IX

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 Eu estava andando por um corredor estreito, escuro e admito um pouco assustador, não tinha ideia de como fui parar ali. Minhas roupas estavam sujas de lama e meus pés descalços, me sentia como se tivesse sido atropelado por um caminhão, a cada passo que eu dava em direção ao pequeno ponto de luz no final do corredor, ele se tornava ainda mais distante e eu cada vez mais preso àquela escuridão.

 Em determinado momento, ouvi passos atras de mim, na verdade não eram bem passos e nem um pouco sutis, eram como o deslizar abrupto e violento das garras sujas e pesadas de algum ser assustador, nojento e provavelmente bem desprezível. Meu corpo entrou em choque e só consegui ouvir um som, era como um grito me chamando em uma voz gutural e de difícil entendimento. Meu coração disparado e completamente assustado não estava preparado pra isso, então em um pico de racionalidade: corri. O mais rápido que pude, mas como havia dito antes, a saída daquele túnel se tornava cada vez mais distante, e eu já sentia o hálito de carne podre e morte vindos da boca daquela fera. Me esforcei para tentar fugir das garras dele, até sentir elas perfurarem meu ombro esquerdo e de uma hora pra outra só conseguia gritar enquanto tudo ficava branco ao meu redor.

- ei, se acalme foi só um pesadelo! shhh

 Não consegui reconhecer o rosto e nem a voz da pessoa que estava falando aquilo, tudo ao meu redor estava voltando ao normal e as coisas estavam fazendo sentido. Era só um pesadelo, como tantos outros que eu já tive. 

-você está bem agora - disse Thales, segurando com força minha mão

- Thales? - perguntei, tentando acreditar no que eu estava vendo. E era ele mesmo, bem ali do meu lado, com aquele olhar preocupado e aqueles olhos que brilham mais que estrelas. 

- Você estava gritando e se mexia sem parar, eu fiquei preocupado.

- por onde você andou? por que nunca mais apareceu? - disparei essas perguntas e então lembrei do beijo 

- achei que não queria mais me ver, desculpe pelo que aconteceu, me deixei levar pelo momento 

 Não respondi, ao invés disso, me aproximei dele e com nossas respirações agindo em uma harmonia lenta e repetitiva, deixei que minhas defesas se quebrassem e que aquele ato respondesse todas nossa duvidas e sentimentos em plena confusão.

 Eu esperava por aquele beijo desde a ultima vez que o encontrei. Naquela vez, eu não estava preparado pra essa situação, ainda não me passava pela cabeça que Thales pudesse gostar de mim. Analisando a situação hoje, vejo que eu estava completamente distraído pra não perceber.

 Assim que me afasto dele, Thales me fita com uma cara que é um misto de surpresa e felicidade. É, acho que fiz a coisa certa

- Carlos... - Thales começa a dizer, mas não termina por saber que nenhuma palavra seria suficiente naquele momento

 Por alguns momentos, não consigo tirar os olhos daquele homem, fico observando a forma como ele sorri, o jeito que tira o cabelo do rosto e aqueles olhos que tanto me observam. De alguma maneira toda essa loucura faz sentido na minha cabeça, sei que mesmo que ele não exista e que eu esteja louco, eu não quero voltar ao normal. 









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