Capítulo 8 - Caio: Tabaco, álcool e a verdade

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- A situação está fugindo ao controle. – Doug falava nervoso.

Não era algo comum estarmos reunidos daquela forma. Doug acendia um cigarro enquanto Aline enchia um copo com vodca. Há quanto tempo havíamos nos reunido dessa maneira? Os três.

- O que eu estou fazendo aqui? – perguntava Doug confuso.

- Precisamos falar sobre Noac.

- Você acha que eu tive haver com aquilo? Eu jamais faria algo que...

- Tá, tá, tá... Essa parte eu já entendi e o Caio também. – disse Aline chegando a mesa e se sentando.

O relógio que estava pregado na parede branca marcava meia noite e meia, a lanchonete do hospital estava vazia. As atendentes que por ventura atendiam alguém não estavam à vista. Nossa voz ecoava naquele enorme espaço.

- A situação vai ficar complicada, acredite. – disse Aline abaixando a cabeça e a enterrando em meio aos seus braços.

- Porque?

- Noac esta dormindo a base de calmantes e ele passa a noite chamando pelo senhor popularidade.

- Por mim? – Doug parecia não acreditar.

- Claro seu idiota! – me exaltei – É tão difícil entender isso, já não bastou o bilhete?

- Eu... – ele parou por alguns instantes – Pensei que ele já havia desencanado. Não é a primeira vez que um cara se apaixona por mim, mas chamar por mim é algo anormal.

- Claro que ele vai esquecer de uma dia para a noite o único cara que ele já amou em sua vida... – disse Aline sendo irônica.

- Não há nada que eu possa fazer, a culpa não é minha.

- Ah é sua sim. – apontei o dedo no seu rosto – Você leu o maldito bilhete em um lugar que todos poderiam ver e viram, se não tivesse feito isso a merda toda não tinha acontecido.

- Ei calma aê. Porque esta gritando comigo? Porque se importa tanto com ele? Ah não ser...

Respiro e me sento na cadeira, me acalmando.

- Você está apaixonado pelo Noac? Essa é a verdade não é? Eu pensei que você gostava da Aline pois sempre olhava para ela.

- Para mim? – ela riu – Homens são tão idiotas. Sem ofensas Caio.

- Como? – disse Doug com cara de idiota.

- Eu o amo, mas a questão não é essa. Você é responsável por toda essa merda e você vai reparar esse problema.

- Como vai fazer isso? – disse Aline me olhando.

Depois de tantos anos, estávamos novamente sentados os três na mesa da cozinha da casa de Doug e Noac. Aline se dirigia a geladeira em busca de gelo. Enquanto Doug tragava seu cigarro.

- Estamos metendo os pés pelas mãos... – disse Doug por fim.

- Dessa vez é diferente. Eu sei que é. – disse olhando para a garrafa na mesa.

- Não quer uma dose? – disse Aline se sentando na mesa e colocando os cubos de gelo em seu copo.

- Não. Parei de beber.

Aline apenas assentiu e tomou um gole da vodca, seu rosto fez uma breve careta e o copo foi posto na mesa apenas com o gelo. Doug pegou a butuca do seu cigarro e apagou o que tinha sobrado em um prato que estava ali.

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