Anna On— Nem no céu teria algo tão bom como isso...— Murmuro vendo os inúmeros livros nas diversas estantes da biblioteca da casa.
Tenho que admitir que Matthew tem um maravilhoso gosto por livros, sua magnífica biblioteca está lotada de livros de todos os maravilhosos tipos, indo de ficção e fantasia até documentários e biografias, esses últimos cujo estou mais animada para ler e aprender sobre o mundo.
Sempre amei ler e por causa disso devo ter lido os livros do orfanato cada um umas três vezes no mínimo, mesmo que a maioria envolvesse contos fantasiosos eu nunca me senti menos animada ao fazer isso, principalmente porque amava ler para a pequena Maria.
— Maria..— Suspiro perdendo um pouco de entusiasmo ao lembra da menina que deixei para trás no orfanato. Talvez Matthew me deixe visitar ela.
"Não conte com isso."
Suspiro novamente enquanto volto meu olhar para os livros a minha frente, pego uns três sem olhar nem ao menos o título e caminho para fora, mesmo sabendo que Matthew iria demorar para chegar não gostaria de ficar ali por muito tempo e correr o risco de ser "pega em flagrante".
— Hum?! — Paro no meio da sala ao ouvir o telefone tocar.
Deveria atender? Creio que sim, poderia ser Matthew.
— Alô, quem fala? — Falo assim que levo o telefone ao ouvido.
— Anna?! Anna aqui é o tio Evan, onde está seu pai?
— Matth...papai. Papai está trabalhando.. — Respondo enquanto aperto o telefone em minha mão.
— TRABALHANDO?! — Grita do outro lado me fazendo afastar um pouco o parelho do meu ouvido. — Aquele estúpido! Ele não leu minhas mensagens?!
— Acho que não... — Murmuro sem saber se aquilo realmente é uma pergunta.
— Seu pai tem que vim para casa, e rápido!
— Você não trabalha com ele? Por que não diz isso para ele pessoalmente? — Pergunto começando a ficar totalmente confusa com toda aquela situação.— Eu... Eu não posso. — Ele suspira e fica em silêncio por alguns segundos no qual parecem eternidades para mim e minha ansiedade. — Estou com caxumba.
— Oh, mas você já não é velho? — Pergunto surpresa, mas logo percebo o absurdo que falei. — Quero dizer, velho para ter essa doença, não que você seja velho, você não é velho você é...
— Anna, calma. Eu entendi. — Ele dá uma risada descontraída me fazendo suspirar aliviada. — Sim, eu sou. Mas como nunca tive foi fácil eu pegar quando entrei em contatos com as ruivas.
— As ruivas estavam com caxumba?! — Falo arregalando os olhos.
— Sim, imagine minha surpresa quando descobri. — Ele volta a da outra risada, mas dessa vez parece ser irônica. — Eu não lembro se seu pai teve caxumba quando éramos criança, por isso queria que ele ficasse em casa hoje.
— Entendo... Você está de cama? Você tem que ficar de repouso e não fazer esforço se não... — Sinto meu rosto esquentar. — Você sabe o que acontece... — Murmuro.
— É, eu sei. Essa droga desce pro saco. — Responde irritado. Ok, talvez eu esteja realmente vermelha. — Eu nem perguntei, mas e você?
— Eu já tive.
— Ótimo. Anna eu terei que ir, tentarei falar com seu pai novamente.
— Okay, até outro momento. — Falo enquanto em seguida escuto um "até" e desligo o telefone.
Caxumba. Caxumba realmente é algo ruim para os outros, não?! Mas no orfanato a gente costumava comemorar quando ficávamos doentes ao ponto de não poder nem levantar da cama. Tínhamos comidas a mais, não precisávamos fazer nenhuma tarefa e Sr. Arris nunca chegava nem sequer a três metros de distância da gente. Era como céu na terra.
Mas para pessoas normais ficar doente é horrível.
❁❁❁❁
— [...] e aquele filho da puta. — Abro meus olhos devagar percebendo que acabei dormindo no sofá da sala, e que Matthew acabará de chegar parecendo irritado.
— O-oi. — Cumprimento meio incerta assim que ele entra na sala, ele me olha confuso enquanto começa tirar sua gravata.
— Aconteceu algo com sua cama? — Eu nego com a cabeça meio confusa pela pergunta. — Então não durma no sofá, não é para isso que ele serve.
— Okay... Ah, você conseguiu falar com tio Evan? Ele ligou para cá.
— Aquele idiota me ligou o dia inteiro, tive que desligar o celular. — Diz revirando os olhos. — E não o chame de tio, ele não é seu tio.
— Então você não sabe sobre a caxumba? — Pergunto ignorando o pedido dele para não chamar Evan de tio.
Ele retira a gravata e a coloca dobrada sobre o braço do outro sofá e se senta no mesmo suspirando em seguida.
— Caxumba?! Que caxumba? — Pergunta enquanto leva uma das mãos a garganta e faz uma careta de dor em seguida.
Oh, realmente parece que tio Evan não foi o único afetado pela doença das ruivas.
— Aquela que tio Evan pegou das ruivas, e que acho que você também pegou. — Respondo devagar enquanto o vejo arregalar os olhos.
— O que?!
— Bem.. Tio Evan pegou caxumba das ruivas e ele queria saber se você também tinha pego, foi por isso que ligou.
— Aquele filho da puta! Além de trazer suas vadias para minha casa ainda trás essa doença de merda. — Esbravejou se levantando rapidamente do sofá. — Eu vou matar aquele desgraçado.
— Na verdade você deveria descansar, não pode ficar fazendo movimentos bruscos quando se está com essa doença.
— E o que você é? Médica?! — Debocha enquanto revira os olhos.
— Qualquer pessoa sabe disso... — Murmuro frustada. Mesmo tentando apenas ajudar ele me faz parecer estúpida no que falo.
— Tanto faz, eu vou tomar banho, mande uma das empregadas ligar para meu médico eu estarei lá em cima esperando.
— Mas... — Começo, mas logo ele já está subindo as escadas. — Todos estão de folga... — Murmuro para o vazio.
Certo, então parece que é minha tarefa fazer isso. Se todos estão de folga acho que minha tarefa vai ir muito além de fazer um telefonema.
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No way out
Roman d'amourAnna é uma órfã cujo tudo que mais deseja é ter uma família, porém presa anos em um terrível orfanato ela vê esse seu sonho se tornar cada vez mais distante; assombrada todo dia pela lembrança do assassinato de sua mãe e pelas ameaças do diretor do...