Decisão final

O término

- Mel,  saiba que você é  uma pessoa muito especial,  mas...
Não  queria ouvir o resto,  já sabia o que ele ia dizer " somos muito diferentes, então acho melhor terminarmos,  quem sabe você encontrará alguém melhor".
Dito e feito.
- Porquê? - perguntei em meio as lágrimas que caíam sobre meu rosto. Estava dando tão certo,  será que ele encontrou outra pessoa ou simplesmente não me suporta mais?
- A vida é assim Mel,  as coisas mudam. O que somos hoje não seremos amanhã. Temos que aprender a dizer adeus a certas coisas. 
Deixei ele falando sozinho,  ele despedaçou meu coração.  A medida que eu ia andando pedaços dele caia no chão. Conseguiria eu junta-los novamente ?

Reparei na suv do meu pai na garagem, -não era pra ele estar no trabalho agora? - pensei comigo mesma. Cheguei e meus pais estavam sentados com certeza me esperando. Pareciam nervosos. Esperava que não demorassem muito queria ir pro meu quarto logo. Então meu pai começou a falar.
- Melissa nós conversamos ontem e chegamos a conclusão que é  melhor tanto pra você quanto pra nós...
- Pararem de brigar? - completei  ríspida.
- Também meu anjo... - Minha mãe diz carinhosa.
- Digam logo- pedi.
- Vamos nos separar - meu pai concluiu.
Fiquei sem reação. Outra notícia ruim não,  primeiro o Jonas,  agora eles? Meu coração não aguenta desse jeito.
- Não tem outro jeito de se entenderem? Vocês não  têm ideia de como estou me sentindo agora?  Está uma bagunça na minha cabeça é muita notícia pra uma pessoa só-  desabei. 
-  Aconteceu algo que queira nos contar? Brigou com a Bruna de novo, depois vocês voltam a conversar como sempre.
- Antes fosse.
- O que aconteceu então? - perguntou um pai atencioso que eu não conhecia até então.
- O Jonas terminou comigo.
- Talvez seja melhor assim, daqui a pouco você entrará na faculdade, conhecerá pessoas novas...
Ele não  tem  ideia do quanto eu gosto do Jonas,  eu não queria outra pessoa, queria meu Jonas. Mais lágrimas insistiam em cair pelo meu rosto,  eu não consiguia segurar.
- Chega! Não quero falar sobre isso agora.
Saí de casa e fui pro meu refúgio,  precisava de um tempo sozinha.  Em um lugar tranquilo,esse lugar era o bosque; tinha uma trilha com algumas árvores ao redor;   passei por ela,  senti o cheiro de terra e mato.  Adorava esse cheiro,  ouvi o barulho dos pássaros cantando,  olhei para o céu estava tão azul sem nenhuma nuvem-  bem diferente do meu estado de espírito- pensei alto. Ouvi o barulho dos meus pés pisando nas folhas secas que estavam sob o gramado verdinho.  Como diria Jean-Jacques Rousseau -" A natureza nunca nos engana; somos sempre nós que nos enganamos." Pura verdade. Realmente nós enganamos com as pessoas,  eu por exemplo me enganei com Jonas,  pensei que ele era o amor da minha vida,  mas não, ele me iludiu,  me usou e quando se cansou,  simplesmente me descartou,  como uma roupa que não vai mais ser usada. Talvez não seja isso,  talvez ele tenha algum motivo né?  Na verdade eu não o deixei explicar.

Só voltei a noite pra casa. Não  comi nada, fui direto para o quarto,  nem estava com fome mesmo e não queria enfrentar meus pais- não agora-  murmurei pra mim mesma. Comecei a ler o livro na proxima primavera  do Ganymédes José, é uma bela história de amor,  te  recomendo. Ouvi  uma batida na porta, finji estar dormindo não queria falar com ninguém.
- Eu sei que você tá aí Mel,  se não abrir vou arrombar essa porta.
Bruna é  o tipo de pessoa que quando fala que vai fazer algo ela faz mesmo. Nunca duvide dela. Ela entrou e olhou pra mim,  fez uma cara de desgosto. Se eu tivesse em em um dia bom,  com certeza eu ia ter um ataque de risos.
- Parece que um caminhão passou em cima de você. Qual o motivo de tal felicidade pra você ter se jogado na frente de um? 
- Nossa!  Que amiga eu tenho- brinquei.
-  Eu sei que sou uma ótima amiga,  agora desembucha logo garota.
-  O Jonas terminou comigo e meus pais anunciaram o divórcio.
-  Seus pais brigavam demais,  não aguentava mais ouvir você reclamando,  já estava na hora mesmo de cada um seguir pro seu canto.  Quanto ao Jonas, eu meio que esperava,  eu sempre disse que não  confiava nele,  ainda mais depois que... ah!  deixá pra lá,  não é nada importante...

Tive a impressão que ela estava me escondendo algo. Fazia um tempo que ela estava agindo meio estranha com o Jonas,  como se não aprovasse alguma coisa que ele fez ou iria fazer. Um certo dia ouvi uma conversa deles,  apenas o final. 
                        ***
- Isso não é uma atitude de homem. Suas ações dizem aquilo que você é. Acho melhor você assumir seu erro, contar pra Mel. 
- Eu vou contar,   Bruna,  mas...
-  Contar o que Jonas? - perguntei-lhe,  entrando no meio da conversa.
Ele ficou meio desesperado,  meio receoso.
-  É  qqque... - ele começou a gaguejar.
Bruna ficou quieta no canto,  como se esperando alguma atitude dele. O fuzilando com os olhos.
- Sabe aquele dia que te chamei pra jantar no meu apartamento,  e falei que eu tinha feito a comida?  Não  fui eu.
- Ah! Isso meu amor,  eu não me importo.
Dei um beijo nele e fomos a uma festa super chata.
                    
                       ***
Agora percebi que ele havia mentido pra mim. Mas porquê?
- Fala,  termine o que começou.
Senti um aperto no peito,  pela cara dela não seria nada bom,  o jeito é esperar ela contar - pior que está não fica-  pensei.
Ela mora apenas com sua mãe,  seu pai a abandonou quando ela era um bebê.  Sua mãe finje não notá-la. Mas,  ela não liga ou parece que não. Está sempre sorridente, seu senso de humor previsível. É difícil ela falar sobre sua mãe, também nem pergunto,  pois se ela quisesse falar desse assunto,  com certeza  falaria comigo.

Eu pretendo fazer faculdade de letras,  adoro escrever.  Quando escrevo me sinto mais leve,  como se escrevendo,  despejasse mil sentimentos em uma folha de papel. É indescritível! Quanto a Bruna, não sei o que ela pretende cursar.