Hands To Myself | Interssexual

Casa

— Você já guardou tudo? — Ally me questiona, parada na porta do meu quarto, me vendo terminar de guardar meus pertences numa velha mochila. Eu iria viajar pro Kentucky hoje, na companhia de Camila. Admito que sinto um frio no estômago ao imaginar ela na minha cidade, conhecendo os meus pais. Ela disse que nós iríamos em seu helicóptero. Seria interessante.

— Sim mamãe Ally, está tudo aqui. Pode ficar tranquila. — Brinco, vendo Ally fazer uma careta. Oh, não... — Você não vai chorar né. Ally? — A loira funga, passando as mãos nos olhos, enxugando suas lágrimas. Suspiro e ando até ela.

— Eu sinto muito Laur, eu sou tão boba. 

Ela soluça. — Ally, você não tem que pedir desculpas por ficar preocupada. Eu sinceramente gosto de saber que você se preocupa comigo. Vai ficar tudo bem, Allycat. Quando você piscar os olhos, eu vou estar aqui. — Passo a mão em seus olhos e beijo suas bochechas. Ally era importante demais pra mim, sempre preocupada comigo, com minha felicidade, e eu amava tanto isso nela. Ela era como uma segunda mãe pra mim, já que a minha estava em outro estado.

— Não conte isso a Dinah. Ela vai rir. — A loira diz, com um bico. Dou uma risada, calçando meus All Star surrados pretos e pegando minha velha jaqueta jeans. Olho pros meus velhos óculos de grau, saudosamente, e me ocorre que não contei aos meus pais sobre usar lentes agora. Camila havia feito muitas mudanças em mim. Pego os óculos, enfiando em um bolso da mochila. Pego meu bichinho de pelúcia do Nemo e me viro em direção a Ally. Caminho até ela, envolvendo seus ombros com minhas mãos. Ela suspira.

— Se cuide, tá? E cuide da Jane. Vou mandar lembranças a tia Pat e o tio Jerry.

Ally confirma, seus olhos enchendo d'água, beijando minha bochecha e acariciando meus cabelos. Desço para a portaria, saindo do prédio e esperando Camila lá. A parte em que Camila vai, e que vamos em seu helicóptero, não foi dita aos meus amigos. Passam-se poucos minutos e o Volvo para na minha frente. Abro a porta e entro, abrindo um sorriso de orelha a orelha ao ver minha latina parada ali, me olhando. Ela sorri e se inclina em minha direção, me dando um selinho, que logo se transforma em um super beijo. Nossas línguas se conectam, e nesses segundos, tudo no mundo faz sentido. Lauren Jauregui foi feita para beijar Camila Cabello. Suas mãos se firmam em meus cabelos, os bagunçando de uma forma que eu amo. O oxigênio começa a fazer falta, então desgrudo nossos lábios. Abro meus olhos, suspirando ao ver seus lábios vermelhos.

— Oi. — Ela diz baixinho, e rio com sua reação.

— Oi, Camz. — Encosto minha cabeça no banco, ajeitando minha mochila no chão do carro. Camila resmunga algo e dá a partida no carro. — Uma música suave, que reconheço como Debussy, está tocando. Eu não fazia ideia que ela gostava de música clássica. Sua atenção está voltada ao trânsito, e eu tamborilo meus dedos em meu jeans surrado. Era um jeans da época em que eu estava no ensino médio.

— Você está se sentindo confortável? — Pergunto.

— Estou. Na verdade, me sinto ansiosa. Vou conhecer os Jauregui. — Seus olhos estão brincalhões, e isso me faz ficar feliz. Ela se sentia bem em conhecer minha família.

— Você vai gostar da minha cidade. Não é glamourosa como L.A, mas foi onde a Jennifer Lawrence nasceu.