- Vamos à cidade?
- O que? Tá louco, os humanos podem...
...
-Nós também somos humanos.
...
- Tudo bem... Vamos...
Ele se levantou e fomos caminhando enquanto conversavámos sobre futilidades, dois adolescentes normais a primeira vista, uma agradável brisa de outono batia contra nosso rosto. A cidade também parecia normal, crianças brincavam aqui e ali, correndo de um lado pro outro, umas senhoras conversavam no portão de casa, umas lojas estavam abertas e um cara pintava o muro de sua casa com tinta verde bem clara, tão clara que mal podia se notar que era verde, ao longe se podia-se ouvir um jazz suave vindo de algum rádio ou tv, provavelmente a primeira opção.
Então Thomas simplesmente interrompeu o assunto e estendendo sua mão pra mim. As senhoras olharam torcendo o nariz em reprovação, e foram pros fundos da casa, longe de nosss visão. Eu só conseguia o olhar completamente confuso. Hesitei no começo, mas acabei pegando sua mão muito sem jeito, eu estava trêmulo e suando frio.
E então tudo parou.
Literalmente. As pessoas, o som que tocava ao longe, as folhas secas que caiam. Até mesmo a brisa. Tudo. Exceto eu e Thomas.
-A-A-AH, MEU DEUS, VOCÊ CONGELA O TEMPO? - Fiquei surpreso, a minha família nunca me contou que existia algum poder assim.
-Calma, calma, não solta minha mão ou você congela também... Bem... É, por um tempinho, isso me da um tempo extra, sabe?
-E mesmo podendo fazer isso você gasta seu tempo fazendo piadas ruins?
-Ah, que maldade, eu não penso nelas.
-Menos pior.
Começamos a caminhar de mãos dadas, tudo imóvel ao nosso redor, logo as folhas começaram a cair em câmera lenta, voltando a sua movimentação habitual pouco a pouco, pareciam dançar lentamente no ar. Thomas disse que era mais bonito ver assim, mas que isso o deixava ansioso. Mas ele sempre é ansioso...
Passo a passo, só eu e ele, enquanto o mundo voltava à sua rotina sem saber desse pequeno momento só nosso.
- E então? E então? - ele perguntou eufórico, soltando minha mão, aparentemente tudo voltou ao ritmo de sempre. Tudo exceto meu coração acelerado.
- Incrível... - Disse, eu estava admirado demais com tudo aquilo.
- Obrigado! -Respondeu orgulhoso. - Não conte pra ninguém, eu posso te parar antes.
- Nem tenho pra quem contar... Talvez o meu irmão, mas...
- O que?
- Nad...
- ENTÃO VOCÊ É IGUAL A MIM! - ele pulou pra cima de mim, segurando meus ombros.
- Ahn?
- Bem eu tenho você agora....Aaaah Você pode contar pra mim.
- Ahn....?
- Tipo. "Ei você para o tempo por alguns minutos, eu acho isso tão legal, case comigo, Thomas"
Tentei parecer bravo. Não consegui, e acabamos apenas rindo juntos.
- Você também acelera ou volta, ou algo assim...? - Disse sem jeito tentando prolongar a conversa.
- Acelero... Não muito tempo, é o que aconteceu quando as coisas estavam... Sabe, mais lentas ao nosso redor.
- Oh... Faz sentido. Achei que seu jeito agitado em relação a tudo era só por ser alguém da cidade grande numa cidadezinha minúscula.
- Tudo bem, eu não posso voltar a cidade grande mesmo. -Senti um pequeno alívio com isso- E você? - ele se aproximou mais com as mãos atrás das costas, seus olhos grandes nem piscavam tamanha a curiosidade, me afastei instintivamente.
- Eu.... Eu tenho que ir...
- Ahn? Calma, calma, se não quer falar era só dizer. - Riu.
- Desculpa, é que eu ainda não sei dizer ao certo.
- Tudo bem... Ah, ah, ah, ei você gostou do meu? Não é bem melhor do que ler aqueles livros grossos e cheeeios de páginas?
- Você devia dar uma chance a eles, você acha de tudo por lá.
- Se eu quiser achar de tudo eu vou pra internet. - Respondeu impaciente. - Não consigo ficar muito tempo parado fazendo só uma coisa! Eu me desconcentro.
- Você se desconcentra com qualquer coisa, Thomas.
- Exatamente. - Ele olhou fixamente pra mim por um tempo, me perguntei se estava esperando alguma resposta ou algo do tipo, então notei que seus olhos estavam direcionados pra algo atrás de mim, tentei me virar pra ver o que era e ele me impediu.
- Espera, espera. - Ele levou a mão ao bolso do casaco. - Droga.
- O que exatamente você tá fazendo? - As vezes Thomas tinha momentos estranhos. Ele no geral agia de uma maneira não muito... Linear... Vamos dizer assim, mas mesmo assim ainda tinha momentos que eu não sabia reagir.
- O pôr-do-sol... E você... Parece aqueles filmes de fotografia bonita! Daria pra ganhar um Oscar de fotografia... Mas eu não trouxe o celular então estou gravando isso na minha mente, não quero esquecer essa cena. - Sorrio ao ouvir isso, meio sem jeito. Esquecer...
- Não vá esquecer de ir trabalhar hein? - Respondi olhando na direção oposta.
- Ah... Ah! Caraca, já deve ser quase 6 da noite, bem, melhor eu ir, até.
-Até. - Acenei, vendo ele se distanciar aos poucos. Esquecer...
Passei apenas pra cumprimentar à todos e fui ao meu quarto, que ficava do lado de fora da casa. Peguei o celular,que agora havia um novo número salvo, o de Thomas e notei que havia várias chamadas não atendidas e mensagens de Dean, e quando me preparei pra retornar, tocou mais uma vez. Atendi, seu tom de voz era irritado e impaciente.
- Que merda, Rick, já disse pra andar com a porra do celular contigo. - Ele insistia em abreviar meu nome, como se uma letra fosse mudar muita coisa.
- Boa noite pra você também, Dean. - Respondi calmo. - E então.... Descobriu algo...?
- Não... E você? Pelo visto nada, ne?
- Pois é... Eles ainda pensam que sou um empregado.
- Então, por isso que eu estava te ligando... Quer vir pra cá? Finalmente arrumei um bom apê, e empregado por empregado, você pode ser o meu e todo mundo ganha. - Disse em tom de brincadeira, apesar de eu sentir que havia um fundo de verdade.
- Dean, eu não posso, e se eles...
-e se, E SE!? Rick! não se tem certeza, vamos continuar daqui, só por um tempo, tem mais recursos.... E é melhor pra você.
-Vou pensar, Dean...
E então? Me deem suas sinceras opiniões, tem algo em que preciso melhorar? Alguma parte que gostaram muito? Tudo? Não esqueçam de votar!
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As Folhas Que Só Nós Vimos (Romance Gay)
أدب المراهقينErick Bondevik é um adolescente típico de uma família rígida de interior, tirando talvez, o fato nada típico de ele ter nascido com um dom mágico. Enquanto tenta lidar com sua vida um tanto quanto confusa e com as próprias inseguranças, se vê se red...