Capítulo Cinco

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Anna On

Olho para a janela e vejo como o caminho para cidade parece tão mudado, não sei ao certo se ele está realmente diferente ou é algo mais significativo, quero dizer, por eu esta saindo ele pode parecer diferente em meu ver, não é? Nem ao menos eu sei. Tudo parece tão diferente, o céu parece mais azul, o sol mais quente. Parece que estou vendo tudo pela primeira vez, é como se eu tivesse sido um pássaro na gaiola á anos e então alguém decidiu o deixar livre. Livre. É exatamente assim que me sinto, totalmente livre.

— Você é calada. — Escuto Sr. McKibben me tirar dos pensamentos.

— Sim senhor. — Digo um tanto confusa, afinal isso foi uma pergunta ou uma afirmação?

— Temos que conversa sobre algumas coisas. — Suspira o homem parecendo cansado e irritado, penso por um momento se a culpa é minha, eu o irritei? Mas eu nem falei direito.

— Como quiser senhor. — Respondo encolhendo os ombros, ele suspira ainda mais pesado e então para o carro aos poucos, parando-o finalmente ao lado da estrada. Ele tira seu cinto e se vira totalmente para mim.

— Anna, certo!? — Pergunta como se quisesse uma afirmação de que estava certo.

— Sim.

— Eu não sei se você sabe Anna, mas minha família é muito poderosa, e por isso você terá que seguir algumas regras. A primeira e mais importante de todas é sobre sua origem, quero deixar claro que você está totalmente proibida de contar a alguém sobre sua adoção.

— O que? Como assim? — Pergunto me sentindo confusa.

— Não me interrompa. — Ele range os dentes me fazendo encolher no banco de trás. — Para todos que você irá conhecer futuramente você é minha filha legitima e você está absolutamente proibida de dizer ao contrario, foi pago uma enorme quantia para o maldito diretor daquele chiqueiro onde você morava para que seus dados fossem apagados e que uma nova identidade fosse entregue, então não faça meu dinheiro ter sido em vão. Entendeu?

— Mas por quê? — Pergunto me sentindo ainda mais confusa.

— Isso não importa apenas me diga se está de acordo, pois se a resposta for não já lhe levo de volta do lugar que você veio. — Ele diz enquanto me fuzila com os olhos.

Eu não posso dar uma de hipócrita e dizer que isso não é um bom "negócio", tudo que ele quer é que eu diga que sou sua filha, e bem, tecnicamente agora eu sou, apenas tenho que mentir dizendo que não sou adotada; Sinceramente fazer isso não me causará danos, na verdade e bem pelo contrario, eu terei um lar e provavelmente uma família, então que mal tem? Sem contar que devo a ele, ele me tirou daquele lugar e se eu não concorda ele pode me levar de volta.

— Eu não tenho o dia todo, garota. — Ele bufa irritado enquanto me tira de meus pensamentos.

— Eu aceito, senhor. — Respondo enquanto finalmente me atrevo a olha-lo.

— Que bom. — Ele sorri como se já esperasse por isso. — Agora vamos ensaiar o que ira ser dito a todos.

— Ensaiar?

— Você é surda? — Ele pergunta parecendo levemente curioso e totalmente arrogante, eu tento não me abalar com suas palavras, porém ao mesmo tempo me sinto totalmente idiota.

— Não. — Respondo, porém arregalo os olhos assim que noto que me esqueci de dizer à parte que penso ser a mais importante para ele. — Senhor. Desculpa, eu quis dizer não senhor. — Tento parecer clara em minha resposta, porém nem eu mesma me entendo.

— Para começar não é preciso que me chame de senhor, as pessoas estranhariam tanta frieza em nosso relacionamento.

— R-relacionamento? — Antes que possa me dar conta sinto meu rosto corar furiosamente.

— Sim, relacionamento. — Ele repete enquanto parece me examinar com cuidado. — Ah. — Ele exclama levando a mão sobre os lábios e então solta um pequeno riso. — Pai e filha, esse será o nosso relacionamento. — Diz parecendo se divertir com minha situação.

Eu o olho de sorrateio e vejo que ele ainda tem um pequeno sorriso nos lábios, e mesmo que sua mão esteja cobrindo grande parte dela eu posso ver com total clareza. Suas palavras cheias de zombaria e graça me faz ver o quão estupida eu sou por ter pensando por um misero segundo que ele se referia a outro tipo de relacionamento.

— Outra coisa, você terá aulas de etiquetas, não posso apresentar alguém que nem ao menos sabe usar uma faca.

— Eu sei usar... — Murmuro levemente irritada.

— Como? — Ele pergunta erguendo uma sobrancelha, eu arregalo os olhos enquanto rapidamente viro meu rosto para o outro lado.

— Nada. — Respondo me castigando mentalmente por ser tão estupida.

— Seja como for. — Ele suspira como se não se importasse. — Teremos muito que fazer em relação a sua educação, roupas e tudo mais, porém ao menos você é bonitinha.

"O que? Ele te chamou de bonitinha? Ele realmente te chamou de bonitinha? Ele é cego?"
 

Não ligo para o que minha mente diz e me viro-me brutalmente para ele enquanto posso jurar que meus olhos nunca estiveram tão arregalados quanto agora, e minha boca tão aberta como também nunca estivera. Não preciso nem pensar muito para saber que meu rosto deve estar loucamente corado, sem contar com a cara de idiota que devo esta fazendo. Ele me olha com cuidado como se me examinasse e franze seu cenho como se pensasse em algo importante.

— Você faz isso muitas vezes? — Pergunta parecendo realmente curioso, e automaticamente me vejo desviando de seu rosto e olhando para a janela ao meu lado.

— O que? — Pergunto tentando evitar olhar em seus olhos, porém mesmo assim eu o vejo dá um sorriso de canto como se soubesse um segredo que ninguém mais sabe.

— Deixe para lá. — Ele diz, porém o senso de humor esta presente em sua voz mais clara do que nunca. — Agora sobre sua historia, para todos que perguntarem você é uma filha no qual descobri apenas por causa da repentina e recente morte de sua mãe, até então você não sabia de minha existência. Grave bem isso e não cometa erros.

Ele termina de falar e me encara por alguns minutos, totalmente impaciente eu começo a mexer os pés e batucar meus dedos sem controle algum. Como devo dizer a ele que tenho uma pergunta? Eu ergo a mão pedindo para falar e ele bufa irritado.

  — Se tem algo para dizer diga logo! — Eu abaixo a mão e penso se realmente devo perguntar. — Sinceramente, diga logo o que é, garota!  

— Bem, e se perguntarem o nome da minha mãe? E onde vivíamos? Cidade? Casa? Escola que fui? Amigos? Parentes? Padrasto? Do que ela morreu? Onde está enterrada? Como eu fiquei sabendo de você sendo que ela já estava morta?

— Pelo amor de Deus! Você foi de garota estranhamente calada a totalmente irritante em menos de minutos. — Me encolho novamente no banco totalmente envergonhada. — Mas tudo bem, pensaremos nessas coisas em casa, e de preferência quando eu estiver tão bêbado que não tenha forças para lhe enfiar algum pano em sua boca.

Mesmo com sua possível "ameaça" para me calar, eu não consigo evitar sorrir, porém logo paro ao perceber que ele novamente esta me examinando. Ele me olha por mais alguns segundo e finalmente se vira para frente, o que me faz suspira aliviada.

— Coloque o cinto. — Diz ele enquanto coloca seu próprio cinto.— Chegaremos logo em casa.

No way outOnde histórias criam vida. Descubra agora