"Diga que me ama."

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— Você está mais magra. — Ouço Ally dizer a Alex na sala, e rio, sacudindo a cabeça. Nós havíamos acabado de almoçar e a baixinha estava passando um sermão em Alex, dizendo que a mesma não estava comendo da forma certa. Ally era como uma mamãe urso.


— Não estou, Allycat. – Alex nega, e sei que ela está de bico. – Tia Clara não me deixa passar fome.


As garotas estão na sala, enquanto me ocupo de limpar a cozinha e lavar as louças. Meus pensamentos estavam cheios, e fazer esta tarefa me mantém ocupada e longe das perguntas de minhas amigas. Quem agora está sofrendo é Alex, que ouviu um belo de sermão quando disse ao casal Dinally sobre Lucy e Vero. Era perceptível sua tristeza, mas para ser honesta, eu imaginava algo assim. Havia confusão demais entre elas, e cada uma precisa de seu tempo. Lucy vai tê-lo em Nova Orleans e Vero em Louisville.


— Obviamente você anda com problemas de metabolismo, Alexandra. Precisa ganhar peso, ficar saudável. A vida em L.A é diferente de Louisville.


— A Ally está certa! – Grito da cozinha, ouvindo Alex resmungar e Dinah rir. Todos pareciam felizes e calmos — só faltava Zach — conversando sobre diversos temas e evitando tocar nos constrangedores.


— Você pode não intrometer em nossa conversa, tinta de parede? – A voz de Slater é carregada de ironia, e reviro meus olhos, secando meus dedos em um pano de prato que estava em meus ombros. Eu precisava levar Alex ao apartamento de Normani, para que ela pudesse se acomodar, e claro, trocar algumas palavras com a morena. Nossa última conversa havia sido cheia de revelações de segredos, mas poucas explicações de como ela os obteve. Ando até a sala, encontrando Dinah de boné, sentada bem largada, com Ally em seu colo. A baixinha dizia algo a Alex, provavelmente perguntas sobre a dieta de nossa amiga, e sendo a boa amiga que sou, interrompo.


— Nós temos que ir Alex. – Falo, olhando como a garota parece que irá chorar de agradecimento. Ally era uma mamãe urso, o que quer dizer ouvir sermões sobre alimentação, conforto, e tudo o mais. Claro que cada um de nós achava aquilo adorável, especialmente Dinah, que é tratada como um bibelô. Eram tantos mimos, beijos, abraços, que me dava overdose.


— Não finja que está triste por ir, Slater. – Dinah brinca, ao ver Ally fazer um biquinho ao meu ouvir, e Alex se levantar mais do que rápido. Rio alto com a declaração da maior.


— Eu estou, Jane. Não fale por meus sentimentos. – Alex fala, ajeitando seu boné nos cabelos bronze. – Sua giganta mal amada. — Caio na gargalhada acompanhada da mesma, e vejo Dinah mostrar seu longo dedo do meio. Ally lhe dá um suave tapa, mas também está sorrindo. Toda essa atmosfera é boa. Essa cumplicidade que há entre nós.


— Nós devemos ir, Alex. Normani está esperando.


Vou até a porta de meu apartamento, enquanto Alex é esmagada por Dinah, e depois Ally que se pendura em seu pescoço. A amizade das duas sempre foi algo lindo, o modo como uma cuidava da outra, na verdade, todos nós somos assim. Eu não consigo imaginar minha vida sem qualquer um dos meus amigos. Alex estar em Los Angeles é algo maravilhoso, pois aí nossa antiga turma estará junta de novo. É claro, faltando Vero, e me arrisco a dizer, Lucy. A loira entrou um pouco depois em nosso grupo, mas sempre esteve junto nos melhores e piores momentos. Como quando minha avó Grace faleceu, aos meus 17 anos. Lucy esteve lá comigo em todos os momentos, me apoiando e não me deixando em qualquer hipótese. A loira é um anjo na minha vida, e não suporto que digam qualquer coisa de mal a ela. Depois de todas as despedidas melosas, Alex e eu vamos para o Prius de Dinah, falando alto sobre os ocorridos de hoje entre outras coisas. Quando estamos dentro do carro, há um tipo de silêncio bom, em que nenhuma das ambas partes sentem vontade de tocar em um assunto, mas se sentem confortáveis com aquilo.

Hands To Myself | InterssexualOnde histórias criam vida. Descubra agora