Tragedy

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You know this was never really about us
And everything was always 'bout you
You never knew a thing about trust

Narrador:
O coração de May disparou assim que teve visão da pessoa na qual vinha em sua direção, o coração da garota havia disparado de ódio.
Soph entrara naquele lugar lançando um olhar de deboche para as duas garotas.

- Ah não - murmurou May

- Vou arrancar os olhos dela com esse garfo - diz Helena apontando para o talher.

A garota cheia de machucados continuou sentada prestando atenção em cada movimento da agressora. Tentou ignorar a presença dela ali, porém não obteve muito sucesso.

A agressora seguiu em direção à mesa na qual as duas estavam sentadas, parecia estar em perfeito estado, parecia.
Fitou Helena e May com uma expressão imutável e fria, parecia estar culpando as duas por algo. E sua expressão representava exatamente o que ela estava fazendo, estava realmente culpando-as.

- Eu te odeio! - gritou jogando o prato de uma das garotas no chão.

As duas a fitaram boquiabertas tentando entender aquela cena. Era perceptível a confusão das duas garotas.

Soph em seus últimos minutos, só conseguia pensar o quão danificada estava, pensava nos bons momentos nos quais tivera com todas as pessoas nas quais passaram em sua vida. Aqueles bons momentos foram poucos,  de alguma forma não foram suficientes para suprir todos os momentos ruins de sua vida – ou até mesmo concertar a garota danificada.

Se há outra certeza na vida humana, essa certeza é que todos falham. Humanos são idiotas, cometem erros e na maioria esmagadora das vezes não os corrigem.

Pessoas se machucam, se perdem dentro de si mesmas, se quebram e nada disso pode ser reparado na grande maioria. Isso aconteceu com Soph, ela não podia ser reparada.

Houve uma troca de olhares entre ela e May antes da garota puxar um revólver de sua bolsa. No restaurante um pequeno caos se instalara assim que todos viram aquela arma na mão de uma adolescente pirada.

Soph passou os olhos por todo o local, então com as mãos trêmulas apontou a arma para May, pretendia atirar naquela garota que arruinara parte de sua vida, mas não o fez.
Lágrimas escorriam pelas bochechas da garota armada enquanto ela tentava decidir o que fazer naquele estabelecimento. Possuía apenas uma certeza: não podia simplesmente sair dali, não podia desistir de seus planos.

Enfim colocou a arma contra sua cabeça ainda com as mãos trêmulas, por alguns ainda teve esperanças de que May a parasse, mas aquilo não aconteceu.
Colocou um dos dedos no gatilho olhando fixamente para a garota machucada, mexeu a boca dizendo algo.

Pov's: Helena

Meus olhos não acreditavam no que viam. Eu e May estávamos estáticas enquanto a garota nos fitava com a arma na cabeça.
Fechei os olhos com força segundos antes do sangue daquela garota atingir quase todas as partes do meu corpo. Aquele barulho de algo estourando ecoou pela minha cabeça milhares de vezes antes que eu pudesse abrir os olhos novamente.

- May? - digo olhando a garota estática ao meu lado.

Minha melhor amiga estava ali, de olhos abertos fixos nos restos mortais daquela garota, com uma expressão imutável, ainda processando aquela informação.
Balancei a garota milhares de vezes sem conseguir qualquer reação, qualquer mudança de expressão, qualquer coisa.

Eu realmente desejava sair dali, não aguentava ver aquele sangue na minha roupa ou minha melhor amiga naquele estado. Logo meu organismo fez o favor de melhorar aquela situação, me fazendo colocar todo o almoço para fora.

- Helena - diz May assim que "termino de vomitar".

- Vamos embora daqui - digo limpando minha boca.

- Não posso.

- Você vai embora daqui - ordeno.

Levantamos do lugar onde estávamos sentadas passando pela poça de sangue que se formara em frente à nossa mesa.
Já podia ouvir o som de ambulância ecoando naquela rua, isso embrulhava mais ainda meu estômago.

Sentamos na calçada em frente ao restaurante. Olho para May havia basicamente uma frase estampada em seu rosto, essa frase era "me ajuda". Por mais forte e orgulhosa que a garota fosse, desabou ali mesmo. Começou a chorar como um bebê.

- FOI MINHA CULPA - gritava em meio de soluços.

Não sabia qual conselho dar, para ser sincera nunca sabia dar conselhos. Sempre acabava inventando uma frase existencialista para confortar alguém de alguma forma, quando na realidade eu não conseguia usá-las nem para me consolar.

- Você não pode se culpar pelos atos dela - começo. - Talvez ela esteja livre de coisas ruins agora.

Me sentia uma verdadeira bosta após aquela tentativa de conselho.

- Quando essa merda vai parar? - pergunta ainda em meio de soluços. - Por que isso acontecendo com a gente? Por que justo com nós duas?

Queria possuir aquelas respostas.

- Não sei - falei balançando a cabeça.

May suspirou colocando o rosto entre as mãos.
Eu só conseguia pensar na confusão que nossa vida estava, aquilo parecia nunca acabar.

- Eu tava tão feliz, por que a vida teve que foder a gente mais uma vez?

Quando tragédias aconteciam tudo se tratava de vários por quês nos quais nunca seriam respondidos, era frustrante.

- May, isso tudo vai melhorar, é uma promessa - digo.

Não podia prometer aquilo, mas mesmo assim prometi.

- Como Helena? Não podemos fazer porra nenhuma!

- Não sei você, mas eu tenho o macumbaonline.com - falo numa tentativa de fazê-la rir.

A garota apenas sorri de canto.

- Vai se foder Lena.

☕︎☕︎☕︎

Em alguns minutos fomos interrogadas assim como a maioria das pessoas no restaurante. Após isso May se direcionou a casa dos pais de Soph para dar tal notícia, dessa forma me deixando sozinha. Segui para o hotel, precisava tirar aquela roupa ensanguentada e tentar associar aquele acontecimento.

Estava prestes a surtar com tudo o que houvera naquela semana, porém tentei manter-me sobre controle. Pessoas precisavam de mim, eu não podia ser egoísta o suficiente para surtar.

︎☕︎☕︎︎☕︎

Ao chegar no hotel recebi mensagem de alguém.

Rafael Lange: CARALHO VELHO VOCE VIROU A ELSA

Aquele garoto causava bela confusão na minha cabeça, mas era a única pessoa que conseguia me confortar em qualquer momento, lembro-me.
Segurei meu celular com força, pensei por alguns segundos, então fiz uma ligação.

- Preciso de você - disse assim que ele atendeu.

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ALÔ ALÔ, ESPERO Q TENHAM GOSTADO DO CAP

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like a ghost ☕︎ cellbit [book two]Onde histórias criam vida. Descubra agora