto eu repetia o mesmo movimento em todo o meu braço.

- Noac! Para com isso, não faz isso pelo amor de Deus! – ele suplicava.

- Não! Não quero esquecer porra nenhuma, sabe porquê? Porque a droga da minha cabeça já vai apagar tudo mesmo então para que se dá ao luxo de fingir que eu aceito essa merda toda? Para que? Me respondam!

Levantei a faca e mais uma vez ela foi em direção ao meu pulso, e antes que eu desferisse mais um golpe contra mim mesmo, alguém por trás me segurou e me imobilizou. Eu me debatia com tudo o que podia enquanto Aline e Caio me seguravam. Fui levado a força para o hospital e sedado.

Meus olhos se abriram devagar, meu corpo estava mole, mas eu podia ver Caio sentado do meu lado, a fenda aberta em meus olhos era mínima ninguém perceberia que eu estava acordado.

- Volta, por favor... – ele suplicava entre o choro. – Porque meu Deus. Porque está fazendo isso?

- Eu...

- Noac... – Caiu se aproximou devagar.

Me levantei, olhei para os dois que se aproximavam devagar, em um impulso, me virei e fui em direção a entrada da casa, atravessei a porta correndo enquanto ouvia a voz de Caio ao longe me chamando junto com Aline, eu não queria parar, apenas correr para longe dali, bem longe dali.

Nota: Charo é uma gíria usada para cigarro de maconha.

Surreal | Romance BLOnde histórias criam vida. Descubra agora