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Entrei na biblioteca, como já era rotina, com uma pilha de livros pra devolver e peguei Thomas num cantinho lendo um livro, ou melhor tentando ler, ele hora ou outra voltava algumas páginas,ou para conferir alguma coisa que deixou passar despercebida ou para reler alguns trechos de novo, em um momento ele interrompeu a leitura e ficou um bom tempo encarando a capa do livro, como se estivesse a estudando, ele era um bobo, e eu mais ainda por ficar tanto tempo parado apenas constatando isso.

Dei a volta entre as estantes, aproveitando que ele estava distraído e me inclinei até ficar na altura de seu ouvido.

- Você lendo? - Disse, aparecendo de surpresa ao seu lado, tentando fazer como ele custumava fazer comigo, só que usando o dom.

-AAAAH. - antes que me desse conta ele já estava do outro lado da biblioteca, atrás de uma estante. - PORRA ERICK QUE SUSTO! - Disse vindo em minha direção, com uma expressão brava e o rosto vermelho, aparentemente pela irritação.

- Desculpe... - Pedi arrependido, ele sentou ao meu lado pondo as mãos sobre os ouvidos.

- Tudo bem... -disse pegando o livro de antes e fazendo uma expressão mais calma. - Eu estava lendo... Ah, aliás bom dia. - deu um leve aceno ansioso.

- Bom dia, Thomas, sim, eu vi. - respondi vendo ele pegando o dicionário de bolso que estava ao seu lado, próximo ao outro livro.

- Bom dia! - ele repetiu, enquanto folheava o dicionário, logo assumiu uma expressão forçadamente séria e responsável que não combinava em nada com ele. - "bom.

adjetivo

1.

que corresponde plenamente ao que é exigido, desejado ou esperado quanto à sua natureza, adequação, função, eficácia, funcionamento etc. (diz-se de ser ou coisa)." oooh. -ele disse com o indicador levantado, como um professor explicando a matéria.-

"dia

substantivo masculino

1.

tempo que transcorre, em determinada região da Terra, entre o instante do nascer do Sol e o do seu ocaso.

2.

claridade com que o Sol ilumina a Terra."

- Sinto-lhe informar, professor. Que você não é nada bom, Thomas.

- O QUE? - Ele disse fechando o dicionário e pondo ao meu lado rapidamente, como se o mesmo fosse tóxico.

- Calma, é só uma definição.

- Ah quer saber, então eu sou indefinível. - Cruzou os braços bufamos e rimos juntos.

- Pois então ser indefinido, conseguiu achar seu celular?

- Sim, sim, eu deixei na geladeira e esqueci lá, sabe.

- Geladeira?

- É cara, sabe quando você deixa ligado por muito tempo e fica superaquecido? Daí... Mas ele tá funcionando, então tudo bem. - Disse ele sacudindo o telefone pra me mostrar e voltando a guarda-lo.

As Folhas Que Só Nós Vimos (Romance Gay) Onde histórias criam vida. Descubra agora