Inimigo

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Senti que o grupo estava olhando pra mim. Alguns riam, até Carla - Será que tem alguma coisa de errada comigo, minha maquiagem será que está borrada? - pensei comigo mesma.
- Duvido- disse um dos garotos do grupo.
- Também duvido, cara- disse outro.
Duvida de que gente? Estava curiosa. Então um garoto se aproximou de mim; com cara de psicopata. Dei um passo para trás; me afastando. Será que tentaria me beijar? Mal sabia eu o que iria acontecer. Repentinamente, o garoto me pegou no colo e me jogou na piscina.
- Não acredito nisso, seu idiota- comecei a gritar.
- Prazer- ele disse com cara diversão.
Foi aí que reparei nele, era alto e seus cabelos loiros bagunçados iam na altura dos olhos bem azuis. Tinha um sorriso que deixava qualquer uma sem ar.
Saí da piscina, ele me olhava de cima abaixo me analisando. Foi aí que percebi que o vestido estava um pouco transparente. Cruzei os braços para tampar sua visão.
- Seu idiota- eu disse o empurrando na piscina.
Ele não esperava por isso. Me fuzilou com os olhos. As pessoas ao redor apenas observavam a cena. As meninas vieram até mim.
- Tudo bem aí?- perguntou Carla olhando meu vestido.
- Estou ótima  e você? - disse irônica.
Foi aí que um garoto a empurrou também na água. Acabou que várias pessoas foram empurradas, outras simplesmente se jogavam, não se importando com a roupa molhada. As garotas nem ligavam pra maquiagem borrada ou pro cabelo arruinado. Foi até divertido.
O idiota também estava lá, conversando com um garoto. Vezes ou outra olhava pra mim, pelo jeito estavam falando de mim. Com certeza. Fui até eles.
- Perdeu alguma coisa aqui, idiota? - perguntei ao loiro que me olhava com zombaria.
- É a segunda vez que me chama de idiota nessa noite. Não tem outro nome pra me chamar não?
- Idiota idiota idiota- disse apenas para irritá- lo.
Então uma garota se aproximou dele. Parecia sua namorada, pois ela chegou o abraçando.
- Quem é essa aí? - perguntou me olhando com desgosto.
Nem liguei. Quem disse que eu queria alguma coisa com o namoradinho dela? Que poderia ser até lindo de morrer, mas não deixava de ser um idiota.
Me afastei do casal e fui até minhas amigas.

- Pelo jeito nada saiu como planejado- disse Bruna tirando o vestido e colocando um pijama.
Hoje ela ficaria na minha casa. Deitei na cama e fiquei olhando pro teto. Meus pensamentos foram até o idiota de olhos azuis.
- Planeta terra chamando- Bruna disse passando uma mão em frente ao meu rosto.
- Desculpa. Estava longe.
- Ou em um loiro de olhos azuis, que por sinal é um gato.
- Claro que não. Tanta coisa melhor pra pensar- menti.
- Sei...
- Falando nisso e aquele garoto, rolou algo entre vocês?
- Só alguns amassos- disse pensativa.
- A Tess e Nanda se deram bem, acho que vai dar namoro- ela disse mudando de assunto.

Fomos dormir bem tarde, ficamos fofocando sobre a festa. Acabamos que nem fomos na aula hoje. Pedimos comida, não estávamos afim de cozinhar.

Trimmmm... O telefonou tocou. Fui atender, era a mãe da Bruna. Que estranho! Ela quase nunca ligava.
- Alô. 
- Oi Mel, queria saber se a Bruna chegou bem.
- Chegou. Quer falar com ela?
Minha amiga balançou a cabeça, se recusando a falar com sua mãe.
- Ela está no banheiro agora, se quiser esperar um pouco.
- Precisa não; deixa pra lá. Só queria saber se ela estava bem mesmo. Fala pra ela que liguei. Tenho que desligar. Obrigada. Tchau.
- Tchau.
Desligou.
- Eu não reconheço essa mulher não. Acho que ela foi abiduzida por extraterrestres e apareceu essa aí.
- Essa aí, é a sua mãe.
- Sério? Desde quando? - revirou os olhos.
- Desde sempre. Ela se preocupa com você.
- Mas porque agora? Quando eu precisava de um colo de mãe ela não estava presente. Tinha vezes que precisava de conforto e ela nem ligava.
- Ela estava sempre presente, acho que você que a afastava.
- Afastava não. Era só ela entrar no meu quarto. Tão fácil- disse com lágrimas nos olhos.
- Mas você não facilitava as coisas, quase nunca se sentava a mesa com ela e quando sentava, simplesmente a ignorava. Nunca a chamava pra sair ou almoçar.
- Então agora eu sou a culpada? - aponta para si.
- Não. As duas são. Vocês falharam uma com a outra.
- Você acha?
- Acho. Mas a vida está lhes dando outra chance.
- Mas será que ela me perdoará? A tratei mal várias vezes. - diz arrependida
- Ela já te perdoou.
Ela continuava chorando. Mas não era de tristeza.
- E seus pais, como estão? - mudou de assunto. 
- Meu pai alugou um apartamento, vem me ver todo final de semana. Minha mãe está bem mais feliz depois daquele jantar. Acho que andam se encontrando ainda.

Ainda não entendia porque eles escondiam isso de mim. Quando eles falarem, vou apenas fingir que não sabia de nada.
- Que bom que nossas vidas estão começando a se acertar. Mas eles estão precisando de um empurrãozinho- ela disse com cara de que ia aprontar alguma.

A ideia dela era marcar um jantar. Só que sua mãe e nós também iríamos.
Além de tentar juntar meus pais, sua relação com sua mãe se fortaleceria, era raro elas saírem juntas.
Minha mãe entrou na porta do quarto. Estranhando nosso silêncio.
- O que estão aprontando meninas?
- Eu nada- me defendi.
- Cláudia, eu e a Mel estávamos pensando em marcar um jantar. Podemos chamar minha mãe e até seu mari... seu ex marido. Que tal?
- Boa ideia, porque não pensei nisso ainda? Nem conheço sua mãe direito.
- Então está marcado mãe?
- Porque não. Mas que dia?
- Que tal esse fim de semana? Minha mãe está de folga esse sábado.
- Pode ser. Você liga pro seu pai Mel?
- Não, prefiro que você ligue.
Tudo estava saindo como planejado. Estava ansiosa. Mas já percebeu que quando queremos que um dia chegue; mais ele demora?

Só senti um trem gelado descendo pela minha blusa.
- Não acredito- xinguei.
- Me desculpa.
Olhei para pessoa que havia derramado sorvete em mim. Me surpreendi com o que vi.
- Não acredito, você tá me seguindo?

Decisão finalOnde histórias criam vida. Descubra agora