Outra festa

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Ambas estavam me olhando atentamente.
- O que foi gente? - pergunto desconfortável com a situação.
- Tudo bem? - perguntou Bruna preocupada.
Ignorei as fincadas no meu coração. Ainda nutria um sentimento por Jonas. Mas também sentia raiva, por ele ter me descartado sem mais nem menos. Mas como Carla me disse tempos atrás, sem nem mesmo me conhecer direito: ele não me merece. Porém, Bruna me conhecia muito bem, sabia que ele me balançava ainda.
- Claro porque não estaria...
A vendedera voltou com o vestido, interrompendo nosso assunto. Ainda bem, senão as duas iam começar um interrogatório. E o assunto, Jonas, me incomodava e eu não queria demonstrar fraqueza perto delas.

Esses dias atrás, eu fingia que ele não existia. Quando ele passava por mim no corredor, eu olhava para o lado ou seguia outro caminho. Quando o via com Raquel, pensava "esses dois se merecem mesmo". Raquel coseguiu o que tanto queria, que era além de me atingir, conquistar Jonas. Mas não vou pensar mais nisso, mesmo porque quem vive de passado é museu.

O vestido se ajeitou perfeitamente ao meu corpo. Era verde da mesma cor dos meus olhos, sem alças, cheio de pérolas no busto e caía um pouco acima dos meus joelhos. Era simplesmente perfeito. Depois compramos apenas os sapatos. Saímos satisfeitas.

Estávamos fazendo um lanche. Bruna não parava de falar sobre a tal festa. Era a mais animada de nós.
- Quem sabe encontraremos nosso príncipe nessa festa?
- Acorda Carla, isso não é um conto de fadas.
- Só porque você não acredita não quer dizer que não exista a nossa metade da laranja.
- Lerda.
- Insensível.
- Chata.
- Sem coração.
As duas sempre discutiam por coisas bobas. Mas eu sabia que elas se adoravam. A troca de carinho continuou e eu fiquei quieta no meu canto, não queria me intrometer.
Então elas começaram uma guerra de batatas fritas. Acabou que eu entrei no meio. Estávamos nos divertindo tanto que mal notamos o gerente se aproximando. Bruna sempre querer o acertou com uma batata bem no rosto.
- Ops! Me desculpe - ela disse meio corada.
-Agora estamos ferradas- pensei. Mas era engraçado. Eu estava segurando o riso, Carla estava séria e Bruna estava super sem graça ou pelo menos demostrou isso. Acabou que ele nem ligou. Até se divertiu com a situação. Disse que era normal. Coisa de adolescentes.
- Pensei que ele ia nos fazer limpar o chão - comentou Carla, assim que saímos.
- Vocês viram a cara engraçada que ele fez? - Bruna começou a rir. Típico dela.
Caímos na gargalhada junto com ela. Jamais ia esquecer esse dia. Me sentia tão feliz com minhas amigas; que o resto não importava.

- Deixa eu te maquiar, Mel.  - ordenou Bruna.
Estava nós três na casa da dela, além de Fernanda e Tess, nos aprontando para a festa. Sua mãe estava lá, mas pareceu não se importar. Algumas vezes ia até a porta do quarto, mas não falava nada.
Estava uma bagunça no quarto, cheio de coisas: batons, estojo de maquiagem; spray de cabelo, acessórios, tinha de tudo um pouco.
Bruna estava colocando o vestido, eu a ajudei para que não atrapalhasse seu penteado. Sua mãe entrou no quarto com uma caixinha nas mãos. Olhou pra sua filha com orgulho.
- Como está linda, só falta uma coisa pra completar.
Minha amiga a olhou perplexa, não esperava por aquilo. Pude ver que estava tentando esconder suas emoções. A incentivei a abrir a caixa. Havia um lindo colar com o símbolo do infinito.
- É lindo mãe- ela a abraçou meio sem graça.
Sua mãe não esperava tal atitude. Estava bastante emocionada.
- Seu pai me deu antes de você nascer.
Bruna a olhava ainda sem acreditar. Sua mãe a virou de costas e colocou o colar. Ficamos apenas observando mãe e filha.
- Vamos agora, meninas. - Bruna disse cortando a aproximação de sua mãe.
Ela estava tentando esconder que aquilo a havia afetado. A mulher a sua frente nunca havia demonstrado afeto.

- Acho que as portas do paraíso foram abertas. Olha o tanto de gatinho que tem aqui- comentou Tess.
- Do inferno também - disse Bruna quando um cara não muito bonito se aproximou dela.
Soltamos uma gargalhada e ela cortou o garoto. Coitadinho.
Um cara chegou na Tess. Era até bonitinho. Seu nome era Michael. Tive a impressão de ver um brilho nos seus olhos quando ele se aproximou.
- Vou dar uma volta tá? - anunciou se afastando de mãos dadas com o tal garoto.
- Usem cami...
Acho que Tess ouviu, pois ficou vermelha. Já o garoto se ouviu,  nem ligou.
- Que horror Bruna. Vê se isso é coisa de se falar- comentou Fernanda.
- Normal gente.
- Mas você não tem que se intrometer.
- Deixa de ser puritana Carla, até parece que nunca...
- Bruna- cortei a.
Essa menina fala cada coisa. Às vezes é preciso chamar sua atenção.
Fernanda estava conversando com um garoto. Bruna estava por aí se agarrando com alguém como sempre. Sobrou apenas eu e a Carla. Estávamos perto da piscina, observando um grupo de pessoas que estavam reunidas em uma roda.
- Acho que estão brincando de verdade ou consequência. Que tal entrarmos?
- Você é louca? Nem os conheço.
- Mas podemos conhecer.
- A companhia da Bruna tá fazendo mal pra sua cabeça- comentei.
Acabou que ela se juntou ao grupo, eu não queria participar; então fui me sentar em um banco próximo a eles.
Estava sentindo um vazio. Não estava afim de dançar, ainda mais sozinha. Fiquei por ali mesmo.
- Oi, posso me sentar?
- Claro- dei espaço ao garoto a minha frente.
Ele até que era bonito, moreno, olhos pretos, cabelos bem curtos. Mas não fazia meu tipo.
- Então, porque está solitária aqui?
- Minhas amigas estão por aí.
- Nem me apresentei; que falta de educação, sou o Henrique
- Melissa.
Ficamos um tempo em silêncio.
- Gostei muito de você, queria saber se poderia rolar algo entre nós - ele quebrou o silêncio.
- Melhor sermos apenas amigos. Saí recentemente de um relacionamento sério e não estou pronta pra isso.
- Ok então. Quem sabe algum outro dia- ele disse se levantando; parecia chateado.
Pelo menos fui sincera com ele.

Decisão finalOnde histórias criam vida. Descubra agora