VI

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 Ultimamente minha vida virou de cabeça para baixo, meu melhor amigo morreu, eu tentei acabar com minha própria vida e também tem o Thales, que é um mistério pra mim. Falando nele, ele não tem saído da minha cabeça. Não importa o que eu faça tudo me leva a ele, talvez seja porque ele ainda seja uma página em branco pra mim, não sei nada sobre ele, aliás, nem sei se ele existe.

...

 Depois de alguns dias sem muitos acontecimentos na minha vida, finalmente é sábado e eu não tenho nada pra fazer. Pretendo passar o dia lendo e escutando musica.
Pego o livro "Orgulho e preconceito" de Jane Austen para ler, é um clássico, espero que seja tão bom quanto falam. Depois de uma hora de leitura, ouço o som de pedrinhas batendo na janela. Chego nela e vejo que Thales esta lá embaixo com um sorriso sapeca no rosto.

- Hey Carlos!!- ele exclama escalando a parede de minha casa se apoiando em algumas plantas que fazem parte da decoração

- Thales - digo e instantaneamente abro um sorriso de orelha a orelha

- você tem alguma coisa pra fazer hoje?

- não

- que tal darmos uma volta então?

- não sei se é uma boa ideia

- claro que é, e se você quiser voltar pra casa, tudo bem

- não sei, acho meio complicado eu andar por ai falando praticamente sozinho, não acha?

- você se importa com o que eles pensam?

- Ta! Ta! Você me convenceu, vamos!

 Saio do quarto e encontro minha mãe na sala

- mãe, vou dar uma volta, tudo bem?

- Ta querido, só não volte tarde

 Assim que ela diz isso eu saio de casa e encontro Thales me esperando no portão

- Vamos la então!

- vamos

 Caminhamos um pouco pelo bairro onde eu moro, falamos sobre diversos assuntos. Descobri que ele é apaixonado por bandas alternativas e artistas independentes, que seu esporte favorito é futebol americano, mesmo não tendo muitos lugares para ele jogar aqui no Brasil. Também descobri que ele é Norte Americano, e que venho para o Brasil com cerca de 10 anos.
Depois de conversarmos sobre varias coisas e diversos assuntos, chegamos à praça do meu bairro e nos sentamos em um banco mais afastado.

- como eu estava te dizendo Carlos, só você pode me ver porque você é especial.

- isso não ajuda muito.

- sinto muito, não posso falar mais que isso.

- ta, mas e por que eu? Existem tantas pessoas no mundo.

- qual parte do "você é especial" tu não entendeu?- ele diz um pouco alterado

- eu não consigo me ver como alguém especial. Não consigo ver nada em mim que demonstre que eu tenha esse adjetivo

- como não? Você pode não ver, mas você é muito especial, não sei para os outros, mas pra mim é. O jeito puro e doce que você tem, esse seu sorriso de canto de boca, a sua teimosia incessante - ele diz me encarando e se aproximando de mim.

 Nossos rostos vão ficando cada vez mais perto, consigo sentir seu halito de menta, eu vou perdendo o fôlego imaginando o que esta prestes a acontecer e permaneço imóvel, e ele vai se aproximando mais e mais até nossos rostos ficarem muito perto e seus lábios encontrarem os meus. 

 Eu não esperava isso, não naquele momento. Minha expressão de surpresa foi evidente, o que não o impediu de continuar. Seu beijo é doce, calmo e lento é com uma chama controlada, prestes a perder o controle e se tornar um incêndio devastador e foi o que aconteceu. Seu beijo foi ficando mais intenso, com mais pressa, como se a vida dele dependesse daquele beijo, até nossos lábios se desgrudaram.

 De imediato eu fiquei sem reação, eu não esperava aquilo dele, e o que eu fiz em seguida também foi bem inesperado. Eu simplesmente sai correndo dali o mais rápido que pude e que minhas pernas aguentaram. Não olhei para trás porque eu sabia que essa historia já estava louca demais, eu não sabia o que pensar ou como agir em relação a isso. Eu estava completamente perdido.

Acredito em Você (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora