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Dean
A aula já havia terminado e eu guardava apressado os materiais na bolsa, os colegas passavam e cumprimentavam, 4 tinham dons, pessoas possuidoras do dom, podem sentir a presença uma da outra há uma certa distância, a maioria dos sobrehumanos conseguiam se esconder muito bem, meus amigos em especial não se destacam em nada. passando a impressão de ser perfeitos veteranos cabeça de vento que só pensavam em sexo e bebida, realmente caras divertidos.
A sala já estava quase vazia.
- E então, cara, vamos lá hoje? - um dos meus amigos, o mais baixinho, e com traços asiáticos pergunta para os outros presentes, "lá" era uma ótima maneira de chamar lugares que devem ser escondidos, afinal "lá" pode ser qualquer lugar.
- Não sei, a Marta continua com aquelas ideias bestas. - respondeu outro, com leve sotaque porto riquenho. - ela quer jogar tudo pro alto, mas porra, ela é super lá dentro.
Marta é a namorada dele, ela trabalha no departamento de "limpeza", que seria algo como aqueles que eliminam as provas de nossa existência que podem aparecer aqui e ali por descuido de alguns, modificar filmagens, apagar fotos ou mesmo a memória de pessoas que seriam testemunhas, eles fazem de tudo. Já jogar tudo pro alto seria renegar o dom... É muito comum que alguns de nós as vezes desejemos nunca ter nascido... Sabe, diferentes, e parece que com muita pesquisa e alguns dons em especial já é possível transformar "anormais" em "normais", porém uma vez feito, não se pode voltar atrás nunca, e se deve jurar fazer um voto de silêncio. É viver sobre ameaça eminente e sempre vigiado de qualquer forma, então não entendo por que alguns optam por tal opção, uma falsa sensação de liberdade vale tanto assim?

- Ao ter o dom tirado, você reseta também as coisas erradas que faz com ele. - A menina de olhos negros passou pelo meu lado e falou isso pontualmente, como se lesse minha mente, senti um calafrio na espinha, isso se aplicava perfeitamente a...

Erick

Ao constatar que Thomas havia caído no sono profundo, o deitei na cama e o cobri com uma colcha quadriculada fofinha, tentando o manter o mais confortável possível. Voltei a arrumar o que faltava e assim o tempo passou até meu irmão chegar.

- Boooa nooooite! - Disse entrando, meio escandaloso, pus o indicador sobre os seus lábios, soltando um "shiiiu" pra que fizesse silêncio.

- Boa noite, Dean... E então... Já pensou em como testar aqueles... Ahn... Recuperadores de memórias?

Dean riu.

- Parece nome de algum filme filosófico e cheio de feels. Bem, sim, to pensando em ir lá no primeiro tempo livre que eu tiver... Mas bem....

- Hm?

-Eu... - ele olhou pros lados rapidamente, meio apreensivo, apesar de que estávamos sozinhos dentro de seu próprio apartamento, exceto por Thomas adormecido no outro comodo. - Entrei numa daquelas organizações criadas por "paranormais", todos os meus amigos com dom vivem lá... Pra se proteger, sabe...? Já faz um tempinho, sabe... Queria que entrasse também.

-Ahn...? Por que não falou antes?

- É secreto, cara! O-os... Humanos normal, podiam ter grampeado nosso celular, hackeado ou.... - Dean nunca foi de se estressar com isso, mesmo com os que nossos pais falavam... Ele sempre o ousado da família que dizia que ia sair daquele "fim de mundo" e de quebra nos arrastar juntos, e que iria rir disso. E eu, bem.... Eu era o paranóico.

-Dean eu não entendo dessas coisas, mas por que iriam querer nos espiar?

- Nunca se sabe... Bem... Além disso acho que numa organização de gente com dom, possam usar um método mais eficiente...

Uma comunidade de gente como nós... Esse é.... O tipo de pessoa que perseguia o Thomas.

- Melhor eu não ir, Dean.... É muito suspeito....

- Suspeito!? São meus amigos!

- Não to falando disso....  É que.... Sei lá.... Nunca ouviu nada de ruim sobre esse grupo...?

- Cara, todo lugar tem boatos. Só te aviso que são super severos, mas nisso se da jeito, é só ficar de boas. - Dean suspirou. - Eles tem boa fama, e acho que eles podem ter algum método efetivo pra reverter aquilo....

-Qual....?

- Transfusão dos poderes....

- Parece arriscado. - respondo, desconfortável com o assunto, uma solução....

- É melhor arriscar do que permanecer como está, não? Mas bem.... Como o próprio nome diz... Você vai perder o dom... Muita gente recorre ao Instituto atrás da transfusão, mas depois de feito, tá feito... Não pode, sabe... Voltar atrás.

- Preciso.... Pensar mais....

- Cara, são nossos pais!

- QUE MERDA. EU SEI! - me exalto subindo um tom, sentindo meu sangue ferver sem nem saber o motivo para tal, talvez esteja em eu já saber da afirmação de Dean.

-Por que ta defendendo tanto isso? Cara você nunca usou pra algo útil!

- E-eu... - encaro o chão me sentindo ridiculamente cheio de auto piedade. - To com medo...

Dean soltou um som, por um segundo achei que era um riso, mas voltando a encara-lo pode notar que provavelmente era só suspiro.

-Não posso força-lo... Lhe darei um tempo pra pensar ok?

-Ok...

- Ah e mais uma coisinha.... - Dean disse subitamente. - Não comente com seu.... Ahn.... Amigo?

- Ah.... Certo.

Dean sorriu e bagunçou meu cabelo.
- Senti sua falta, moleque.
Ri de volta.
- Também senti a sua, "adulto".

A partir daqui os capítulos serão postados toda sexta. Não esqueçam de votar e comentar, hein? Façam uma menina metida a escritora sorrir.

As Folhas Que Só Nós Vimos (Romance Gay) Onde histórias criam vida. Descubra agora