A briga

65 3 0
                                    

- Um tempo atrás, eu vi o Jonas com a Raquel, eles estavam no maior amasso atrás da escola. - Bruna fala. 
- Porque não me contou, pensei que você era minha amiga, pelo jeito me enganei. - dou um suspiro drsanimado.
- Eu iria te contar, só não contei antes porque ele prometeu que te contaria. Você estava tão feliz que eu não queria atrapalhar. - se levanta da cama e anda de um lado pro outro.
- Se você fosse minha amiga, concerteza falaria comigo, assim que os visse juntos.
- Eu sinto muito... - parece arrependida.
- Deixei de saber, agora saía do meu quarto. - mando apontando pra saída.
Caí no choro novamente, era uma bomba atrás da outra. Estava muito chateada com ela, com Jonas, com meus pais. Será que essa dor passaria? Meu coração machucado cicatrizará ?
- Quer saber Mel, você é uma egoísta, vive reclamando da sua vida. Ah! Bruna o Jonas não sei o quê. Ah! Bruna não aguento meus pais. E quanto a mim Mel? Eu sempre te apoio, mas você nunca pergunta se estou bem, como foi o meu dia. Você pelo menos tem família pra te apoiar. Meu pai está por ai sei lá aonde, minha mãe nem quer saber se estou ou não bem,; sendo que mora na mesma casa que eu. Agora você tem tudo e apenas reclama, estou cansada disso. - desabafa.
- Agora vai se fazer de vítima heim...
- Tchau Mel, quem sabe um dia você aprenda a valorizar aquilo que tem.
Então ela saiu.

Fiquei pensando naquilo que ela havia me falado. Talvez ela tenha razão. Seu pai sumiu do mapa, não queria nem saber se a filha estava passando fome, quanto a mãe, se é que podia chamar de mãe, nem se importava com ela. Resumindo: eu era a única pessoa que ela tinha, pra falar a verdade ela vivia mais na minha casa do que na dela, mas eu sou uma péssima amiga. Não acredito que a perdi também. Eu falhei com ela, mas nunca é tarde demais. Liguei pra ela milhões de vezes. Desligado. Amanhã vou na casa dela.

Coloquei meus fones de ouvido estava sem sono. I'm not a girl da Britney Spears começou a tocar.

I'm not a girl, not yet a woman
All I need is time
A moment that is mine
While I'm in between
I'm not a girl

Eu não sou uma garota, nem ainda uma mulher
Tudo que preciso é tempo
Um momento que seja só meu
Enquanto estou nessa transição
Eu não sou uma garota

Essa música realmente me tocava, tinha um pouco a ver comigo, com a situação na qual me encontro. O tempo resolve tudo, feridas mal cicatrizadas, dores que até então achávamos insuportáveis.

Mal dormi, revirava de um lado pro outro, ainda era cinco da manhã. Tinha uma hora ainda pra começar a me aprontar pra escola. Resolvi preparar o café, minha mãe ainda estava dormindo. Assei uns cookies e algumas torradas. Fiz um pouco de suco, fritei alguns ovos com bacon. Hoje estou animada, aliás quase nunca preparo o café.
- Que cheiro delicioso, parece ótimo! -ouço a voz da minha mãe. 
Minha mãe me deu um beijo no rosto. Tive a nítida impressão de que estava bem triste.
- Bom dia, mãe, pelo jeito acordou de bem com vida.
Vi um traço de tristeza nos seus olhos.
- É o meu pai né? - pergunto.
- Mais ou menos. Ontem ele resolveu ir para um hotél, acho melhor assim mesmo, para as coisas se acalmaram.
Sua expressão mudou, agora mostrava esperança. Ela ainda o amava. Até então eu havia pensado apenas em mim, minha mãe também estava sofrendo. Falhei com ela também.
- Mãe, tenho certeza que as coisas vão se acertar.
- Espero meu anjo, agora mudando de assunto, ontem a noite a Bruna saiu muito brava. Brigaram novamente?
- Brigamos . Só que agora a coisa é séria, eu não sei o que fazer.
Ela me abraçou. Eu estava precisando de um conforto mesmo. Nada melhor que o colo de mãe. Contei a ela o motivo da briga, ficou pensando um tempinho, ainda me abraçando.
- Nunca é tarde demais, minha filha. Sempre temos a chance de recomeçar, mas para isso temos que assumir nossos erros. Converse com ela.
Continuamos a tomar café. Ela tinha razão.

Assim que cheguei a escola, procurei por ela, Mas não a encontrei em lugar nenhum. Andei pelos corredores, mas avistei uma coisa pelo qual eu não estava esperando. O Jonas e a Raquel no maior agarramemto no corredor. Finji não ver, saí andando, aquilo não iria me atingir. Pude notar alguns sussurros enquanto eu passava, a maioria me olhavam com pena. Eu não queria pena de ninguém. Eu sou forte.

Entrei na sala. As horas passaram rapidamente, quando percebi havia soado o final da última aula. Corri para fora, não queria mais olhares de pena. Mal notei a Carla falando comigo. Ela estudava na mesma sala que eu, porém havíamos só trocado algumas palavras. Morava perto da minha casa.
- O que você disse, estava distraída.
- Ele não te merece.
Quem ela pensava que era? Eu não dei a permissão pra ela falar da minha vida. Quem me merecia ou não, não era da sua conta.
- Sério? E como você sabe disso?
Continuei andando, mas ela veio atrás. Seu olhar mostrava sinceridade. Não devia ter sido tão grossa com ela.
- Me desculpe, estou meio nervosa.
Ela deu de ombros. Seus cabelos castanhos repicados iam na altura do ombro. Seus olhos azuis me olhavam com curiosidade. Era um pouco mais baixa que eu.
- Tudo bem. Tchau.
Ela seguiu andando a minha frente. A acompanhei, afinal morávamos no mesmo bairro.
-Então, porque não conversou comigo antes- perguntei por curiosidade.
-Você estava sempre com aquela doida da Bruna e o seu namoradinho, que eu não me aproximava.
-Só por causa disso?
-Não sei se é impressão minha, mas seu jeito não nos permitia aproximação.
-Que jeito? - quis saber.
-Seu jeito fechado, mais na sua; não quer saber de papo com mais ninguém.

Eu não havia percebido que eu agia assim. Pelo jeito eu mal me conhecia. Era hora de mudar. Chegamos ao portão da minha casa.
- Até amanhã então.
- Até.
Ela seguiu seu caminho. Ela é  meio diferente das outras garotas.

Decisão finalOnde histórias criam vida. Descubra agora