Era uma incrível e admirável exposição de arte de um artista internacional. Não era preciso ser um crítico para dizer que um rapaz tão novo já tinha o talento e a técnica de um grande pintor e, por isso, estava fazendo tanto sucesso naquela última semana na Serpentine Gallery, uma galeira de arte bastante importante e famosa de Londres.
Lily estava cada vez mais fascinada a cada obra que via como se estivesse em uma espécie de paraíso particular. Podia sentir a emoção retratada a cada pincelada na tela, o uso e a explosão de cores vibrantes na tinta a oleo exibindo os próprios sentimentos misturados do autor, os traços firmes e ao mesmo tempo suaves. Hipnotizada, era como se sentia.
O quadro que observava há alguns minutos retratava uma paisagem bonita e urbana. Um caminho de árvores com folhas alaranjadas que deixava um rastro no chão no que parecia ser um parque, alguns postes posicionados em pequenos intervalos e um casal caminhando de mãos dadas. Era simples e, ao mesmo tempo, impressionante.
E, mesmo ali envolvida e rodeada do que mais adorava na sua vida, não conseguia esquecer o beijo de Scorpius.
Sua mente teimava em relembrar a cada minuto aquele breve momento no sofá da sua sala. O jeito como seus lábios se colidiram, igual a colisão do laranja com o azul naquela tela; os seus corpos tão colados, como se um quisesse se fundir um ao outro, do mesmo modo como ela não conseguia saber onde uma cor terminava para outra começar; O calor que trocaram assim como o calor que quase podia sentir emanar daquele quadro. Tudo, absolutamente tudo, a levava de volta àquele momento.
E o mais patético era que só havia durado alguns segundos. O que foi o suficiente para atormentá-la durante a noite inteira.
Perguntou-se o que iria acontecer quando o encontrasse novamente. Se o clima ficaria ainda mais estranho entre eles dois ou se haveria alguma chance, por menor que fosse, daquele beijo se repetir. Ou se ele havia gostado. Ou se achava que ela fosse impulsiva, desequilibrada e patética... Ou...
Estava agindo feito uma garota insegura e ansiosa, e tinha total consciência disso. Sempre sentiu orgulho de si mesma ao pensar que não precisava ser aquele tipo de garota, o tipo que surta por causa de um cara. Mas Scorpius não era apenas um cara. Ele era interessante, complicado e a fazia se sentir como se todos os ossos do seu corpo virassem gelatina. Não conseguia se lembrar a última vez que se sentiu dessa forma. Talvez no colegial.
Céus! Estava perdida.
Não devia ser tão impulsiva. Não devia ter praticamente agarrado ele. E, por Deus, não devia ter pedido que ele a beijasse.
— Acha que ele tem talento? — ouviu uma voz masculina com um forte sotaque americano ao seu lado, trazendo-a de volta ao presente, e virou o rosto, deparando-se com um rapaz observando atentamente o mesmo quadro que ela.
Reparou rapidamente no cabelo escuro e longo, batendo na altura do ombro, preso para trás por um elástico e nos olhos castanhos-esverdeados.
— Acho. — respondeu firme, voltando a olhar para a tela a sua frente — Os quadros dele são maravilhosos. Eu quase posso até sentir o que ele sentiu ao pintar. E isso é tão... Mágico.
Olhou de soslaio para o lado e viu um sorriso cortar os lábios do rapaz.
— É raro ver alguém tão envolvida assim. — comentou ele — Eu estava te observando há algum tempo e você estava tão mergulhada que mal podia notar o movimento ao seu redor. Imagino que você deva pintar também.
— Um pouco — admitiu — Como adivinhou?
— Um artista reconhece outro no momento que o vê.
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Instintos
RomanceScorpius Malfoy está mais do que satisfeito com a vida que leva. Para ele é fácil dividir o seu tempo entre a faculdade, festas e sexo casual. Mas tudo muda no instante em que Lily invade a sua rotina. E, por mais que esteja decidido a manter-se lo...