Accidentally In Love

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As semanas passavam rápidas demais. Os dias pareciam correr em câmera acelerada e os fins de semanas sumiam em piscar de olhos.

Lily adorava a vida em Londres. Nunca parava. Estava sempre em movimento. Passava seus dias na faculdade, às vezes saía com Lexa e Juliet - Jhonatan passou a evitá-la desde o telefonema -, ficava horas presa no trânsito caótico de cidade grande e, quando sobrava algum tempo, conversava com Albus sobre toda aquela correria. E ela gostava daquela constante agitação. No fim do dia chegava em casa tão cansada que tudo que desejava era um banho quente e uma xícara forte de café.

Naquele dia, quando voltou mais cedo, nenhum dos rapazes estavam em casa. Lily gostou daquele silêncio depois de ter passado a última hora presa entre buzinas estridentes.

Entrou no apartamento, largando as chaves em cima da bancada, abriu a porta da pequena varanda e sentiu o vento frio no rosto. Era um dia nublado e ventoso de início de inverno.

No quarto, quase chorou de alívio ao finalmente se ver livre do sutiã que passou o dia inteiro a incomodando. Enrolou o corpo em uma toalha, prendeu o cabelo no alto e calçou suas pantufas. Estava tudo pronto para ter o banho mais quente e relaxante daquela semana quando, a caminho do banheiro, ouviu batidas na porta da frente.

Não acreditava que Albus ou Scorpius houvessem esquecido as chaves. Poderia ser o porteiro ou a síndica. Mas, ao abrir a porta, não encontrou ninguém. O corredor estava completamente deserto. Olhou para os dois lados e nem mesmo uma alma viva. Contudo, antes de voltar para dentro, viu pela visão periférica um movimento atrás do enorme caqueiro perto do elevador.

Deu alguns passos e viu os dois meninos escondidos, rindo baixinho da travessura. Não deveriam ter mais de dez anos.

- Ei, vocês! - ela apontou para as duas crianças que se levantaram rindo alto. - Eu vi vocês! Ah, eu vou pegar vocês dois!

Antes que tivesse consciência do que estava fazendo, Lily andou decidida na direção deles, e já estava perto de alcançá-los, os meninos entraram correndo no elevador fechando as portas no momento em que Lily parou em frente a elas.

Não estava verdadeiramente aborrecida. Tinha primos mais novos que eram verdadeiras pestes e também havia crescido com um irmão e primo mais velho que não foram nada fácil. Estava acostumada àqueles tipos de traquinagens. E gostava de crianças. Mesmo quando elas a faziam sair de casa num dia frio enrolada em uma toalha.

Voltou para o apartamento com um pequeno sorrisinho no rosto que desapareceu no instante em que a porta bateu com força na sua cara.

Era um dia de vento forte, mas não chegou a cogitar que aquilo pudesse acontecer.

Não estava com as chaves.

Droga, não tinha nem mesmo bolsos!

Encarou a porta fatalmente fechada, olhos arregalados, coração acelerado, usando nada mais que uma simples toalha branca de algodão e pantufas de leãozinho. Não sabia que horas seu irmão chegaria e não queria nem pensar na possibilidade de Scorpius a encontrar naquela situação.

Não havia nada a ser feito além de descer e andar calmamente pelo saguão. Voltou para o elevador e respirou fundo antes de apertar o botão tentando enfrentar tudo aquilo da forma mais digna que conseguia.

Um homem de terno caro olhou surpreso para Lily quando as portas se abriram. Ela sorriu sem graça e entrou no elevador, tentando agir como se aquilo não fosse no mínimo constrangedor. O silêncio carregado naquele espaço minúsculo fez com que tivesse vontade de desaparecer no ar como fumaça. Mexeu-se, desconfortável, enquanto via os números dos andares mudarem com uma lentidão massacrante.

InstintosWhere stories live. Discover now