-1-

7.4K 423 159
                                    

Dedico esse capítulo a Nattie, que fez a minha capa e a Angélica, que me apoiou.

Uma cidade pequena num lugar qualquer dos Estados Unidos, longe de tudo e de todos, e eu consigo ficar perdido mesmo num lugar desses, aparentemente um jovem de cabelo loiro-escuro bem aparado, olhos azuis tão acizentados que ao longe não da pra se notar o fato de serem azuis, e provavelmente com um semblante tenso, cansado e assustado, não havia nada de mágico em mim, tirando o fato de eu ter nascido com um dom, minha família inteira tem ou tinha algum poder, e espalhados pelo mundo, existem muito mais pessoas assim do que se imagina, não se sabia como surgiram, talvez uma evolução da espécie, se você acredita talvez algo mais espiritual, pessoas como eu, que receberam muitos nomes com o passar da história; paranormais, bruxos, magos, anjos, demônios, deuses, heróis... Não tenho certeza de qual definição está mais certa, então eu prefiro não usar nenhuma.

Eu nunca tive certeza de nada. Era como se minha vida inteira fosse mentira, e eu não tinha como confirmar se realmente era ou não, talvez em algum momento da vida todos passem por isso.

Fui à minúscula biblioteca da escola da cidade, onde, na minha infância, meu irmão mais velho ia para pegar os livros que eu pedia, apesar de que, eu mesmo não me recordo de já ter estado ali antes, não fui a fim de ler, mas apenas de parar e pensar um pouco aproveitando o silêncio e a tranquilidade.

Sentei exausto, encarando a tela do meu celular simplório, só havia dois números gravados, o de meu irmão Dean, que não morava mais conosco, havia ido pra Nova York como todo jovem adulto gostaria de fazer, pelo menos é o que os livros diziam, e o de casa, conferi as horas e o guardei, só o tinha graças a insistência do meu irmão, eu sinceramente nunca gostei de tecnologia humana, quando notei que um som atrapalhava a paz, toc, toc, toc, no outro canto da sala um menino com cabelos negros bagunçados e pele levemente bronzeada batia com o lápis contra a mesa e com o pé contra o chão, dando um pequeno ritmo a aquilo, acabei me distraindo por um tempo o observando, eu sentia uma estranha sensação familiar ao ver aquele total desconhecido nada sutil.
Antes que eu me desse conta ele se levantou e começou a vir na minha direção, gelei e virei na direção da mesa apressado, peguei um livro qualquer que haviam deixado lá e comecei a folhear. O garoto já estava ao meu lado quando me dei conta, ele se inclinou e disse sorridente:

-Ei, ei, você me conhece?

-A-ahn... - Tentei parecer atento ao livro, normalmente não diriam "nós conhecemos de algum lugar?" ou algo assim? Será que era alguém famoso? - Desculpe, não tenho conhecimento de tal. - Falei tentando disfarçar o nervosismo.

-Ahn?-ele pareceu confuso, refletindo sobre o que eu disse.

-Digo... Não tenho conhecimento de te conhecer.

Ele riu.

-Você fala engraçado! - Ele rolou os olhos pras minhas mãos, notei que eram de um tom castanhos, e ia esverdeando conforme se aproximava do centro da íris, nunca havia visto olhos assim, ele possuia uma pintinha charmosa logo abaixo do olho esquerdo. - E lê de cabeça pra baixo! Nossa que legal! -O livro quase pulou da minha mão, mal tinha voltado a interagir com os outros e já estava morrendo de vergonha, ele estendeu a mão pra mim. - Oi meu nome é Thomas!

-Erick.- O cumprimentei apertando sua mão.

-Quer saber o que significa? - Achava que tinha me perdido na conversa, e ele ainda balançava animadamente minha mão.

As Folhas Que Só Nós Vimos (Romance Gay) Onde histórias criam vida. Descubra agora