Seguindo em frente

13 2 0
                                    

O encontro de casais ia acontecer, mas eu não iria. As meninas pediram para eu ir, afinal ia ser também um encontro de amigos. Mesmo assim preferi não ir.
Precisava ficar sozinha. Então por isso resolvi ir até o meu refúgio, fazia muito tempo que eu não ia lá. Fui andando mesmo. É perto da minha casa, não muito; mas dava pra ir a pé. Segui pelo gramado. O lugar estava calmo e silencioso. Preferia assim. Dava para se ouvir somente o barulho das folhas das árvores se balançando por conta do vento e o cantar dos pássaros. É impressionante como a natureza age em sintonia. Ao contrário do ser humano, que age sempre pensando em si mesmo. Não todos é claro!
O ser humano comete erros e erros e ainda assim, segue por esse caminho defeituoso. Parece que gosta de apanhar da vida. Vai entender!

Cristian não podia ter me enganado. Ele ainda foi pior que o Jonas. Não que eu aprovasse a atitude de Jonas, nada disso. É que eu nunca imaginei que Cristian faria tal coisa. Mas nos enganamos com as pessoas. Ou melhor, elas nos enganam. O pior de tudo, é que eu sou apaixonada por Cristian e isso machuca demais.
Meu celular tocou. Olhei o identificador de chamadas. Cristian. Não vou atender. Ele com toda a certeza irá me dizer que foi um engano e que não era nada daquilo que eu estava pensando. Aff! Ninguém merece! Pude ver um monte de mensagens dele.

Mel precisamos conversar.

Mel me atende.

Por favor, me ouça.

Vc tem que entender Mel.

Onde vc tá não te encontrei na sua casa?

Que canalha! O idiota quer que eu entenda. Entender o quê? Que eu sou uma burra que caiu no papo dele? Uma lerda apaixonada e iludida? Não vou cair na sua novamente Cristian. Não mais.
Pensei em ligar para minha mãe. Nada melhor do que um conselho de mãe nessas horas. Mas eu não queria atrapalhar a lua de mel deles. Por isso resolvi esperar ela chegar. Faltam apenas três dias.

Estamos na escola. Era a hora do intervalo. Sentei-me junto às meninas que já estavam lá.
- E quanto ao Cristian Mel?
- Não fale daquele idiota Carla. Por favor.
- Mas não aguentamos ver você com essa cara. Você tem que enfrentar essa situação de cabeça erguida.
- É o que eu estou tentando Nanda. Mas é difícil quando se trata do coração.
- Estamos com você Mel. Se eu encontrar esse garoto, juro que o deixo aleijado. - Bruna disse pegando minha mão.
Rimos do que ela havia dito. Era bom ter minhas amigas por perto. Ainda mais nesse momento.
- Você nunca estará sozinha Mel.- Carla disse me olhando com cumplicidade.
- Pode contar sempre. - completou Tess sorrindo para mim.
Existem amigas melhores que essas? Não.
- Agora vamos falar de outra coisa? - pedi.
- Passou da hora. Não aguento mais essa melação. - Bruna disse revirando os olhos.
- A Raquel vai ter uma menina. - disse Carla.
- Sério? E como soube?
- Todo mundo sabe Tess. - eu disse.

Estava feliz por eles. Apesar de tudo, não os odeio. Eles merecem a felicidade.

- Será que ela continuará estudando depois que o filho nascer?- perguntou Carla.
- Não sei. Mas ela deveria. Afinal falta apenas um ano para ela terminar.- disse Nanda.
- E quanto a faculdade?- perguntei.
- Se ela deixar de estudar por conta do filho. É muita burrice da parte dela. - disse Bruna.
- Mas um filho exige muito tempo e trabalho.
- Tem razão Tess. Mas não é por causa disso que ela deve parar sua vida.
O sinal do fim do intervalo soou. Ainda faltava mais duas aulas para o término da aula. Ainda bem.

Até que enfim sábado. Meus pais voltam amanhã. Mesmo eles tendo ficado apenas uma semana fora, senti muitas saudades deles. Parecia que não iam chegar nunca.
Cristian continuava me ligando e mandando mensagens incansavelmente. E eu ignorava todas.
- Então animada para o encontro?
- Eu já disse que não vou Lucas. Não adianta insistir.- disse irritada.
- Mas não quero que você fique sozinha em casa Mel.
- Já fiquei várias vezes Lucas, então não se preocupe.
- Mas vai que aquele idiota aparece aqui.- ele disse me fitando.
- Não vai. E se aparecer eu não vou abrir a porta.
- Tem certeza que vai ficar bem sozinha?- ele perguntou preocupado.
- Claro!

Acabou que todos foram ao tal encontro. Espero que se divirtam. Fiquei assistindo um seriado na TV, precisava tirar aquele idiota da minha cabeça. A companhia tocou. Olhei no olho mágico e não vi ninguém. Deve ser algum moleque. Me deitei novamente no sofá. Mas a campanhia tocou de novo. Que merda! Olhei no olho mágico e novamente não havia ninguém. Tá de sacanagem comigo hein! Abri a porta e me surpreendi com Cristian parado na rua e com o buquê de rosas nas mãos. Me lembrei do dia em que ele me pediu em namoro. Ele se aproximou de mim. Nesse momento meu coração acelerou. Seus olhos mostravam arrependimento. Mas eu não ia confiar.
- Mel, essas rosas são para você. - ele disse me entregando o buquê.
- Obrigada. Agora preciso entrar.- disse friamente.
Fiz menção de fechar a porta, mas ele me impediu.
- Me escuta Mel. Por favor. Te peço apenas isso. Só quero conversar.
- Não tenho nada para conversar com você Cristian.
- Tem sim Mel. Eu tenho explicações a te dar. Me deixe entrar.
Deixei. Mas apenas para conversar. Coloquei as rosas em um vaso e me sentei no sofá, longe dele. Ele começou.
- Aquele dia eu estava apenas conversando com a Rebeca...
- Então esse é o nome da vadia? - o interrompi.
- Não me atrapalhe Mel.
Fiquei calada, não iria interromper. Vamos ver qual a história que o idiota vai inventar dessa vez.
- Então como eu ia dizendo, eu estava só conversando com ela...
- Conversando sei. - o interrompi novamente.
Ele parecia realmente bravo. Então deixei que ele continuasse a história.
- Ela está passando por sérios problemas.
Será que esse problema é tão sério a ponto dela precisar do Cristian? Não tinha outra pessoa?

Decisão finalOnde histórias criam vida. Descubra agora