XII

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 Acordo cambaleante as 06:00 da manhã, minha mãe fez questão que eu acordasse cedo pro meu ''primeiro'' dia de aula. Tomo um banho rápido e desço as escadas pra tomar café, enquanto tomo café minha mãe e meu pai discutem sobre as noticias do jornal e de como o dólar está alto. Me concentro apenas em degustar meu misto quente enquanto eles se estressam com as trivialidades do dia-a-dia.

 Fiz questão de não me arrumar muito, coloquei as roupas mais simples do meu guarda-roupa. Estou considerando esse dia como outro dos dias normais que virão pela frente, onde eu irei para a escola em todos eles.

 A ideia de voltar para a escola ainda não é uma das melhores na minha cabeça. Eu sabia que um dia teria que voltar pra ela, mas não imaginei que tivesse que ser tão cedo. Termino meu café ainda me martirizando com o dia de hoje. Meu pai e minha mãe terminam seus cafés e avisam que estão prontos pra me levar ao meu terrível destino.

 Tudo bem, talvez eu esteja sendo um pouco dramático, eu só estou voltando pra escola não é como se eu estivesse indo pro meu velório. DRAMA! DRAMA! DRAMA! Eu amo um drama, admito. Desde o momento que eu entro no carro já me sinto perdendo um pouco das vantagens que eu tinha estudando em casa, mas enfim, não tenho escolha. Como diz Inês Brasil; é aquele ditado: vamos fazer o que?

 Depois de um certo tempo no carro, estacionamos na frente de um prédio onde havia um enorme letreiro escrito: Escola Estadual de Ensino Médio Art Deco. 

- Chegamos Carlos! - meus pais dizem em uni osso

 Descemos do carro e entramos no prédio em direção á secretaria, onde um homem gordo e com um bigode bem volumoso nos esperava na porta de sua sala.

- S.r e S.r.a Levtski? 

- Somos nós

- Que bom que vieram, estava esperando por vocês - ele olhava para meus pais como um leão olha para uma zebra quando está faminto

- ótimo, queremos que Carlos comece hoje 

- tudo bem, só preciso resolver algumas burocracias com vocês dois. Ele já pode ir para a aula.

 Pensei que demoraria mais um pouco, ou que ele fosse fazer uma prova ou algum tipo de teste pra testar minha capacidade e determinar em que ano eu me encaixaria, porém ele só pediu á uma secretaria para me levar a minha sala. Imagino que ele e meus pais já haviam planejado isso há algum tempo. A secretaria me guia por um corredor ao lado oposto da secretaria que leva as salas do primeiro ano, e depois a algumas escadas que dão as salas do segundo e enfim a mais outras escadas que dão para as salas do terceiro. Ela para em uma sala e acena para mim enquanto abre a porta e fala:

- Essa é a sua turma, a TA2! Com licença professora Amélia, esse é o novo aluno: Carlos Levtski - minha vontade era de esconder o rosto, pois assim que ela me apresenta, todos olham para mim. Não havia reparado numa garota que estava de costas o tempo todo, mas assim que ela se  vira pra prestar atenção no que estava acontecendo, tenho uma enorme surpresa: ANNA!

- Bem vindo Carlos, eu sou sua professora de física

 Assim que ela me reconhece ela abre um sorriso de orelha a orelha e começa a gritar enlouquecidamente:

- Carlinhos! Carlinhos! Como assim você vai estudar aqui? - ela fala isso e num súbito ato de excentricidade vem correndo me abraçar

- Hehehe! vou sim, nossa que animação!- digo 

- Que bom, agora venha aqui sentar ao meu lado - ela me guia para uma carteira perto da dela- você não disse que estudava em casa? E agora esta aqui? Percebeu que não conseguiria ficar longe de mim e resolveu vim pra cá?

- Não, não, meus pais decidiram que era ''melhor'' pra eu estudar da forma convencional e não mais em casa

- que bom, assim você terá o prazer de desfrutar da minha presença todos os dias.

- nossa.

- mas agora sério, estou muito feliz de vê-lo aqui.

- eu também Anna, eu também. 







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