XV

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 Não acho que ele tenha provas ou que qualquer coisa que ele me mostre vá me convencer a admitir pra ele que eu'' vejo ou escuto vozes'' como ele mesmo falou. Ele olha algumas coisas no computador e liga o monitor ao fundo da sala. Assim que a primeira cena aparece eu levo um susto. Sou eu! Parece que essa cena nunca aconteceu, é como se eu estivesse vivendo em um mundo paralelo, onde Thales se fazia presente e existia. E as pessoas em outro, onde ninguém sabia quem ele era e eu era um louco falando e interagindo com o ''nada''. O vídeo que está no monitor, mostra eu falando sozinho, rindo e tocando o ''ar''. 

 É muito estranho ver aquele vídeo, é como se fosse um atestado dizendo o quão louco eu estava e o pior é que mesmo sabendo disso, eu não queria ficar ''bem'', porque se eu ficasse eu perderia completamente Thales, e de tudo que eu posso perder, ele é a única coisa que eu me nego a deixar que saia da minha vida. Sem ele, eu sei que eu não posso continuar, mesmo que eu esteja soando o mais clichê e deprimente possível, esse é meu único jeito de ficar bem. Com ele.

-Carlos? - d.r Maurício chama a minha atenção

-Sim

-Esse vídeo foi gravado na confeitaria que você foi, domingo passado, Carlos, você saiu de lá sem pagar e falando sozinho, aquele senhor que você viu na sua casa, era o gerente da confeitaria e no dia que você esteve lá ele perguntou á você se você pagaria e você simplesmente virou as costas e foi embora. Agora que você viu esse vídeo, o que você tem a me dizer?

- Eu...Eu não sei o que dizer, isso não aconteceu, eu juro

-E eu acredito em você, tu estava realmente falando com alguém, mas acredite isso era só na sua mente e além disso, há algumas testemunhas de você falando sozinho em uma praça perto da sua casa 

 Eu não sabia como reagir a todas aquelas informações, e então aquele senhor não disse aquela frase? Isso tudo fazia parte da minha mente? E ainda haviam testemunhas. Tão cedo eu não sairia desse lugar, não importa o quanto eu falasse que estava bem, haviam provas que contradiziam isso.

- Eu não sei mais o que dizer, não há nada que eu possa fazer não é mesmo?

- Claro que você pode fazer alguma coisa: aceitar que está doente e que precisa de tratamento. Vamos fazer assim, por hoje nossa conversa se encerra por aqui, e vou deixar você voltar para seu quarto e se quiser poderá interagir com os outros pacientes, você não vai precisar mais daquelas correntes, mas pense sobre o tratamento. Carlos, você já está aqui e mesmo que não queira, eu terei que começar o tratamento, se você aceitar será muito mais fácil.

 Fazia sentido o que ele dizia, mas aceitar o tratamento significava desistir de Thales, então eu não aceitaria ele, mesmo que eu me complique aqui dentro.

-Tudo bem, vou pensar nisso

-Carlos, eu só quero te ajudar, acredite em mim!

 Ouvir aquelas palavras de uma pessoa que não seja o Thales me dava embrulhos no estômago. Aquela situação toda estava cada vez mais insuportável, mas eu sabia que poderia piorar ainda mais e tive certeza disso quando ele disse:

- A enfermeira responsável por supervisionar e cuidar de você, será a Elizabeth, acho que já conheceu ela né? Qualquer coisa que precisar, ou se quiser falar comigo, ou ligar pra casa, peça a ela, ela será como sua madrinha aqui dentro.

Acredito em Você (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora