Esperanças

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- Você também não é nada daquilo que eu esperava, mas não deixa de ser um idiota.
- Mais um idiota gato né?
Senti como se meu rosto estivesse pegando fogo.
- Talvez.
- Sei.
Começamos a rir, depois o silêncio pairou. Ouvíamos somente o barulho do mar. Estávamos só nós ali, o que me deixava ansiosa. Senti Cristian me olhando, depois ele colocou sua mão na minha e pôs a outra na minha nuca nos aproximando. Meu corpo se arrepiou com seu toque. O que vinha a frente? De repente o celular dele começou a tocar- porque esse celular tinha que tocar logo agora? - me perguntei.
- Temos que ir já está tarde- ele disse depois de atender o celular. - Claro.
Ele novamente me levou até meu quarto. Parecia nervoso. Quem diria ele nervoso.
- Vou embora de manhã, então acho que não vamos nos encontrar mais.
- Moramos na mesma cidade esqueceu? E existe telefone pra quê?- disparei.
Porque eu fui abrir minha boca? Ele deve estar pensando que estou dando em cima dele.
- Ok. Me passa seu número aí, então.
Fiquei parada por alguns segundos perplexa. Como assim? Passei mas não anotei o seu. Será que me ligaria?
- Então tchau- ele disse se afastando.
- Tchau.
- Mel...- ele parecia se decidir se falava ou não.
Olhei para ele esperando.
- Nada não. Te ligo depois.
Ele saiu levando meu coração consigo. O jeito agora era esperá-lo me ligar. Quem sabe ele me chamaria pra sair. Só de pensar que ele quase me beijara. Porque aquele celular tinha que tocar? Tinha que contar para minhas amigas. Liguei pra Bruna, ela não atendeu. Resolvi ligar para Carla.
- Te acordei?
- Não. Aconteceu algo?
- Muita coisa.
Contei a ela sobre Cristian e sobre o quase beijo.
- Não se iluda Mel. Talvez ele não seja aquilo que você pensa. Tá tudo muito perfeito e vocês mal se conhecem.
-Mas há alguns dias você disse que podia ser o destino.
- Mas posso ter me enganado.
- Eu gosto dele Carla. Toda vez que chego perto dele, meu coração se acelera, minhas mãos começam a suar, sinto como se tivessem borboletas revirando em meu estômago e não consigo parar de olhá-lo.
- Acho que você anda lendo muitos romances.
- Como você está?- resolvi mudar de assunto antes que começácemos a brigar.
- Tô bem. Depois daquilo me senti bem melhor.
- Que bom. Minha mãe me disse que almoçou aí ontem.
- Almoçou mesmo. Ela é ótima. Bruna e sua mãe também vieram.
- Sério? E estão se entendendo?
- Parece que sim.
- Agora tenho que desligar. Boa noite.
-Boa noite.
Eu queria perguntar sobre Tess, acho que não seria uma boa ideia.

Bruna, Carla e Nanda foram pra minha casa depois que cheguei. Eu queria descansar um pouco, mas quando cheguei já estavam me esperando.
- Como assim vocês quase se beijaram e quando ia me contar?
Pelo jeito as notícias já correram. Fuzilei Carla com o olhar, essa pareceu nem ligar.
- Eu te liguei ontem Bruna, mas você não me atendeu.
- E você pediu o número dele?
- Não Nanda, mas ele pegou o meu. Será que ele vai me ligar?
- Claro que sim uai.
- Mas vocês não acham que ele é tipo muita areia pro meu caminhãozinho.
- Se ele não percebeu o quanto você é linda Mel, acho que ele corta pra outro lado, o que seria um desperdício, porque ele é um...
- Bruna- a cortei.
- Tá com ciuminho?
- Cala a boca Carla, não entra nessa!
- É uma troca de carinho aqui.
Nós todas olhamos para Nanda.
- Não me olhem assim.
- Soube que a Raquel tá grávida mesmo.
- Como soube Bruna?
- Eu tenho meus métodos- piscou pra mim.
Elas foram embora um tempo depois. Agora dava para dormir. Subi para o meu quarto. Mas minha mãe chegou na porta.
- Oi meu anjo, mal tivemos tempo pra conversar, como foi lá?
- Foi bom.
Contei sobre tudo, até sobre Cristian, menos a parte do quase beijo. Senão ela ia surtar.
Finalmente pude dormir depois. Estava esperando a ligação de um certo alguém.

Acordei atrasada para a aula. Me arrumei rapidamente. Desci as escadas. Dei um rápido beijo na minha mãe que já estava na mesa, peguei uma maçã e corri pra escola. Acabei encontrando com Carla no meio do caminho.
- Também atrasada Mel?
- Dormi mais que a cama.
- Então somos duas.

Mal prestei atenção na aula, estava cochichando com minhas amigas.
- O quarteto fantástico tem algo para nós dizer?- a professora de Português nos perguntou.
- Na verdade, estávamos comentando sobre o que a senhora acabou de dizer, que o principal escritor do Romantismo foi José de Alencar.
- Está correta Bruna.
Enganou a professora direitinho. Como ela sabia daquilo? Mas tarde soube que ela estava com o livro aberto em cima da mesa.

A semana passou num borrão, hoje já é sexta e Cristian nem deu as caras. Iríamos para aquele bar que fui com Carla, Tess e Nanda quando Bruna não queria conversar comigo.
Estávamos sentadas bebericando nossas bebidas, observando o local. Tess entrou, seguiu pra longe de nós fingindo não nos ver. Comentei com as garotas que uma hora ou outra a ficha ia cair e elas concordaram.
Meu coração acelerou quando vi Cristian entrando com aquele amigo dele. Infelizmente ele nem me viu. O bom é que ele não estava acompanhado por nenhuma mulher.
- Vai lá conversar com ele.
- Eu não Bruna, tá doida? E se ele não quiser conversar comigo?
- Não custa nada tentar Mel.
Fui até onde ele estava. Muito nervosa. Ele se surpreendeu com a minha chegada.
- Melzinha, você por aqui? Tá sozinha?
- Tô com minhas amigas- disse apontando para as meninas.
- Não vai me apresentar sua amiga Cristian?
- Daniel essa é a Mel, aquela amiga que te falei.
Nos comprimentamos, então eles andaram falando de mim hein.
- Não vou ficar de vela aqui. Vou conversar com aqueles gatinhas ali- Daniel disse indo em direção à minhas amigas.
- Não te liguei antes porque perdi seu número.
- Sei...
- Sério.
Será que ele falava a verdade ou estava me dando falsas esperanças? Acho que a primeira.

Decisão finalOnde histórias criam vida. Descubra agora