XVI

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 Todos as luzes da casa estavam apagadas, havia um forte cheiro de enxofre no ar. Eu podia sentir a morte cada vez mais perto. As paredes da casa pareciam gigantes e de aço, a porta e a janela haviam sumido do nada. Eu estava completamente paralisado, como se eu tivesse perdido os movimentos das minhas pernas. Não conseguia enxergar nada, estava um breu assustador naquele lugar, até que uma pequena lâmpada acende um fio de luz que seria imperceptível se não fosse por essa escuridão cercando o quarto sem janelas e nem porta. Eu não sabia como havia ido parar ali.

 De um momento para outro começo a ouvir um barulho, um barulho estranho, como se as paredes estivessem encolhendo, mas não podia ser, porque paredes não encolhem. Foi ai que eu percebi que mesmo que não fosse possível, estava acontecendo, as paredes estavam encolhendo, se aproximando cada vez mais e mais. Meu desespero tomou conta de mim no momento que eu percebi que elas continuariam se aproximando. Eu estava paralisado e mesmo que não tivesse, para onde eu correria? O oxigênio estava acabando, minha respiração já demonstrava a falta dele. Paralisado e perdendo o ar, me vi morrendo esmagado por paredes duras como aço. Já conseguia sentir elas á um metro de mim, e elas estavam se aproximando rápido demais para eu pensar em qualquer coisa. Sentindo elas tocarem minhas costas e meu rosto, pude gritar mesmo perdendo o resto de oxigênio que havia. A morte parecia convidativa e branda, não como eu havia imaginado tantas e tantas vezes...tri tri tri tri tri

...

  Ah! Meu deus! Ar, ufa! Esses pesadelos estão se tornando cada vez mais reais. Pela primeira vez na minha vida eu fiquei feliz por ser acordado pelo despertador. São cerca de 10:00 da manhã e hoje tem visita dos meus pais. Não estou nem um pouco animado para ver as pessoas que me colocaram nesse lugar.

  Se tem uma coisa que eu não posso reclamar desse lugar, é a biblioteca, passei o dia todo de ontem lendo ''Belo Desastre'' que peguei lá, é um livro bom, já estou quase no fim dele. Falando nesse lugar, ontem descobri também que essa Clínica se localiza em uma ilha, só não sei em qual, aliás não sei nem se estou no estado ainda.

...

- Filho? - fala minha mãe ao me ver chegar na sala de visitas - Como você está? Você está bem?

- O  que você acha?

- Carlos...- ela fala depois de perceber o desprezo em minha voz

- Não, não, não, vocês me colocam nesse lugar e depois esperam que eu esteja bem? Feliz da vida por estar aqui? 

- Carlos nós fizemos isso pelo seu bem,só ficamos preocupados com você

- Preocupados? Jura?

- Pode não parecer, mas sim. Estamos aqui por você. Quando descobrimos o que estava acontecendo tentamos de todo jeito achar um meio alternativo para cuidar de você, mas não havia outro jeito além desse. Nós sentimos muito.

 Eu não esperava aquelas palavras do meu pai, não esperava sentimentalismos da parte dele. Como eu mesmo já disse antes, de uns tempos pra cá ele só se importava com sua empresa e seus negócios. Claro que ele se importava comigo, eu era o único filho dele. 

- Nós vamos embora agora. Esse não era um bom momento pra visitar você! Mas nós voltaremos, ok?

- Mãe?

- Sim

 Por mais que eu estivesse com muita raiva deles, eu não podia negar que eles só estavam se importando comigo, como bons pais fazem. Aquele abraço que eu corri pra dar neles soou como uma espécie de despedida, não sei o porquê, mas certamente eu saberia mais cedo ou mais tarde.

- Eu amo vocês!

- Nós também filho! 





Acredito em Você (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora