O lado obscuro de Camila Cabello

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Os olhos castanhos de Camila me fitam com confusão. É evidente que minhas palavras e gesto desesperado lhe despertou curiosidade, e ela demostra me fitando e dizendo:


— O que quer dizer, Lauren? – Sua voz está morna, não seca como imaginei, e Shawn, sentado em sua frente, mas agora virado para mim, franze o nariz.


— Peça para ele ir embora. – Falo, encarando o garoto sentado. Não importa o que Normani tenha dito, sobre ele ser amigo de Camila, a desconfiança em meu peito iria existir.


Camila dá um olhar significativo a Shawn, que bufa e se levanta, me encarando duramente e saindo do local junto a Kyle. O silêncio impera, e olho bem para Camila, vendo o quão linda ela estava. Um vestido longo azul abraçava suas belas curvas, seus cabelos estavam soltos, com pequenas ondulações nas pontas. Perfeita. Reprimo um suspiro vindo do meu interior, e enfio as mãos nos bolsos de meus jeans. Camila me desconcertava de tantas formas, até mesmo estando parada, sem dizer nada. Era o poder que ela exercia em mim. Sabe, às vezes, quando eu estava de olhos fechados, me permitia pensar e ponderar o porquê dela mexer tanto comigo. Não era pela beleza, ou fama, status, e sim, porque apesar de todas as defesas erguidas por si, eu conseguira ver seu interior. Sua bela alma.


— Por que? — Camila irrompe o silêncio, e ergo o olhar para ela. Engulo toda a saliva acumulada em minha garganta, tentando fazer um olhar firme e digo:


— Eu descobri coisas. – Dou uma pausa – Sobre você. Coisas envolvendo seu passado, e aquele bicha que acabou de sair.


Minha voz toma um tom mais grosso e agressivo ao citar Shawn, mas Camila nada diz. Os olhos chocolates da atriz nada demonstram. Era algum indício da Camila distante e silenciosa de antes? Sei que meus olhos estão desesperados. Quero respostas. Quero que ela me olhe, se abra, e diga algo. — Quem? — Ela fala, a voz rouca e grossa.


— Quem o que? – Questiono.


— Quem lhe disse essas coisas? — Franzo as sobrancelhas, confusa com sua pergunta. Com tantas coisas para perguntar, e ela fala isso?


— Como assim, Camila?


Ela começa a murmurar para si mesma, e ouço palavras como: "eu devia imaginar", "ele deve ter conseguido", e coisas do gênero, que não faziam o menor sentido para mim. Vendo o quanto ela parecia desorientada, me aproximo, colocando minhas mãos em sua cintura, por cima do tecido do vestido. Ela não me olha. Sua cabeça está baixa, e Camila continua murmurando para si. A angústia me vence, e coloco minha mão direita em sua nuca e a esquerda em seu queixo, puxando o seu rosto de encontro ao meu. Fito seus olhos castanhos chocolates, os olhos que eu amo. Seus olhos foram umas das primeiras coisas que me chamaram atenção, quando a vi na tela de minha TV pela primeira vez. Eram olhos determinados, que expunham uma arrogância enorme, mas ao tempo, a sombra de algo. A questão é o que era.


— Me conta. – Sussurro, a encarando, meus olhos queimando os seus. – Me diga a sua parte da história. Eu não vou te julgar, ou ir embora, que seja. Eu vou estar aqui. — Digo firme, e ouço-a suspirar. O mundo pegaria fogo naquele momento e nós não iriamos perceber, tamanha a concentração e todo o fôlego preso ali. Eu sinto o ar expirado por ela roçar em meu rosto, e suas pupilas girarem loucas por suas órbitas.

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