Todos contra mim

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- E o que você tem haver com isso?- perguntei, indo direto ao ponto.
- É que ela não têm muitos amigos, amigos que ela poderia contar isso...
- Então você resolveu dar uma de bom samaritano? - o interrompi mais uma vez.
- Quando vim aqui, realmente pensei que você iria entender. Pelo jeito me enganei.
- Vai se fazer de coitadinho agora?
Eu estava puta com ele. E agora ele estava insinuando que era tudo culpa minha? Engano seu querido!
- Você não passa de uma menina mimada. Vê se cresce e amadurece.- ele falou essa frase gritando.
Mas não ia deixar por isso.
- E você é um mentiroso sem coração...
- Tchau Melissa.
Ele me deixou falando sozinha e se dirigiu a  porta. Mas antes de fechá-lá ele,  se virou para mim.
- Melissa você ainda vai apanhar muito da vida, ainda mais sendo egoísta do jeito que é. Amadurece!
Dizendo tais palavras, ele fechou a porta, me deixando atônita na sala.
Tinha ele razão? Claro que não. O errado foi ele. Se ainda sou apaixonada por aquele idiota? Claro que sim.

Enfim domingo. Lucas e eu fomos buscar nossos pais no aeroporto. Vi minha mãe toda bronzeada e sorridente. Meu pai estava normal.
- Então aproveitaram bastante a viagem? -perguntei curiosa.
Claudia ficou vermelha após entender o que insinuei naquela pergunta inocente. Roberto permanecia sério como sempre, como se nem ouvisse a pergunta que eu havia feito minutos antes, mas eu sei que ele ouviu e entendeu.
- Claro! Foi muito bom. Não sei porque não pensamos nisso antes.- meu pai falou direcionando seu olhar para minha mãe.
- Essa viagem serviu para libertar os meus monstros interiores.
Minha mãe voltou mais doida do que já era. Que papo estranho de monstros interiores!
Seguimos para o carro com minha mãe contando detalhes da viagem. Meu pai permaneceu calado o tempo todo.
- E as novidades? - minha mãe perguntou-nos já no carro.
- O Lucas saiu com a Carla ontem e os dois meio que se pegaram.
Como eu soube? Pela própria. Ela me contou no telefone hoje mais cedo.
- O QUÊ? - minha mãe gritou atraindo a atenção do cara que estava ao lado.
- Sério isso filho?- foi a vez do meu pai falar.
- Não dê ouvidos a Mel. Ela não sabe de nada.
- Sei sim.
- A Carla seria uma ótima namorada para você filho. Ela é uma menina comportada ao contrário da Letícia.
- Não fale nessa pessoa pai.
Letícia é a mulher que pisoteou o coração do meu irmão, desde então ele fechou o coração e prometeu a si mesmo nunca mais se apaixonar.
O silêncio reinou no carro. Lucas estava incomodado com tal assunto, que é uma ferida mal cicratizada.
- Desculpas Lucas. - eu pedi num sussurro.
Afinal foi eu quem começou.
- Desculpas aceitas. Mas da próxima vez não se meta ok? Eu não saio por aí falando coisas pessoais suas.
- Tem razão. Me desculpe novamente.- pedi envergonhada.
- Acho que vocês dois estão precisando de uma viagem para pensar na vida e desetressar um pouco.- a doida da minha mãe disse.
- E quanto a você Mel, teve alguma novidade no decorrer da semana?- disse meu pai. Mudando de assunto completamente.  Sensato como sempre.
Eu tinha que falar sobre Cristian com eles. Eu tinha que falar e precisava fazer isso.
- Prefiro não falar sobre isso no carro. Pode ser?
- Claro.
Senti os olhos de Lucas sobre mim e havia preocupação neles. Então lancei-lhe um olhar de "não se preocupe ", que foi entendido por ele. 

Chegamos a nossa casa. Meus pais resolveram tomar um banho primeiro e descansar. Por isso resolvi conversar com eles depois.
Ah! Esqueci de contar que meu pai voltou pra casa. Sabia que uma hora ou outra ele voltaria.
Resolvi ligar para Carla, pois a mesma é a mais sensata das minhas outras amigas e precisava exatamente de uma assim agora.
Ela atendeu no segundo toque.
- Oi Mel. Aconteceu algo?
- Não... quer dizer, mais ou menos.
- Desembucha logo garota.- ela disse impaciente.
-  Aquele idiota veio aqui ontem querendo conversar.
- E o que ele disse?
- Disse que estava só conversando com a ex, pois esta estava passando por problemas sérios e que ele era a única pessoa  com quem ela podia contar.
- E você acreditou nele e o perdoou né?
- Claro que não né. Uma vez mentiroso, sempre mentiroso.
- Você é uma burra Mel. Alguém já te disse isso?
- Não. 
- E qual é o problema da ex dele? - Não sei. Ele foi embora antes de me falar, me chamando de mimada, criança e egoísta.
- Talvez você tenha sido um pouco infantil.
- INFANTIL? -gritei. Afinal ela está do lado de quem?
- Isso mesmo que você ouviu.
- Você não sabe de nada Carla.
- Então por que me ligou? Vê se amadurece.
Dizendo isso ela desligou na minha cara. Amadurecer? Outra vez isso?

Meus pais entraram no quarto logo depois, seguidos por Lucas. Esperei eles se acomodarem e comecei.
- Eu estava namorando.
- Como assim estava?
- Por que terminamos mãe.
- A quanto tempo estavam juntos?-perguntou meu pai. 
- A mais ou menos um mês.
- E porque terminaram?
Expliquei a eles sobre o término. Lucas apenas observava, pois já sabia de toda a história. Falei também sobre a conversa que tivemos ontem, ou melhor, a tentativa de tentar conversar.
- Você nem deixou o garoto se explicar Mel.
- Deixei sim mãe.
- Você mal ouviu a versão dele filha. Foi imaturidade da sua parte.
De novo isso de que fui criança, infantil e imatura? Até meus pais estão do lado daquele idiota?
- Nada a ver pai. Não fui imatura.
- E quem é esse garoto? Por acaso estuda na sua escola?
- Não mãe. Meu pai já o conheceu.
- Já sei quem é. É aquele garoto loiro que conhecemos no hotel?
- Esse mesmo. O nome do idiota é Cristian.
- Acho que você devia conversar outra vez com esse garoto. Ouça a versão dele.- Lucas se intrometeu pela primeira vez na nossa conversa.
- Já conversei uai.
- Conversou nada Mel. Acho que esse garoto tem razão. Você está sendo uma mimada egoísta.
Está todo mundo contra mim?

Decisão finalOnde histórias criam vida. Descubra agora