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Já era a manhã seguinte, estava frio de doer, olhei pra Thomas e corei de leve, naquele dia ele estava particularmente gracioso, suas maçãs do rosto levemente avermelhadas, cabelo mais bagunçado que o normal, sua pele macia parecia quase reluzir, mas não tanto quanto seus olhos, grandes e curiosos que brilhavam com certa intensidade avassaladora, ele bebia um pouco do café e contraia os lábios parecendo arrependido de bebe-lo.
-Desculpe... Por te fazer perder a entrevista... - Disse sem graça.
- Você não me fez perder, Erick, eu meio que acabei esquecendo. - Ele pôs o copo na pia. - Além disso foi melhor assim... E eu sei que você a-do-rou me fazer perder aquela entrevista. - Ele passou o dedo sob o chantilly do café e lamber lentamente, aposto que seu plano era só se divertir me provocando. Senti meu rosto esquentar, ele foi bem sucedido.
- Ca-cala a boca! - Eu estava morrendo de vergonha, Thomas é tão indecente as vezes. Ele sentou ao meu lado e ficou me encarado, sorriu de canto e disse.
- Eu te amo sabia? - e então encostou meu rosto em seu ombro. Sorri sem graça, desgraçado, essa seria minha revanche, puxei sua gols pra um beijo lascivo, odeio admitir, mas nesse caso ele me vence nas palavras, logo eu, o leitor assíduo, então tenho que ir pra área dele, ação. O encostei no sofá, ele estava tão corado quando eu, sorri bobo e voltei a beija-lo, descendo suavemente, e no momento que meus lábios já haviam saido de seu pescoço, e ali haviam deixado sua marca, e já encostavam deliciosamente em seu ombro, levantei os olhos e notei Dean parado na porta, boquiaberto. Merda.

-A-Aih caralho. - exclamou surpreso, seus olhos arregalados e a clara tensão em sua face não combinava em nada com meu querido irmão Dean. - VOCÊS SÃO GAYS?

- A-ah... - me afastei sem graça de Thomas, que parecia tão envergonhado quanto eu. - É-é... Acho que sim... - respondi inseguro.

- Porra Erick. - Oh não... Me chamou pelo nome... Isso não acontece desde quando tirei as memórias dos meus pais. - Como você me faz uma merda dessas!? Que viadagem... Não podia arrumar uma guria? O nosso pai vai te matar! E isso não é aceito na organização! - ele andava de um lado pro outro nervosamente, enquanto aumentava o tom de voz, conforme proferia as palavras pesadas como chumbo e as atirava em mim como se fossem balas certeiras.

Meus olhos ardiam, Dean olhava pra qualquer direção que não fosse a que eu estava, mesmo assim eu sabia o que aqueles olhos provavelmente estavam transbordando decepção.

- isso é... Tão nojento, tão sujo... Como pode ser tão burro e irresponsável assim? - ele foi na direção de Thomas apontando-lhe o indicador na cara.- O que fez ao meu irmão, seu demônio!? Enfeitiçou ele pra deixar ele assim?

- E-e-eu não fiz nada - Thomas soluçou.- quem tá ma-machucando ele e agindo como demônio aqui é você!

- ORA SEU..! - Dean fechou o punho o direcionando para atingir Thomas, me apressei para segurar sua mão, e ele virou me encarando decepcionado, Thomas apenas se encolheu num canto qualquer da parede, me pergunto porque ele não usa aquele poder quando ele mais seria útil...

- Por que Erick...? Por que foi deixar algo assim acontecer.... - Dean fraquejou - Sabe o quanto vai sofrer por isso? Será que você nunca pode escolher o caminho mais fácil? - ele murmurou, inspirando fundo, ele foi cruel com Thomas, mas o que me dizia não era por mal, eu acho, e por assim ser se faz pior do que com a intenção de ferir, Dean realmente achava que eu estava fazendo algo muito errado. E isso doia, como doia, tapei os ouvidos meio tonto, minha visão estava embaçada pelas lágrimas que se acumulavam enquanto eu tentava evitar que se libertassem e mostrassem sem dó toda a minha fraqueza. Eu mal conseguia enxergar o que estava a minha frente,além da tonteira, me sentia perdido em meio a uma nevoeira densa, Dean ainda falava mais eu já não podia ouvi-lo mais. Thomas? Onde ele está? Ainda deve estar assustado, tenho que acha-lo, será que está com medo? Pisco deixando as lágrimas caírem pesadas e fugazes, e começo a olhar ao redor, até que noto que ele continuava encolhido contra a parede e vou em sua direção, ele estava... Chorando? De repente Dean me chama mais calmo.

- Errrh o que houve com ele? - Ele parece sem graça e desajeitado, até meio confuso.

- Dean...? - respondo fraco.

- Aconteceu alguma coisa? Você também está estranho... Querem... Sei lá, água com açúcar?

- Não..! - Falo quase no mesmo instante, mas não era para responder a pergunta que me foi feita. Não, de novo não...

As Folhas Que Só Nós Vimos (Romance Gay) Onde histórias criam vida. Descubra agora