Quebrando regras

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O hotel é perfeito e ainda por cima cinco estrelas. Um lugar feito pra diversão.
Estava no quarto, ajeitando as roupas no guarda-roupa, meu pai havia se encontrado com seus colegas. Então o jeito era ficar sozinha mesmo.
O quarto era bem espaçoso com uma bela decoração. A janela tinha vista para o mar. Era lindo de se ver.
Depois de arrumar minhas roupas, botei um biquíni preto e resolvi ir pra piscina.
Nadei um pouquinho, admirei a vista, dei uma volta. Mas o tédio me atingiu, estava em um lugar daqueles e não tinha uma companhia. Sentei-me na piscina e fiquei pensando. 

Meus pensamentos foram pra Carla. Depois da sua confissão não saímos do seu lado, ela havia passado por uma barra e tanto e era super importante ela ter as amigas por perto. Tess não havia dado as caras desde então. Uma hora ou outra a ficha ia cair. Bom, eu esperava por isso.

Estava chato ficar ali, resolvi ir a recepção perguntar onde ficava a biblioteca.
- Como assim não tem uma biblioteca aqui.
- Desculpe-me senhora, só há  uma  fora daqui.
Senhora é a sua mãe-  falei alto. Como assim não tem uma biblioteca nesse lugar, aqui tem tudo, povo sem cultura. Sai de lá murmurando comigo mesma.
- Oi moça, quanto tempo hein. Tá bravinha? 
Olhei para Cristian que estava com uma cara de divertimento. Garoto cínico!
- O que você está fazendo aqui?
- Vim com meus pais. Eles vieram  fazer um projeto com outros colegas de profissão e resolvi vir junto pra sair um pouco da rotina.
- Sei... E cadê eles?
- Foram se encontrar com algumas pessoas por aí.
- Seus pais são advogados por um acaso?
-  Quer investigar minha vida Melzinha?
- Claro que não e não me chama assim.
- De quê? De Melzinha?

Esse garoto tá pedindo pra morrer não tá? Ele continuava lindo de morrer e toda vez que chegava perto dele me sentia como se tivessem borboletas revirando em meu estômago. Deve ser atração ou... Não quero pensar nisso.

- Idiota.
- Então porque quer saber a profissão deles?
- Porque meu pai é. Também está  aqui e veio a trabalho.
- Sério? Que coincidência não, acho que nossos pais se conhecem ou estão prestes a se conhecerem.
-  Parece. Mas você não me respondeu.
- São. Mas por que se importa tanto hein Melzinha?
- Nada uai.
- Agora porque saiu tão brava dali-  perguntou apontando pra recepção.
- Porque aqui não tem uma biblioteca e não tenho nada de interessante pra fazer.
- Acho que tenho uma coisa interessante para fazermos, que tal? -sugeriu com cara de safado.
- O que tá sugerindo garoto? - perguntei sentindo meu  rosto em chamas. Se bem que não seria má ideia. A proposta é tentadora. Mas eu não ia cair nessa.

- Não precisa ficar vermelha, não é nada do que você está pensando. Ou você queria que fosse?
- Claro que não. Se enxerga garoto.
- Então topa?
-  Não. Mal te conheço.
-  Mas pode conhecer- disse me puxando pelo braço.
- Me solta seu brutamonte. - tento puxar meu braço do seu aperto. 
- Deixa de ser chata Melzinha.
- Aonde vamos?
- Quebrar um pouco as regras uai. Vamos nos divertir um pouco.
Ele me levou até a sala de jogos. Jogamos vídeo game, PlayStation, coisas de meninos. Até pulamos na cama elástica, escondidos é claro. Mesmo porque, é apenas para crianças. Quem diria eu fazendo essas coisas.
- Vamos tomar um sorvete?
- Pelo que me lembro nosso encontro  na sorveteria não se saiu muito bem.
- Eu sei. Então vamos mudar essa primeira impressão. Sorvete de quê?
- De baunilha por favor.
- -Sua cara.

Terminamos de tomar sorvete e fomos para o mar que ficava fora do hotel.
- Que lindo esse lugar. Dá vontade de ficar aqui e nunca mais sair.
- É um ótimo lugar para pensar na vida.
- Você pensa? Quem diria.
- Deixa de ser chata garota.
- Você faz faculdade de quê?
- Adivinha?
- De advocacia?
- Claro. - fala orgulhoso.
- E você gosta?
-  Claro. Se não gostasse por que faria?
- Seu grosso! Você tem irmãos?
- Curiosa hein. Tenho um irmão. Agora me fale de você- mudou de assunto. Estranho!
- Nada a ver. Só quero te conhecer melhor uai.
Conversamos mais. Eu falei sobre a minha vida, ele falou um pouco da sua. Mas ele se recusou a falar de seu irmão. Até que tínhamos algumas coisas em comum.

- Já está escurecendo vamos voltar?
- Claro.
Seguimos pelo jardim muito bem cuidado. Cristian pegou uma rosa e me entregou. Ele não parecia ser dessas coisas.
- Obrigada.
- De nada.
- Não pode arrancar flores daqui- o jardineiro disse bravo.
-  Me desculpe senhor. Não vamos fazer isso novamente-  Cristian disse arrancando outra rosa.
- Seus...
Saímos correndo, mal ouvindo o jardineiro nos xingando.
- Você é doido garoto?
- Eu não- disse com cara de inocente.
Ele me levou até o meu quarto e seguiu pro seu. Esse garoto confundia minha cabeça. Ora agia com grosseria ora como um anjo. Um mistério. Mas mal via a hora de encontrá-lo novamente.
Tomei um longo banho na banheira, vesti um pijama e fui assistir TV. Precisava descansar, estava exausta.
Logo depois de um tempo, alguém bateu na porta. Seria ele? 
- Oi pai.
- Oi meu anjo, como está?
- Cansada. Como foi lá.
- Foi ótimo, conheci pessoas maravilhosas. Se divertiu muito aqui?
- Sim. Foi bom. Senti sua falta, mal nos vimos.
- É mesmo. Sinto muito. Mas para compensar por isso, amanhã vou passar o dia inteiro com você.
Por que eu fui abrir a boca hein?
- Tá bom.
- Agora vou te deixar descansar.
Me deu um beijo na testa e saiu do quarto.
Dormi um pouco,  acordei assustada com um barulho na janela.
- Ei abre aqui Melzinha!
Meu coração acelerou.
- O que tá fazendo aqui? - pergunto depois de abrir.
- Estou sem sono.
- Então resolveu vir aqui tirar o meu?
- É claro- respondeu deitando-se na cama e mexendo no controle remoto.
Que maluco! Ele não regula muito bem não.
- Deita aqui, vamos assistir um filme.
Foi aí que percebi que estava parada perto da janela. Já estive sozinha em um quarto com o Jonas.  Mas com Cristian era super diferente.
- Eu não mordo garota. Só se você  pedir- disse piscando os olhos.

Decisão finalOnde histórias criam vida. Descubra agora