O beijo

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- Vamos até suas amigas?
- Claro.
O segui até o grupinho. Bruna estava toda sorridente com Daniel, que por  sinal formam um belo casal. Ele é moreno, cabelos pretos arrepiados e tem olhos cor de caramelo. Se eu não tivesse conhecido uns olhos azuis diria que são os olhos mais bonitos que já vira. É da mesma altura que Cristian, porém este é mais encorpado.
- Vamos dançar Dani? - Bruna convida Daniel.
Quanta intimidade, já está até o chamando pelo apelido. Devem ter decidido até o nome dos filhos.
- Claro.

Ficamos só olhando o novo casal, pelo menos é o que parecia. Pois já estavam se agarrando em um canto. Esses são rápidos hein! 

Me deu uma vontade de puxar o Cristian para a pista de dança, mas faltou a coragem. E além do mais é  o homem  quem toma iniciativa.
- Por que vocês não vão dançar?- Nanda disse olhando para mim e Cristian.

Fernanda quase não fala e quando diz algo solta essa? Acho que preferia ela calada! Podia sentir até meu rosto queimar.

- Boa ideia, não vamos ficar a noite parados aqui né? Vamos Mel- ordenou Cristian me puxando para a pista.
Carla piscou para mim e Nanda sorriu, fechei a cara pra elas. Logo no momento em que chegamos lá, começou a tocar uma música mais lenta. Porque o Dj tinha que trocar a música justamente nesse momento? Tá de sacanagem comigo hein. Ou está me ajudando.
Cristian pôs as mãos na minha cintura me trazendo mais próxima a ele e eu coloquei os braços ao redor de seu pescoço. O que fazia com que seu perfume me embriagasse.
- Então como conseguiu perder meu número?
- Bom, apaguei sem querer.
- Só você mesmo- comecei a rir.
- Mas foi sem querer mesmo- ele disse sorrindo.
- Sem querer sei...- fui irônica.
- É sério. Você acha que eu teria feito isso por vontade própria? 
-  Não sei- confidenciei a ele.
- Tanta coisa interessante para fazermos e vamos ficar discutindo aqui se foi sem querer ou não? - ele sussurrou ao meu ouvido, me desconcentrando.
Então de repente ele me beijou. Senti seus lábios juntos aos meus.  Ele foi aprofundando o beijo e minhas mãos foram para seus cabelos macios. Seus lábios tinham gosto de hortelã. Infelizmente ele interrompeu o beijo.  Que pena! Estava tão bom, tanto que perdi até o fôlego. 
- Vou pegar uma bebida pra nós tá?
Então saiu. Fui até minhas amigas. Carla estava toda saltitante.
- Nós vimos tá. Agora me conta como foi. 
- Foi ótimo Carla. O melhor beijo. - Mal vejo a hora de contar pra Bruna- disse Nanda.
- Falando em Bruna; onde ela está?
- Sumiu com o Daniel- Nanda deu de ombros.
- Será que eles dão certo? Mesmo porque a Bruna não gosta de compromisso.
- Espero Carla.
Nanda olhou atrás de mim e fechou a cara. Carla também olhou na mesma direção e sua cara também não foi das melhores.
- O que foi gente?- perguntei virando de costas- Não acredito.
Era o Cristian beijando uma garota, a mesma garota daquela festa do clube. Como ele pôde? Havia acabado de me beijar e já estava se agarrando a outra?
Homens são todos iguais mesmo. Senti meus olhos arderem. O safado do Cristian vinha na minha direção desesperado.
- Mel me escuta, foi ela quem me beijou, eu não queria.
- Mas quando um não quer dois não beijam, Cristian.
- Me ouça por favor- ele implorou.
- Não quero saber.
Dizendo isso,  fui pra saída. Queria ir pra casa. Nanda e Carla me acompanhavam, ambas em silêncio. Pedimos um táxi. Nanda foi a primeira a descer. Eu e Carla descemos logo depois.- Porque ele fez isso Carla? Ele parecia tão diferente dos outros caras.
- Talvez ele tenha falado a verdade. Talvez aquela garota é apaixonada por ele. Lembra naquela festa?
- Lembro. Ela não saía do pé dele. Mas isso não justifica.
- Pensa nisso Mel.
-  Não sei. Preciso pensar um pouco mais nisso. Boa noite.
- Boa noite e pensa direitinho tá?
Ao chegar em casa, fui direto para o meu quarto. Aquela era a segunda fez que eu me machucava por conta de um garoto. Por que os homens fazem isso com a gente? Porque não tem sentimentos, são uns insensíveis.
A essa altura eu já estava aos prantos pensando no Cristian com aquela garota. Aquilo não saía da minha cabeça. E o pior é que eu já estava apaixonada por ele. Ouvi uma batida na porta.
-  Meu anjo. O que aconteceu? Você chegou chorando.
- Porque tudo dá errado mãe. A vida começa a se acertar e depois vem mais problemas.
- É por causa do seu pai Mel?
- Não.
Nem havia pensado como eles estavam.
-Então me conte.
- Falando no meu pai como vocês estão?
Ela corou um pouquinho. Pensou que eu não soubesse hein.
- Estamos nos entendendo.
- E os encontros?
- Como sabe disso?
- Eu sei de tudo mãe.
- Mudando de assunto Mel. Me conte porque estava chorando.
Expliquei pra ela o que aconteceu.
- Talvez ele seja só uma vítima.
- Então você também está do lado dele?
- Não estou do lado de ninguém. Aquela garota deve ser obsecada  por ele. Você me disse que quando o conheceu, ela não se desgrudava dele. Talvez ela ache que ele é propriedade dela.
- Será mãe.
- É o que eu acho. Mas converse com ele.
- Obrigada mãe.

Me senti bem melhor depois da conversa com minha mãe. Mãe sabe de tudo né. Queria conversar com Cristian mas eu não tinha seu número e nem ele o meu. E agora?

A professora não parava de falar e eu não pensava atenção em nada. Se ela me perguntasse algo, eu não saberia. Minha cabeça estava em outro lugar.
Chegou o horário do intervalo, sentei debaixo de uma árvore, queria ficar sozinha.
Uma garota do terceiro ano vinha na minha direção com um buquê de rosas.
- Um garoto pediu para te entregar.
- Obrigada.
Será que é o Jonas que estava arrependido? Mas e a Raquel que está grávida como ficaria? Mas se  estivesse arrependido eu voltaria? Não.
Abri o bilhete e me surpreendi com as belas palavras.

Decisão finalOnde histórias criam vida. Descubra agora