Make It Rain

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"Bom, eu sei que não pode surgir fogo do céu
Purificando o mais puros dos reis
Mesmo sabendo que o fogo me machuca
Mesmo assim
Faça chover"   Ed Sheeran

-- Dê play na música ou no vídeo, por favor, essa é a melhor música do universo! pqp! (faz parte da trilha sonora de SOA ** chorando aqui**)

POV's Ana

O calor de seu corpo colado ao meu me fazia refletir de como eu sentia falta daquilo. Nós dois abraçados naquele chão frio e triste que tanto já vira da minha vida. Minha cabeça não me deixava relaxar por completo, o sentimento de culpa me torturava ali, mas eu resolvi não dar mais ouvidos a razão, ela não me deixava feliz.

- O que está pensando agora? - Ele perguntou acariciando meu braço nu e dando rápidos beijos em meu pescoço. - Parece distraída.

- Eu não sei bem. - Suspirei. Sentia um terno calor aquecer meu peito - Acho que estou tentando entender as escolhas falhas que eu fiz...

- Não, Ana. - Ele me apertou - Agora não.

- Nós vamos precisar falar sobre isso, Júlio... - Fitei seus olhos confusos. - Não tem como fugir...

- Estamos juntos. - Ele me beijou.

- Você namora e eu sou casada. - Me afastei dele sentando de pernas cruzadas com as costas no "pé" do sofá.

- Podemos cuidar disso - Ele coçou a cabeça e me encarou - Mas não agora. - Me puxou para perto. - Sabe há quanto tempo eu esperava por isso? Por sentir você novamente. Por tocar sua pele arrepiada e quente. - Passou os dedos esguios atrás da minha nuca - Eu vivi muito depois de você...

- Como assim?

- Tive várias e várias mulheres. - Suspirou - Mas eu sempre esperei pelo momento que estaríamos juntos de novo. E agora que você voltou...

- Voltei para cuidar do Luba. - Disse levantando do chão e juntando as minhas roupas que estavam espalhadas pelo carpete.

Júlio ficou em silêncio.

- Não se preocupe, eu não vou fazer o que eu fiz na última vez... - Respirei fundo. Vesti meu short e abotoei o sutiã - Na vez em que eu acabei grávida. Foi uma estupidez. Pensei que se eu casasse com o Ian eu conseguiria esquece-lo. - Sorri envergonhada - Mas acabou tudo dando errado, hoje em dia não só eu sofro com essa situação, o Ian se tortura tentando fingir não ver minha infelicidade.

- Não gosto quando você fala nesse cara com tanto carinho. Porque você faz isso? - Júlio subiu a bermuda e foi até a geladeira em busca de alguma cerveja.

- Ele me ajudou.

- Ajudou a te iludir, isso sim.

Observei o canalha andando até a janela e voltando a sua atenção para o movimento da avenida, ele parecia querer espantar os pensamentos confusos. Andei até ele e o abracei pelas costas, elas estavam frias e se arrepiaram ao meu toque.

- Há seis anos atrás - Comecei a falar acariciando os ombros nus do canalha - Quando eu fui embora para Nova Iorque eu sofri de um modo que eu nunca tinha sofrido antes. Uma parte por estar me mudando para um lugar desconhecido, outra por eu estar te deixando. - Suspirei. - Entrei numa séria depressão. Nada mais fazia sentindo. Eu só via o mundo com olhos tristes e sem vida...

- Sinto muito - Ele continuava concentrado no vai e vem dos carros na avenida.

- Não sinta. Eu sobrevivi. Eu superei... E tudo graças ao Ian... - Senti um leve estremecer de Júlio, ele definitivamente ficava irritado quando eu tocava no nome do outro... - Ele me fez rir, me fez parar de chorar e seguir em frente.

- Se tivesse me falado eu teria pagado um psicólogo pra você.

Júlio se desvencilhou de mim e andou até o outro lado do apartamento.

- Você não entende, Júlio... - Tentei explicar. - Nunca amei o Ian mas...

- Ana, não é porque você estava com depressão que tinha que ter ido pra cama com o primeiro cara que aparecesse...

- Júlio, não seja tão estúpido. - Sentia meu rosto arder e meus olhos se encherem de lágrimas. - Não estrague tudo, por favor.

- Quantas vezes eu tenho que vir atrás de você? Me diz? - Ele ralhou - Sempre é isso. Sempre. E sabe o que é o pior? Parece que você não se importa.

- Eu tomei a minha decisão, Cocielo. Eu quero ficar com você... Eu queria...

- Que merda, Ana! - Talvez levado pelo álcool, Júlio estava realmente transtornado. - Eu não me importo se o gringo te salvou de uma depressão, eu não me importo. Eu quero esquecer que ele existiu na nossa vida! - Se aproximou de mim - Eu te amo, Ana. Eu te amo. Isso não é o suficiente?

- Não quero olhar para sua cara. - Respirei fundo. - Pelo menos não agora.

- Eu não vou embora - Agarrou meu braço. - Cansei disso. Quero ficar com você. Quero ter a porcaria de uma família com você e com a Tiê... Quem sabe até adotar um gato, já que você gosta tanto deles. Eu quero isso... - Seus olhos estavam vermelhos - Daqui a alguns anos nos podemos ter um outro bebê e chama-lo de Chico ou Eddie, não sei... Daqui a alguns anos eu quero botar o namoradinho da Tiê para correr da nossa casa! Da nossa casa! E quando isso acontecer, você vai olhar pra mim e falar "Não faça isso, querido. Mais cedo ou mais tarde a nossa Passarinho criaria asas e começaria a voar."  Porque você dificulta tanto isso?

Puxei meu braço das mãos dele e me afastei.

- Você me machucou - Gritei.

- Não como você costuma fazer comigo... - Ele gruniu.

- Júlio, nós temos responsabilidades. - Suspirei. - Não quero ser sua amante. - Sentia minha garganta fechar, estava ficando sem ar. - Foi por isso que toda essa tempestade na nossa vida começou, não lembra? Você me traiu.

- Isso faz tanto tempo, Ana. Tanto tempo que nem vale mais você jogar isso na minha cara...

- Olha, você está precisando esfriar a cabeça, Cocielo. - Andei até até porta e movi a maçaneta - Vá para casa e pense, ok? Por favor. Vamos primeiro deixar essa poeira baixar, para depois lavar nossa roupa suja. Eu não quero ficar chateada com você, certo?!

Ele nada falou apenas andou até a minha frente.

- Eu vou me resolver com o Ian, Júlio. - Mordi o lábio inferior - Eu prometo. Mas não agora...

Cocielo deu alguns passos porta afora, parou alguns instantes e voltou a me encarar.

- Vamos nos ver de novo? - Deu um rápido sorriso.

- Sou a mãe da passarinho...

- Você entendeu o que eu quis dizer. - Ele se aproximou e me roubou um beijo.

- Se você merecer.

Disse e fechei a porta.

Sorri.

Eu tinha que dar um jeito na minha vida urgente, mas antes fui até o som e coloquei Small Bump para tocar, Ed Sheeran sempre me socorria na piores horas, ele e o Luba.

Peguei o telefone e disquei o número dele, em poucos toques ele atendeu.

- O que você aprontou agora, Aninha? Estava aqui me preparando psicologicamente para a minha mudança para São Paulo...

- Preciso de um ombro amigo.

- É impressão minha ou você está escutando música de fossa? Isso é Ed? Você dormiu com o Júlio?

- Como você sabe?

- Sinto pelo tom da sua voz que você fez sexo - Ele riu. - E o único apto a isso é o seu Cocielo...

- Acho que tomei uma das decisões mais difíceis da minha vida hoje. - Suspirei.

- Quem é melhor? Rihanna ou Beyoncé? foi isso?

- Estou falando sério.

- Eu também -Ele riu.

- Vou dar entrada nos papéis do meu divórcio - Disse por fim.

- UKE?

MonoMania - Júlio CocieloOnde histórias criam vida. Descubra agora