Instintos

Slow Down

Lily estava deitada no sofá, com as pernas jogadas em cima do colo de Albus, enquanto assistiam a um programa sem graça que passava na TV. Era uma noite de sexta-feira. A maioria das pessoas da sua idade aproveitavam para sair e se divertir em alguma boate ou bar da cidade. Entretanto, Lily se sentia bem confortável passando um tempo a mais com o irmão. Apesar de estarem morando juntos, só o via de manhã antes de sair e quando chegava a noite.

Porém, a monotonia estava começando a entediá-la. Pegou o controle ao seu lado e mudou de canal. Albus enviava mensagens no celular e não prestava atenção.

Com um suspiro alto, Lily se sentou melhor no sofá e fitou o irmão.

— Três confissões embaraçosas. — disse ela fazendo Albus erguer os olhos da tela do aparelho e encara-la. Há muito tempo não jogavam aquilo.

Numa tarde particularmente tediosa eles inventaram aquela brincadeira. E, desde então, sempre jogavam quando não havia nada para fazer.

— Ok. — concordou Albus deixando o celular de lado.

— Você começa.

Albus não precisou pensar por muito tempo antes de responder:

— Eu espionava nossas primas trocando de roupa.

— Meu Deus, Al. — Lily exclamou, sacudindo a cabeça, tentando não estragar a sua reação rindo — Eu podia esperar isso de alguém como o Fred, mas de você? Estou profundamente decepcionada.

— Cale a boca — mandou Albus. Ele estava sorrindo. — É a sua vez.

— Já tive um crush pelo Teddy. — Lily admitiu. — Você sabe, antes de se casar com a Vic.

— Todo mundo sabe disso, Lily. Era bem óbvio.

Ela fingiu uma expressão triste.

— Fiquei de coração partido quando ele não me esperou para nos casarmos. Nunca vou superar.

— Mentirosa.

— Não me chame de mentirosa, seu tarado! — Lily empurrou Albus com o pé e eles riram por algum tempo até a barriga começar a doer.

Quando conseguiram controlar o riso, Albus continuou:

— Eu já entrei numa boate gay.

— Você quer conversar sobre isso, irmãozinho? — propôs Lily com um sorriso malicioso se formando em seus lábios.

— Em minha defesa, eu não sabia que era uma boate gay. — Albus replicou — Nada contra, mas... Eu não sou.

Lily ergueu uma sobrancelha. Iria usar aquilo contra Albus até o resto da vida.

— Hm, sei. Se tiver alguma coisa pra me dizer, eu juro que não vou te julgar. Estou aqui pra te apoiar sempre.

— Apenas cale a boca. — o garoto mandou.

— Tudo bem! — Lily ergueu as mãos, rindo. Ela precisou respirar fundo antes de revelar a sua próxima confissão. — Eu perdi a minha virgindade com o Lorcan.

— Mas que droga, Lily! — reclamou Albus, lançando um olhar indignado a irmã. — Isso é o tipo de coisa que eu realmente não precisava saber. Nunca!

Lily riu. Eles conheciam Lorcan há séculos. Sendo filho de Luna, a madrinha de Lily, ele e o irmão gêmeo Lysander, eram praticamente da família. Cresceram juntos. Era compreensível a indignação de Albus.

— Desculpe. Achei que fosse o momento mais oportuno para desabafar.

Batidas na porta da frente interrompeu o que Albus estava prestes a dizer.