Confissões

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Vimos muitos filmes. Entre eles Recém Casados, uma comédia romântica. Um filme muito engraçado, ríamos praticamente o filme todo.
Quando Carolina foi dormir, conversamos sobre assunto de meninas.
- Então Tess seu namoro com Michael tá firme mesmo? - Carla puxou assunto.
- Sim. Ele foi até minha casa pedir minha mão em namoro a meus pais.
- Sério? Tô feliz por você. - digo sincera.
- E você Nanda e aquele garoto? - Tess pergunta a amiga.
- Saimos às vezes e ele é um pé no saco. Gosto dele. Mas ele é tipo de garoto que não gosta de compromissos. Só quer...
- Vocês fizeram aquilo? - perguntou Bruna curiosa a interrompendo.
- Claro que não. Ainda não estou preparada para isso. Eu ia dizer que ele quer curtir a vida, ser livre.
- E quanto a você Tess? - direcionei a pergunta a ela.
Ela ficou corada.
- Então Tess- Bruna a pressionou.
- Como temos confiança um no outro é claro que isso ia rolar uma hora ou outra. Afinal já tem quase dois meses que estamos juntos.
- E como foi? - Nanda perguntou. - Foi meio estranho a primeira vez, depois foi melhor. Ele não me pressionou a nada, foi bastante carinhoso e paciente comigo.
- Agora vamos falar de outra coisa?
Carla parecia incomodada com o assunto, não sabíamos o porque. Mas não perguntamos, quando ela quisesse falar, estaríamos prontas para ouvi-la.
- E quanto ao Cristian. Teve algum encontro desastroso com ele.
- Não Carla, a última vez que encontrei foi no restaurante. Ainda bem...
- Sei... duvido que você não queira encontrá-lo.
- Nada a ver Bruna.
- Duvido- disse Nanda que até então estava calada.
Joguei um travesseiro nela e a guerra começou. Ia travesseiro pra todos os lados.
Fomos dormir bem tarde da noite. Colocamos vários colchões no chão para caber todas nós.
Fui a última dormir, estava sem sono. Ouvi algumas fungadas. Pelo jeito não era só eu que estava acordada. Levantei um pouco a cabeça para que eu pudesse ter a visão de quem estava chorando. Era Carla. Mas porquê? Quando estivéssemos a sós iria conversar com ela.

Fomos tomar café. Havia torradas, pães, suco, geléias, bolos, um monte de gostosuras que nos resultaria em alguns quilinhos a mais.

Carla estava sozinha na varanda da casa. Era a deixa para eu perguntá-la o motivo de seu choro.
- Carla, eu vi que você estava chorando ontem, o que aconteceu?
- Apenas lembranças ruins- ela pareceu segurar o choro.
- Pode se abrir comigo. Sou sua amiga.
- Eu sei disso. Mas é muito díficil pra mim falar sobre isso. Meus pesadelos sempre voltam quando penso nisso.
- Mas se abrindo, o peso se tornará mais leve e a dor se aliviará um pouco. Eu sei que é difícil. Porém você não pode ficar guardando isso pra você.
- Eu tentei. Mas falhei. Anos de psicólogos não me ajudaram em nada.
Lágrimas desciam pelo seu rosto. Sua dor era palpável. Eu podia sentir sua tristeza. Queria ajudá-la, porém isso só seria possível se ela permitisse.
- Tudo depende de você mesmo Carla. É necessário dizer adeus a aquilo que nos faz mal.
- Foi há alguns anos atrás, minha família estava passando as férias em uma fazenda dos meus tios. Passávamos todos os natais lá. A família inteira. Era super divertido- ela fez uma pausa- então uma noite eu resolvi ir sozinha ao lago, pensando não haver nenhum perigo- sua voz estava quase inaudível devido ao choro- esse lago era lindo a noite e eu gostava de ver o reflexo da lua nele. Quando...
Ela parou de falar e chorou mais ainda. A abracei. As lembranças traziam muita dor a ela.
- Se quiser não precisa continuar tá? - saiu do abraço e ficou olhando pro chão.
- Então ele chegou atrás de mim e me pegou desprevenida. Começou a tirar minha roupa e eu não tinha forças para fazê-lo parar. Eu estava desesperada, Mel. Depois de algumas horas meu pai me encontrou. Mas o culpado sumiu... -Shhhh...- a silenciei.
Então as meninas apareceram. Não sabia se elas ouviram a confissão de nossa amiga. Mas, a julgar pela forma que a olhavam, ouviram sim.
- Eu sinto muito que tenha passado por isso- Bruna a abraçou também.
Nanda não disse nada, apenas se juntou a nós no abraço. Tess olhava pra Carla com olhares acusatórios.
- Porque nunca me falou sobre isso? Sempre fui sua amiga desde criança. - a ataca.
- Esse não é o momento...
- Não é o momento Mel? Por anos eu convivi com ela. Vi seu comportamento estranho, as idas ao psicológos, a preocupação de seus pais. Mas ela preferiu falar com você. - me olha com desdém.
- Tess não é questão de preferência...
- Não é? - ela gritou atraindo atenção da mãe de Carla.
- O que está acontecendo?
- Nada mãe. Deixe nós a sós, por favor.
Ela saiu, mas deu um olhar preocupado a filha.

Sônia era o tipo de mãe que pensava no bem das filhas primeiro. Era nova, mas aparentava ser mais velha. Alguns fios brancos se destacavam em seus cabelos pretos, mas não deixava de ser bonita. Tinha a pele morena e olhos azuis iguais aos da filha.

- Não quero mais ser amiga de uma pessoa que não confia em mim.
- Eu confio só que...
- Só que nada. Tchau.
Então ela saiu. Ela até poderia estar magoada, mas isso não era motivo dela agir como criança. Ela tinha que se colocar no lugar de Carla, falar aquilo não era tão fácil assim. Esperava que Tess pensasse um pouco mais nisso. Afinal, era uma amizade de anos que ela estava perdendo.

Hoje é recesso e amanhã feriado. Eu e meu pai vamos para um hotél. Ele irá a trabalho, seus colegas com certeza estariam praticamente todos por lá. Até alguns que ele não conhece.
Eu vou como acompanhante e isso significa diversão. O ruim é que eu ficaria sozinha . Ia ter que arrumar uma companhia lá.

Meu pai pegou minhas malas que estavam no chão da sala. Resolvi não levar muitas roupas, mesmo porque íamos passar apenas três dia lá.
Me despedi da minha mãe. Meu pai a chamou pra ir, mas ela se recusou.
- Tem certeza que vai ficar bem sozinha?
- Claro, meu anjo. Se divirta tá?

Decisão finalOnde histórias criam vida. Descubra agora