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A vida tem uns dias que simplesmente acontecem. Sem aviso prévio, tempo pra reagir, ou mesmo pensar no que diabos está acontecendo, eles grosseiramente chegam sem pedir licença e te forçam a lidar com eles.

Como o dia em que cheguei em casa e dei de cara com um homem, com cabelos grisalhos e olhos azuis cinzentos intensos.

- Você está demitido. - Ele disse, irritado e cheio de raiva, a mulher de meia idade de cabelos naturalmente lisos que usava atrás roupas simples, mas bonitas.

-Mas... - Fiquei sem reação isso não podia... Podia acontecer... - Eu... Fiz algo errado, senhor...?

- E ainda pergunta!? Você tem sorte de eu não chamar a polícia!

- Ahn...?

- Não se faça de tonto, moleque, você está usando nossos sobrenomes sem autorização, não sei se é um imigrante ilegal, um hacker espertinho, faz sonegação fiscal ou pretende algo maior, mas não meta minha família nessa. Faça as malas o mais rápido o possível e nunca mais olhe na minha cara. E desfaça essas coisas aí, seja lá como fez.

Eu não sabia como reagir, simplesmente me virei e fiz o que ele mandou, meio no automático, sentindo meus olhos arderem e meu cérebro queimar, quando me caiu a ficha eu já estava fora da casa, andando sem rumo, com uma mochila nas costas, e uma mala grande de rodinhas, com uma chuva branda caindo sobre mim. Cai de joelhos no chão, com as lágrimas caindo, e a chuva gélida caindo sobre mim. Tudo caiu, tudo, ao mesmo tempo. Tentei ficar de pé, mas me sentia pesado, algumas pessoas estranhas da cidade se aproximaram oferencendo ajuda e perguntando se eu queria um médico, neguei a todo custo, aquele momento eu só queria ficar só. E então, de novo, como num passe de mágica todos se afastaram, quando me dei conta estava sozinho de novo, conveniente.
Fiquei lá algum tempo, remoendo a dor sem saber o que fazer, sendo que eu mal conseguia me mover, até que vi Thomas chegando, ele estava ofegante, então devia ter vindo correndo. Eu mal conseguia falar, ele me ajudou a levantar, com certa dificuldade, já que sou bem maior que ele e me guiou até um lugar mais vazio e seco, acho que é onde ele mora, não que isso importe no momento. Ele me deu uma toalha e me serviu chá e calmantes. Neguei tudo.

- Todas as pessoas que amo esqueceram de mim... - Comentei.

- Isso... Não é verdade... Não...

- É quase...

- Quase verdade continua não sendo verdade. - Senti sua mão quente envolver a minha. Ainda havia calor num dia tão frio.

E então, eu desabei...

As Folhas Que Só Nós Vimos (Romance Gay) Onde histórias criam vida. Descubra agora