XVIII

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 Esperei a noite chegar, enquanto pensava sobre o que estava prestes a acontecer, não seria complicado, eu só teria que tomar cuidado para não fazer barulho e acabar acordando alguém. Então assim que as luzes apagaram, e meu coração entrou em disparada pela adrenalina do momento percebi que por mais fácil que fosse, meu nervosismo faria questão de tornar as coisas muito mais complicadas do que realmente eram. Esperei cerca de uma hora pra ter certeza que todo mundo já estava dormindo e então sai do quarto.

 Segui pelo corredor dos quartos em direção ao centro de todos os corredores que levavam aos quartos dos  internos, percebi que era muito mais difícil percorrer esse caminho no escuro e sem qualquer tipo de visão sobre os cômodos. Cheguei ao lugar que eu imaginava ser o centro dos corredores, eu só precisava dar 10 passos a minha direita e seguir em frente que daria direto na sala de recreação que é em conjunto com o refeitório, que era o lugar em que eu queria chegar. Sigo em direção ao refeitório e quando vou abrir a porta da cozinha percebo que eu deveria ter pensado nisso: a porta estava trancada.

- Ai meu Deus! O que eu vou fazer agora?

 Só faltava eu ter chegado até aqui e não conseguir sair por causa de uma porta trancada. Foi ai que eu lembrei que a janela da cozinha era grande e que se não a tivessem fechado, eu talvez conseguisse passar por ela. Vou em direção a ela e acabo esbarrando em uma das cadeiras do refeitório que faz um significativo barulho.

- Merda!

 Assim que chego a janela pra minha sorte ela estava aberta e consigo passar por ela com um pouquinho de esforço. Na cozinha eu precisava encontrar a chave da porta dos fundos, que pelo o que Thales me disse ficavam na parte de cima do armário verde, o problema era que pra mim todos aqueles armários eram verdes, ou pelo menos aparentavam ser verdes na escuridão da noite. Comecei a revirar todos os armários em busca das malditas chaves, depois de quase 20 minutos procurando pela chave, eu a encontro embaixo de uma cesta de frutas em cima do armário da pia.

 Depois de abrir a porta e perceber que meu shorts e minha regata não estavam muito adequados para o frio que estava lá fora, vejo a guarita onde os dois guardas se encontravam e o portão à cerca de uns 10 metros de mim. As luzes da guarita estavam acesas e um dos guardas estava acordado.

- Merda! Merda!

 Preciso que ele saia de lá, ou não conseguirei chegar ao portão sem que ele me veja. E considerando o tamanho do portão eu precisarei de um bom tempinho pra pular ele. Tenho que pensar em alguma coisa e rápido. Olho para o chão e vejo uma pedra, acho que encontrei uma forma de distrai-lo, mas eu terei que ser rápido se não quiser que ele me pega e acabe com minha fuga iminente.

 1...2...3...foi, assim que eu toco a pedra e vejo que ele desce da guarita para averiguar mais de perto de onde veio aquele barulho, começo a correr e corro o mais rápido que posso. De frente para o portão começo a escala-lo, ele tem cerca de 3 metros, mas é feito de grades de aço o que torna fácil a escalada, depois de uns minutos e que eu estou quase chegando ao alto do portão escuto:

-Ei você, o que está fazendo ai? Desça já dai.

 Paraliso ao ouvir o guarda. Presto atenção nele e vejo que existem duas opções: eu me entrego ou eu pulo daqui de cima. Mesmo considerando essas duas opções eu vejo que só há uma que eu poderia considerar. Assim que eu alcanço o alto do portão eu pulo e acabo caindo de mal jeito e em cima do meu braço, enquanto o guarda grita:

- Você não vai escapar. Reforços já!

 Corro o mais rápido que eu consigo mesmo com a dor infernal corroendo o meu braço, assim que avisto o porto e alguns barcos atracados, procuro incansavelmente por Thales e o barco que ele havia falado, não consigo acha-lo e os guardas atrás de mim já estão me alcançando.

- Carlos, aqui! 

 Logo que olho para o lado, vejo Thales em uma pequena lancha acenando para eu entrar nela. Não penso duas vezes antes de entrar. Depois que entro na lancha, Thales dispara para longe dali.

...

-Acho que despistamos eles - me diz Thales depois de uma hora tentando escapar dos guardas da clínica

- Graças a Deus! -falo enquanto Thales para a lancha no meio do nada.

 Pude finalmente respirar enquanto finalmente observava calmamente Thales. Ele estava mais lindo do que nunca, com sua jaqueta de couro preta e seus cabelos bagunçados pelo forte vento do fim daquela noite. Seus olhos pareciam duas estrelas que preenchiam aquele céu de esperanças e surpresas que era ele.

Acredito em Você (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora