Acordo no meio da noite com muito frio, pelo visto esqueci de ligar o aquecedor, levanto e me sobressalto com o contato dos meus pés com o chão gelado. Vou até o interruptor na parede e ligo a luz, levei um susto com o que vi: o menino do sonho da noite anterior estava parado na minha janela.
- O que você está fazendo aqui? - é a única coisa que eu consigo pensar em dizer. Hoje ele está diferente, é como se uma luz estranha o cercasse, seus olhos azul esverdeados estão com um brilho diferenciado e seu rosto parece que foi milimetricamente desenhado e esculpido, isso só pode ser um sonho.
- Vim te fazer companhia, Carlos - diz esse ser com um sorrisinho no rosto.
- Além de suicida, to ficando louco - digo sacudindo minha cabeça.
- Você não está louco, tampouco está sonhando, você só é especial o bastante para poder me enxergar- ele diz com a maior naturalidade possível.
- Então quer dizer que só eu posso te ver? E você ainda diz que não estou louco? Cara, eu acho que todos aqueles remédios me chaparam - digo, tentando entender essa alucinação bizarra.
- Quantas vezes vou ter que dizer que sou real? - ele me pergunta um pouco alterado.
- Olha, é difícil acreditar, sendo que só eu posso te ver, como você pode me provar que é real?- desafio-o.
Ele vai se aproximando de mim a passos lentos, para na minha frente com o rosto bem próximo ao meu, pega na minha mão e me dá um daqueles beliscões bem fortes e eu dou um grito. Ele começa a rir sem parar e acabo rindo também. O barulho de nossas risadas se torna alto e eu escuto passos no corredor, até a porta ser aberta por minha mãe.
- Querido, você está bem? - pergunta minha mãe em relação às risadas.
- Estou sim, só lembrando de algumas coisas engraçadas - minto.
- Tudo bem, boa noite - ela diz e me dá um beijo na testa, logo em seguida sai do quarto.
- Eu disse, só você pode me ver - Thales fala do nada.
- Tudo bem, você tem razão - decido não contrariá-lo, certamente amanhã ele não me perturbará mais.
- Aliás, queria te fazer uma pergunta. Porquê só eu posso vê-lo?
- Digamos que eu queira que você me veja, respondido? - ele responde desinteressado.
- Não, por que eu?
- Não sei, você parece ser alguém especial, vejo isso em você.
- O que posso ter de especial? sou só mais um adolescente deprimido que perdeu o melhor amigo e não é forte o suficiente para superar isso.
- Não fale assim, há muito mais em você, acredite, sei das coisas - ele diz de uma forma esperançosa.
- Não vou discutir com um ser imaginário que a minha mente criou para fazer companhia - digo tentando deixá-lo irritado.
- É isso que pensa que sou?
- Talvez.
- Talvez você esteja enganado, eu ainda vou provar que existo e que não sou fruto da sua imaginação.
- Se você está falando quem sou eu pra duvidar?
- Ha!Ha!Ha!, você é muito engraçado sabia?
- Não, você está rindo por nada e é a primeira e única pessoa a falar isso.
- Sei lá, eu te acho engraçado.
- Eu sou é louco por estar falando com você.
- Talvez Ha!Ha!Ha!
Começo a reparar um pouco na fisionomia dele, ele aparenta ser bem forte, tem cerca de 1,85, olhos claros, cabelos pretos e um sorriso perfeito, ele é o tipo de homem que faz as meninas suspirarem e alguns rapazes terem inveja, o sorriso dele é algo contagiante, e mesmo sendo irritante, não consigo ficar bravo com ele, ele seria o amigo perfeito se não fosse um delírio causado pelos meus remédios.
- Acho que vou deixar você dormir, prometo que não vou puxar seu pé - ele diz e logo em seguida desaparece.
Acho que finalmente me livrei dele, quando o efeito do remédio passar amanhã de manhã nunca mais o verei, e talvez voltarei a minha solitária rotina...
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Acredito em Você (Romance Gay)
RomanceUm amor entre mundos? Entre dimensões? Entre a mente humana? Carlos esteve muito tempo sozinho, deprimido e isolado em seu pequeno mundo. Depois de um acidente de carro levar seu único e melhor amigo ele tenta o suicídio, porém o resultado não é...