Me sento no final da sala pelo motivo mais obvio. Evito interação social. Gosto de ficar na minha e invisível a todos, inclusive Doug. Sempre estudei com ele, sempre observei ele de longe. Vi ele deixar de ser o garoto franzino, para se tornar o gar...
Caminhei devagar pelo corredor indo em direção a sala de aula. Era engraçado como as coisas não são o que parecem. Aline ficaria surpresa que seu palpite não chegou nem de longe perto da realidade.
Mas era pedir de mais poder namorar com um cara como Caio ou até mesmo Doug. Isso seria Surreal. Respiro fundo e penso no que dizer a Aline em um tom sarcástico. Mas antes que eu pudesse chegar a porta da sala ouço meu nome.
- Noac... Espera.
Observo Caio que vinha correndo em minha direção, ele parou a centímetros de mim. Estava ofegante como se correr para me encontrar fosse um caso de vida ou morte.
- Eu... Bem... Eu...
Começo a rir.
- Calma Caio. Respira primeiro. Não sei porque esse alvoroço todo. Estudamos na mesma sala. E se é sobre Aline eu vou falar com ela. Não se preocupe. - dei o sorriso maia animado que eu pude.
Ele levanta um dedo e eu aguardo. Acabo de me sentando no chão para esperar que ele se recupere da maratona.
- Tá tudo bem mesmo?
- Sim... - ele disse por fim - Eu tenho crises de asma às vezes...
- Então se senta. - bati no chão ao meu lado - Vamos lá, não vou te morder.
Ele dá um sorriso e revira os olhos e se senta do meu lado.
- Tinha esquecido que você tem um senso de humor ácido às vezes.
- Não esqueça a ironia meu jovem gafanhoto...
Rimos brevemente.
- Então o que queria falar de tão urgente para mim? Que não poderia esperar.
- Estou com vergonha de falar agora. Não sei como explicar.
- Que tal do começo?
- Claro. Desculpa. - ele ri sem jeito - Sabe a história da Aline?
- Sim.
- Era mentira. Eu não estou afim dela.
- Eu estou sem entender Caio. Agora fiquei bem confuso na verdade.
- Eu tô afim de você Noac. Essa é a verdade. Eu quero te convidar para sair. Você me daria a honra de sair comigo, hoje a noite?
Olhei para ele e foi impossível não conter a risada.
- Olha eu não sabia que você era um ator tão bom assim. A Globo está te perdendo Caio de verdade.
Começo a me levantar e me preparo para entrar na sala, mas Caio segura meu braço. Ele não diz nada, mas faz sinal para que eu o ajude a levantar. Firmo meus pés no chão e o puxo para cima. Ele fica próximo de mim e me olha nos olhos.
- Eu não estava brincando. - diz ele por fim.
- Se não é brincadeira, porque não me beija?
Ele desvia o olhar e dá um passo para trás.
- Foi o que eu imaginei. - disse levemente irritado - Não sou tão idiota assim, não vou cair num truque desses. O que você quer Caio? Quer me humilhar? Poder me chamar de bixinha e rir com seus amiguinhos? Se afasta de mim e acho melhor não falar mais comigo.
- Mas...
- Mas o que Caio? O que foi? Desembucha homem de Deus. Vai ficar aí gaguejando o dia todo?
- Esquece.
- Foi o que eu pensei.
Abri a porta e logo ouço Alex um gordo que se empanturrava com frituras e todo tipo de porcaria, era líder do time de futebol da escola. Ele tem um odor característico, que parecia que não largava o seu corpo nunca. Sempre o fedor de estar sujo e suado.
Era comum ver sempre uma poça de suor com o mínimo de calor em suas camisas e as banhas marcadas em sua camisa. Para quem sentava no fundo da sala e estava sempre com meia dúzia de machos ao seu redor, Alex era o lobo alfa da alcatéia de trogloditas da escola.
- Pequena Miss Sunshine!
Todos os demais começaram a sorrir. Quando o professor olhava para o fundo e falava algo que não prestei atenção, apenas segui para meu lugar. Logo depois entraram Lucas, Caio e Marcelo.
- Hmm... Menage?
Gargalhadas novamente. Apenas afundei a minha cabeça por entre meus braços enquanto ouvia os risos altos. Eu não era assumido, mas pelo fato de eu apresentar algumas particularidades como odiar futebol, não sair com garotas ou até mesmo ter participado do menage no primeiro ano, todos começaram a me chamar de viadinho e como nunca consegui me defender de todos, apenas deixei que falassem.
- Agora vamos as duplas.
Pequeno alvoroço entre todos da sala, as vozes não eram claras até que o professor falou em um tom mais alto o silêncio e a sala ficou em plena quietude.
- Eu vou designar seus pares. Então prestem atenção. - ele fez uma pausa - Sim Caio.
Reitero minha cabeça do meu esconderijo improvisado entre meus braços e olhei para Caio que estava analisando a mão e me olhou rapidamente e se voltou para o professor.
- Posso fazer meu trabalho com o Noac?
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Depois de muita pedidos, muitos rascunhos e ideias até que encontrei uma história digna para a sequência de Surreal. Vem aí o segundo livro que dará continuidade ao livro Surreal.
Comentem o que vocês esperam ou querem ver na segunda temporada ;)
Tangível chega em 2020
Link do Livro.: https://my.w.tt/SctmSAjAS8
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