Encontros e reencontros

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Senti um par de olhos azuis me encarando. Esse idiota está até aqui?
- Não sei se você sabe, mas esse lugar é  público.
Bruna e Carla seguraram o riso. As fuzilei com o olhar. Afinal, estavam do lado de quem?
- Seu idiota.
- Você não sabe falar outra coisa sem ser isso?
- Cala a boca. É melhor você olhar por onde anda na próxima vez.
- Então terá uma próxima? O que será que vai acontecer, vou te atropelar com minha moto?
- Vamos Cristian- seu amigo o chamou.
Ainda bem. Então o nome do idiota é Cristian, até que combina com ele. Eles seguiram andando. Pude notar Bruna analisando o amiguinho do Cristian.
- Acho que tem alguém quase babando.
- Nada a ver, Mel. Só achei ele bonitinho.
- Sei...
Carla ficou calada um tempinho, parecia pensar em algo.
- O que foi? - perguntei.
- Nada demais, só estava pensando aqui...
- Ela pensa gente. Por isso senti cheiro de alguma coisa queimando.
- Cala a boca sua doida. Você deveria ser internada em um manicômio.
- Parem de brigar crianças. Agora termina de falar Carla, por favor.
- Vocês não acha que é coincidência demais, encontrarmos esses garotos novamente? Que poderia ser tipo destino.
- Acorda Carla, nada a ver.

Fiquei pensando naquilo que a Carla havia dito. Poderia o destino decidir nosso futuro? Esse negócio de acreditar ou não nisso confunde minha cabeça.

O final de semana chegou rapidamente. Minha mãe e eu estávamos nos arrumando para o tal jantar. Vamos esperar o resto do pessoal no restaurante.
Resolvi usar uma calça jeans de cintura alta com um cropped branco de mangas compridas. Passei uma maquiagem bem básica e botei um colar de duas voltas que meu pai me deu junto com um brinco de argolas. Deixe meus cabelos soltos mesmo. Calcei uma sapatilha azul-marinho. Estava pronta. Minha mãe usava um vestido longo estampado  e de alças. Seu cabelo também estava solto, assim como o meu, porém ela o colocou de lado. Também preferiu uma maquiagem leve. Colocou uma sandália dourada de salto baixo com um fecho atrás.
- Pronta, vamos?
Fomos até seu Vectra. Sentei-me no banco do passageiro. Conversamos enquanto seguimos caminho.
- Como vai a escola meu anjo?
- Normal como sempre.
- E seu ex, continua te fazendo ciúmes?

Fazia tempo que não pensava em Jonas. Estava finalmente esquecendo-o. Raquel continuava me atormentando,mas eu sempre a deixava falando sozinha.

- Não. Mas sua namorada me alfineta às vezes, nem ligo- dei de ombros.
- Mudando de assunto. Tá de olho em algum gatinho por aí?
- Não- menti, pensando no garoto dos olhos azuis.
Chegamos ao restaurante. Só faltava nós. Dei um abraço no meu pai, depois na Bruna e por último na sua mãe.
O jantar estava correndo bem. Tirando a tensão entre mãe e filha. Meus pais muitas vezes se encaravam. Dava vontade de me levantar da mesa e dizer: parem de fingir, já sei de tudo. Mas eu não tinha essa coragem.
Estávamos seguindo para a saída, quando senti o impacto de um corpo sobre o meu. Quando eu ia cair, braços fortes me seguraram. Olhei pra cima.
- De novo?- perguntei olhando para Cristian.
Senti seu perfume masculino. Me afastei. Ele estava mexendo comigo.
- Acho que você é que está me seguindo garota. Tô começando a ficar assustado.
- Até parece idiota.
- Esse é a educação que te dei, filha. Cadê o respeito? - meu pai chamou minha atenção.
- Não vai nos apresentar seu amiguinho, Mel? - perguntou minha mãe.
Depois ia bater um papinho com ela.
- Sou Cristian. Conheci a Mel em uma festa que teve no clube. Sua filha é uma ótima pessoa- diz cínico.
Quem deu a liberdade pra ele me chamar pelo apelido? Vou matar esse garoto.
Eles se apresentaram. Meus pais e a mãe da Bruna seguiram em frente. Restou apenas eu e minha amiga. Fiquei olhando para Cristian. Ele usava uma calça preta com uma camisa branca, com um tênis da Nike.
- Gosta do que vê?- perguntou.
Foi aí que percebi que estava quase babando.
- Até parece- segui até onde meus pais estavam. Mantendo distância do garoto.
Quando estávamos bem longe dele, Bruna começou a falar.
- Só faltou você arrancar as roupas do garoto. Se bem que seria uma bela visão.
- Safada.
- Freira.
- Esse garoto tá me seguindo.
- Nada a ver. Acho que a Carla botou algumas ideias erradas na sua cabeça.
- Mas é estranho, já é a terceira vez que encontro com ele.
- Estranho seria se ele aparecesse na porta da sua casa. Clube, sorveteria e restaurante; são lugares comuns. Você poderia encontrar qualquer outra pessoa. - É. Você tem razão.

Estava me arrumando para ir pra escola. Iria passar na casa de Carla para irmos juntas.
- Acredita que encontrei com o Cristian de novo?
- Sério? Que coincidência. Isso é bem estranho.
- Isso que eu disse pra Bruna, mas ela falou que era coisa da minha cabeça.
- Talvez sim. Talvez não. Agora mudando de assunto. Soube da novidade?
- Não qual?
- Dizem que a Raquel está grávida, mas não sei se é verdade.
- Nossa coitada.
Poderia ser eu nessa situação, se eu ainda estivesse namorando o Jonas.
- Coitada nada. Hoje em dia há vários métodos de se prevenir uma gravidez. Foi ela quem deu bobeira.
- Mesmo assim sinto pena dela.

- Hoje é o dia de entregar o trabalho de Química que fizemos juntas né?
- É. Acha que vamos tirar uma boa nota?
- Claro Mel. Nos dedicamos tanto a esse trabalho, que se o professor nos der uma nota ruim vou fazer ele engoli-lo.
- Quanta violência Bruna- comentou Carla.

Acabou que tiramos nota máxima. Carla também foi bem, mas poderia ter sido melhor.
Raquel estava com uma cara de choro. Será que os rumores eram verdadeiros? Apesar de tudo que ela fez pra mim, esperava que não.

Hoje era noite do pijama na casa da Carla. Fizemos uma bagunça na cozinha preparando brigadeiro, pipoca e outras coisas. Tess e Bruna estavam selecionando os filmes. Eu e a Carla arrumamos as coisas. Fernanda conversava com Carolina, a irmãzinha de Carla. Que por sinal é uma fofura.

Decisão finalOnde histórias criam vida. Descubra agora